terça-feira, 2 de outubro de 2007

Ordem dos Médicos alerta para «banalização» do aborto

"O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que realizar interrupções voluntárias da gravidez medicamentosas em centros de saúde "pode banalizar o que não se deve" e acarreta responsabilidades para os médicos de família para as quais não foram preparados.
Esta posição de Pedro Nunes é oposta à defendida pelo presidente do Colégio da Especialidade Ginecologia/Obstetrícia da Ordem, Luís Graça, que, em declarações à Lusa, considerou que cerca de 90% das IVG químicas (com medicamentos), "tirando os 10 ou 12% de casos eventualmente problemáticos", deveriam ser realizadas em centros de saúde porque é nesses locais que se encontram os "médicos que melhor conhecem a população" e por se tratar de um acto médico simples.
O presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco, confirmou hoje que o centro de saúde de Viana do Castelo e mais "três ou quatro" estabelecimentos do norte do país deverão começar a efectuar abortos a pedido da mulher em Setembro.
Em declarações à Agência Lusa, o bastonário Pedro Nunes, refere que a realização de abortos fora dos hospitais é má em vários aspectos: "estimula as pessoas a considerar banal o que não deve ser banal, impõe uma pressão sobre os médicos de família insustentável, obriga-os a assumir responsabilidade para as quais naturalmente não foram treinados e a proximidade ao doente dificulta-lhes a alegação de objecção de consciência, ao contrário de um médico hospitalar".
"Se algum destes médicos se sentir capacitado e o quiser fazer, ninguém o impede, mas sistematicamente não podem ser obrigados a fazer algo para o qual não tiveram treino específico", argumentou Pedro Nunes, considerando que todos estes "mecanismos convergem para uma eventual facilitação da IVG".
O responsável sublinhou ainda que o sistema público não pode dar uma "falsa segurança em algo que pode não ter os níveis de segurança que seriam desejáveis", reportando-se ao facto dos centros de saúde não disporem de equipamentos que resolvam eventuais complicações nas IVG."A Ordem dos Médicos vê com preocupação que possa haver um aumento de riscos e lembra que tem de haver uma articulação perfeita entre os serviços de medicina geral e familiar e os serviços hospitalares", sublinhou."

Redacção/Lusa
In Notícias da Agência Ecclesia - 29.08.2007

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