sábado, 25 de dezembro de 2010

As surpresas da semana

1 - Como um Vento na Floresta...

2 - Vultures in one of Africa’s most significant wildlife reserves are declining at an alarming rate according to a new study in Biological Conservation.

3 - País solidário. Portugueses ajudam mais, mas dão menos dinheiro.

4 - Passatempo Clinique Happy: no final, quem tiver enviado mais sorrisos recebe um perfume Clinique Happy. São 20 perfumes para oferecer (participa até 31 Dezembro 2010).

5 - Cachecol Kosmos: Deixe-se seduzir por Schachenmayr Kosmos, um fio de fantasia que lhe permitirá criar peças modernas de forma fácil e rápida. Se não é experiente na arte de tricotar este é o fio indicado para si pois facilmente criará um cachecol fantástico usando o ponto mais básico do tricot.

6 - Um cabide original!

7 - E que tal oferecer saquinhos de capuccino caseiro? Muito simples!

8 - Passatempo "A Loja Thalgo e o meu Natal": Temos um conjunto PRECIEUX - Olhos e Lábios para oferecer (participa até 31 Dezembro 2010).

9 - O enforcamento é o método de suicídio mais utilizado em 16 países europeus, incluindo Portugal, representando quase metade do total de casos, revela o estudo “Métodos de suicídio na Europa”, em que participou o psiquiatra português Ricardo Gusmão, da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. Embora comum entre ambos os sexos, a prevalência é mais acentuada nos homens.

10 - Gourmet para gatos: peça a sua amostra grátis.

11 - SOS Cabelos Frágeis.

12 - O nosso prato está cheio de resíduos químicos.

13 - Passatempo: a Worten oferece um iPad, a quem gravar os melhores vídeos sobre as suas boas acções do ano (participa até 31 Dezembro 2010).

14 - As letras vão pintando a folha branca e dão origem a palavras que encaixam umas nas outras criando contos e poemas. Tudo parece fácil nas mãos de Mafalda que, aos 10 anos, lança em Dezembro o seu segundo livro.

15 - Como sou vegetariana, esta é uma realidade: A cada ano que passa, sempre que a época natalícia se aproxima grande parte dos vegetarianos e veganos começa a entrar em pânico. Só quando nos tornamos veganos ou vegetarianos nos apercebemos que quase todos os alimentos presentes na ceia de Natal são derivados de animais.

16 - Parece uma delícia: Bolo de Azeite e Mel.

17 - Presépios Tradicionais da Nazaré (em exibição até 16 Janeiro 2011).

18 - Novas regras entram hoje em vigor na União Europeia para evitar o comércio de madeira extraída ilegalmente. No pacote de medidas estão sanções para os incumpridores.

19 - Passatempo: o VouSair oferece passagem aérea a Londres em classe turística, alojamento de 2 Noites para 3 pessoas em Hotel de 4 estrelas, em regime de pequeno-almoço e Seguro Multiviagens (participa até 5 Janeiro 2011).

20 - A caça furtiva aos rinocerontes deixou de lado as lanças e as espingardas e subiu de nível. Helicópteros, armas silenciosas, binóculos com infravermelhos e tranquilizantes são ameaças que tornaram 2010 um “ano desastroso” para aqueles animais ameaçados de extinção, alerta a WWF.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O homem

"Era uma tarde do fim de novembro, já sem nenhum outono.
A cidade erguia as suas paredes de pedras escuras. O céu estava alto, desolado, cor de frio. Os homens caminhavam empurrando-se uns aos outros nos passeios. Os carros passavam depressa. Deviam ser quatro horas da tarde de um dia sem sol nem chuva.
Havia muita gente na rua naquele dia. Eu caminhava no passeio, depressa. A certa altura encontrei-me atrás de um homem muito pobremente vestido que levava ao colo uma criança loira, uma daquelas crianças cuja beleza quase não se pode descrever. É a beleza de uma madrugada de verão, a beleza de uma rosa, a beleza do orvalho, unidas à incrível beleza de uma inocência humana. Instintivamente o meu olhar ficou um momento preso na cara da criança. Mas o homem caminhava muito devagar e eu, levada pelo movimento da cidade, passei à sua frente. Mas ao passar voltei a cabeça para trás para ver mais uma vez a criança.
Foi então que vi o homem. Imediatamente parei. Era um homem extraordinariamente belo, que devia ter trinta anos e em cujo rosto estavam inscritos a miséria, o abandono, a solidão. O seu fato, que tendo perdido a cor tinha ficado verde, deixava adivinhar um corpo comido pela fome. O cabelo era castanho-claro, apartado ao meio, ligeiramente comprido. A barba por cortar há muitos dias crescia em ponta. Estreitamente esculpida pela pobreza, a cara mostrava o belo desenho dos ossos. Mas mais belos do que tudo eram os olhos, os olhos claros, luminosos de solidão e de doçura. No próprio instante em que eu o vi, o homem levantou a cabeça para o céu.
Como contar o seu gesto?
Era um céu alto, sem resposta, cor de frio. O homem levantou a cabeça no gesto de alguém que, tendo ultrapassado um limite, já nada tem para dar e se volta para fora procurando uma resposta: A sua cara escorria sofrimento. A sua expressão era simultaneamente resignação, espanto e pergunta. Caminhava lentamente, muito lentamente, do lado de dentro do passeio, rente ao muro. Caminhava muito direito, como se todo o corpo estivesse erguido na pergunta. Com a cabeça levantada, olhava o céu. Mas o céu eram planícies e planícies de silêncio.
Tudo isto se passou num momento e, por isso, eu, que me lembro nitidamente do fato do homem, da sua cara, do seu olhar e dos seus gestos, não consigo rever com clareza o que se passou dentro de mim. Foi como se tivesse ficado vazia olhando o homem.
A multidão não parava de passar. Era o centro do centro da cidade. O homem estava sozinho, sozinho. Rios de gente passavam sem o ver.
Só eu tinha parado, mas inutilmente. O homem não me olhava. Quis fazer alguma coisa, mas não sabia o quê. Era como se a sua solidão estivesse para além de todos os meus gestos, como se ela o envolvesse e o separasse de mim e fosse tarde de mais para qualquer palavra e já nada tivesse remédio. Era como se eu tivesse as mãos atadas. Assim às vezes nos sonhos queremos agir e não podemos.
O homem caminhava muito devagar. Eu estava parada no meio do passeio, contra o sentido da multidão.
Sentia a cidade empurrar-me e separar-me do homem. Ninguém o via caminhando lentamente, tão lentamente, com a cabeça erguida e com uma criança nos braços rente ao muro de pedra fria. Agora eu penso no que podia ter feito. Era preciso ter decidido depressa. Mas eu tinha a alma e as mãos pesadas de indecisão. Não via bem. Só sabia hesitar e duvidar. Por isso estava ali parada, impotente, no meio do passeio. A cidade empurrava-me e um relógio bateu horas.
Lembrei-me de que tinha alguém à minha espera e que estava atrasada. As pessoas que não viam o homem começavam a ver-me a mim. Era impossível continuar parada.
Então, como o nadador que é apanhado numa cor­rente desiste de lutar e se deixa ir com a água, assim eu deixei de me opor ao movimento da cidade e me deixei levar pela onda de gente para longe do homem.
Mas enquanto seguia no passeio rodeada de ombros e cabeças, a imagem do homem continuava suspensa nos meus olhos. E nasceu em mim a sensação confusa de que nele havia alguma coisa ou alguém que eu reconhecia.
Rapidamente evoquei todos os lugares onde eu tinha vivido. Desenrolei para trás o filme do tempo. As imagens passaram oscilantes, um pouco trémulas e rápidas. Mas não encontrei nada. E tentei reunir e rever todas as memórias de quadros, de livros, de fotografias. Mas a imagem do homem continuava sozinha: a cabeça levantada que olhava o céu com uma expressão de infinita solidão, de abandono e de pergunta.
E do fundo da memória, trazidas pela imagem, mui­to devagar, uma por uma, inconfundíveis, apareceram as palavras:
- Pai, Pai, por que me abandonaste?
Então compreendi por que é que o homem que eu deixara para trás não era um estranho. A sua imagem era exatamente igual à outra imagem que se formara no meu espírito quando eu li:
- Pai, Pai, por que me abandonaste?
Era aquela a posição da cabeça, era aquele o olhar, era aquele o sofrimento, era aquele o abandono, aquela a solidão.
Para além da dureza e das traições dos homens, para além da agonia da carne, começa a prova do último suplício: o silêncio de Deus.
E os céus parecem desertos e vazios sobre as cidades escuras.

Voltei para trás. Subi contra a corrente o rio da multidão. Temi tê-lo perdido. Havia gente, gente, ombros, cabeças, ombros. Mas de repente vi-o.
Tinha parado, mas continuava a segurar a criança e a olhar o céu.
Corri, empurrando quase as pessoas. Estava já a dois passos dele. Mas nesse momento, exatamente, o homem caiu no chão. Da sua boca corria um rio de sangue e nos seus olhos havia ainda a mesma expressão de infinita paciência.
A criança caíra com ele e chorava no meio do passeio, escondendo a cara na saia do seu vestido manchado de sangue.
Então a multidão parou e formou um círculo à volta do homem. Ombros mais fortes do que os meus empurram­me para trás. Eu estava do lado de fora do círculo. Tentei atravessá-lo, mas não consegui. As pessoas apertadas umas contra as outras eram como um único corpo fechado. À minha frente estavam homens mais altos do que eu que me impediam de ver. Quis espreitar, pedi licença, tentei empurrar, mas ninguém me deixou passar. Ouvi lamentações, ordens, apitos. Depois veio uma ambulância. Quando o círculo se abriu, o homem e a criança tinham desaparecido.
Então a multidão dispersou-se e eu fiquei no meio do passeio, caminhando para a frente, levada pelo movimento da cidade.

Muitos anos passaram. O homem certamente morreu. Mas continua ao nosso lado. Pelas ruas."

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sons

U2 - With Or Without You

Os maiores!
Nações Unidas salientam papel da mulher na recuperação de conflitos e catástrofes

As mulheres adquirem mais capacidade para recuperar de um conflito ou de uma catástrofe e podem dirigir os esforços de reconstrução quando têm acesso aos mesmos direitos e oportunidades que os homens.
Esta é uma das conclusões do mais recente relatório do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), de acordo com uma nota de imprensa divulgada pelo Gabinete do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação.
O documento defende que, após as guerras ou calamidades, os governos devem dar às mulheres e homens a oportunidade de viverem em condições de igualdade.
O texto é lançado 10 anos após a adopção de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que visava combater a violência contra as mulheres em conflitos armados, reafirmando o seu papel na prevenção e resolução das hostilidades.
O relatório, intitulado “Do conflito e da crise à renovação: as gerações da mudança” foi apresentado esta manhã em Lisboa, no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na sessão intervieram o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, e Tiago Soares, em representação da Secretária de Estado da Igualdade, além de outras personalidades, como Catarina Furtado, Embaixadora de Boa Vontade da UNFPA.

In Agência Ecclesia

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Presépio somos nós

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro destes gestos que em igual medida
a esperança e a sombra revestem
Dentro das nossas palavras e do seu tráfego sonâmbulo
Dentro do riso e da hesitação
Dentro do dom e da demora
Dentro do redemoinho e da prece
Dentro daquilo que não soubemos ou ainda não tentamos

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro de cada idade e estação
Dentro de cada encontro e de cada perda
Dentro do que cresce e do que se derruba
Dentro da pedra e do voo
Dentro do que em nós atravessa a água ou atravessa o fogo
Dentro da viagem e do caminho que sem saída parece

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro da alegria e da nudez do tempo
Dentro do calor da casa e do relento imprevisto
Dentro do declive e da planura
Dentro da lâmpada e do grito
Dentro da sede e da fonte
Dentro do agora e dentro do eterno

José Tolentino Mendonça
In Agência Ecclesia
Cinema
O Mágico
Título original: L'illusionniste
De: Sylvain Chomet
Argumento: Sylvain Chomet, Jacques Tati
Com: Jean-Claude Donda (voz), Eilidh Rankin (voz)
Género: Animação, Comédia, Drama
Estúdios: Pathé / FRA/GB, 2010, Cores, 79 min
.
Site oficial: www.castellolopesmultimedia.com/omagico


Se até aos anos 50 o "music hall" tinha um enorme peso no mundo do espectáculo, a partir dos finais dessa década, especialmente com a aparição do rock e das super estrelas da música, o interesse do público começa a mudar de direcção. E é assim que o nosso mágico percebe que a sua actividade como ilusionista está em perigo e que, se nada fizer contra isso, cairá na miséria como tantos outros artistas de renome. Por esse motivo abandona os grandes salões de Paris e segue o seu rumo em direcção à Escócia onde encontra Alice, uma rapariga muito especial que mudará toda a sua forma de viver.
Um filme de animação realizado por Sylvain Chomet ("Belleville Rendez-Vous" nomeado para Óscar em 2004) a partir de um argumento original de Jacques Tati, escrito em 1956 em forma de uma carta a Helga Marie-Jeanne Schiel, sua filha bastarda. Nomeado para melhor filme de animação para os Globos de Ouro na edição de 2011 (cuja cerimónia decorrerá a 16 de Janeiro).

In Cinecartaz Público

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Be nice to yu turkeys dis christmas

Be nice to yu turkeys dis christmas
Cos' turkeys just wanna hav fun
Turkeys are cool, turkeys are wicked
An every turkey has a Mum.
Be nice to yu turkeys dis christmas,
Don't eat it, keep it alive,
It could be yu mate, an not on your plate
Say, Yo! Turkey I'm on your side.

I got lots of friends who are turkeys
An all of dem fear christmas time,
Dey wanna enjoy it, dey say humans destroyed it
An humans are out of dere mind,
Yeah, I got lots of friends who are turkeys
Dey all hav a right to a life,
Not to be caged up an genetically made up
By any farmer an his wife.

Turkeys just wanna play reggae
Turkeys just wanna hip-hop
Can yu imagine a nice young turkey saying,
'I cannot wait for de chop',
Turkeys like getting presents, dey wanna watch christmas TV,
Turkeys hav brains an turkeys feel pain
In many ways like yu an me.

I once knew a turkey called........ Turkey
He said "Benji explain to me please,
Who put de turkey in christmas
An what happens to christmas trees?",
I said "I am not too sure turkey
But it's nothing to do wid Christ Mass
Humans get greedy an waste more dan need be
An business men mek loadsa cash'.

Be nice to yu turkey dis christmas
Invite dem indoors fe sum greens
Let dem eat cake an let dem partake
In a plate of organic grown beans,
Be nice to yu turkey dis christmas
An spare dem de cut of de knife,
Join Turkeys United an dey'll be delighted
An yu will mek new friends 'FOR LIFE'.

Benjamin Zephaniah
500 planetas em 15 anos. Já não estamos sozinhos no universo
A Terra será única? Há mais vida? Será essa vida inteligente? 2010 bate recorde na descoberta de planetas extra-solares. Astrónomo do Vaticano diz que só procurar já vale a pena

A coincidência devia ser investigada pela física, não fossem talvez os quatro meses de atraso. Em Julho celebraram-se os 15 anos da descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar - o 51 Pegasi b, a 50 anos-luz da Terra. Esta semana, o catálogo de exoplanetas ultrapassou a barreira psicológica das cinco centenas (a última actualização em exoplanet.eu, ontem, contava já 504). Para os próximos meses, e sobretudo quando chegarem os resultados completos da sonda Kepler, que desde o ano passado está a investigar 126 mil potenciais "sóis" na Via Láctea, os astrónomos prevêem um aumento exponencial dos mundos conhecidos. Com eles, aumenta também a probabilidade de encontrar vida.
Antes da descoberta do 51 Pegasi b a existência de planetas fora do sistema solar era mais verdade na ficção científica do que na própria teoria de formação planetária. Michel Mayor, o astrónomo sedeado em Genebra, que publicou as primeiras medições na "Science", lembra que os resultados vieram contradizer o conhecimento da altura. "A teoria previa que estes gigantes gasosos teriam órbitas de dez anos. O 51 Pegasi b e outros que vieram depois levaram a uma enorme revisão na física dos sistemas planetários." No final de 2004 tiveram as primeiras pistas do planeta no observatório de Haute-Provence, mas decidiram esperar mais um ano para confirmar a descoberta, em Julho de 1995.
Nuno Santos, do centro de astrofísica da Universidade do Porto, começou a trabalhar nesta área na recta final dos anos 90. Em conjunto com o especialista do Observatório de Genebra, e ainda durante o doutoramento, o primeiro planeta que ajudou a detectar foi baptizado de HD 192263 b, com o tamanho de Júpiter. "Na altura seriam conhecidos uns 20. Achávamos que iam aumentar mas era uma fase muito inicial, só conseguíamos observar gigantes gasosos quando sabíamos que este tipo de planetas são uma minoria no sistema solar", diz. Apesar da teoria da formação apontar para uma imensidão de planetas, reinava algum cepticismo. "Havia poucas observações, tínhamos de ver para crer."
Com um catálogo razoável de planetas extra-solares, começam a sair os primeiros trabalhos sobre a demografia dos sistemas. B. Scott Gaudi, professor de astronomia da Universidade de Ohio, revelou no início do ano que apenas 10% dos sistemas planetários no universo serão como o solar. "É impressionante a rapidez com que este campo se desenvolveu", comenta. "Lembro-me de quando só sabíamos de um método capaz de detectar planetas, o método Doppler, e cada planeta era precioso." No início, sabia os nomes de muitos planetas de cor, conseguia dizer as propriedades de cada um. "Agora há até planetas pouco interessantes e a velocidade a que são anunciados é cada vez maior."
Ano recorde A um mês do final, 2010 já tem o recorde de novas descobertas. "Os planetas têm uma variedade impressionante de tipos, tamanhos, massas, órbitas e propriedades. A natureza é definitivamente muito mais inventiva do que nós", resume B. Scott Gaudi.
Johny Setiawan, do Instituto Max.Planck para a Astronomia - que este mês anunciou a descoberta do primeiro exoplaneta com origem noutra galáxia, engolida pela Via Láctea - vai mais longe: "A grande lição é que não estamos sozinhos no universo. Há muitos sistemas planetários, muitos parecidos com a Terra. Na tecnologia houve grandes melhorias mas no futuro teremos de melhorar as comunicações, se quisermos enviar sinais para os planetas parecidos com a Terra."
Está aí alguém? Todos acreditam que haverá vida, falta encontrá-la. "É um objectivo a longo prazo e muito difícil. Para já, iria precisar de uma nova geração de instrumentos, que só estarão disponíveis dentro de 15 a 20 anos", diz Christophe Lovis, que em conjunto com Michel Mayor e os portugueses Nuno Santos, Pedro Figueira e Alexandre Correia já terá contribuído para a história com 200 planetas (contas do chefe Michel Mayor).
Dos 504 catalogados, que incluem alguns ainda duvidosos como uma descoberta em 1989, nenhum parece poder albergar os primeiros vizinhos do homem, explica Nuno Santos. Além de terem de estar na chamada zona habitável, ou seja, à distância certa da sua estrela-mãe para poderem ter água no estado líquido - os únicos candidatos a preencher os requisitos são o Gliese 581c e outro anunciado em Agosto, no sistema planetário da estrela HD 10180, a 127 anos-luz da Terra - a superfície deve ser sólida e a atmosfera tem de ter a composição certa.
Se neste momento fosse descoberto um com as condições ideais, a tecnologia ainda não estaria à altura. "Nunca ficaríamos de braços atados. Acho que haverá uma grande mobilização, mas hoje não temos equipamentos que nos permitam dizer que numa atmosfera tão distante existe carbono e oxigénio", afirma Nuno Santos. Nas gavetas das missões espaciais há projectos para se partir à descoberta logo que haja um catálogo de planetas presumivelmente habitáveis, até ao momento em branco.
Seth Shostak, astrónomo do Instituto para a Procura de Vida Extraterrestre SETI, em São Francisco, está confiante. "Há muitos projectos à procura de vida no espaço. Acho que pelo menos uma dessas experiências trará algum resultado nos próximos 15 a 20 anos e sabermos então que aquilo que aconteceu na terra não é um milagre, mas um lugar-comum no cosmos." Jose Funes, o padre jesuíta e astrónomo do Vaticano que há dois anos aceitou a existência de vida fora da Terra, vê as oportunidades de reflexão para a humanidade. "Ainda há muitas questões em aberto: Será que a terra é única? Há vida lá fora? Será vida inteligente? Talvez nunca tenhamos resposta para todas estas perguntas, mas só o facto de a procurar permite conhecermo-nos melhor a nós próprios."

In Jornal I

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sons

3 Doors Down - Landing In London (All I Think About Is You)

Gosto!
História do Bolo-Rei, brindes e favas - post repetido
do livro Cozinha Tradicional Portuguesa
da Editoral Verbo

"De onde vem este bolo que tem nome de rei e é hoje conhecido em todo o país, tendo-se tornado (quase) obrigatório em todas as mesas, entre o Natal e o dia de Reis?
Diga-se desde já que, apesar da popularidade de que goza entre nós, o bolo-rei tem origem francesa e para explicar tanto a fava como o brinde, teremos de recuar bastante no tempo, mas já lá vamos à história, que até tem pormenores bem interessantes.
Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu em Lisboa o bolo-rei foi a Confeitaria Nacional, certamente depois de 1869, como a seguir se verá.
A confeitaria foi fundada em 1829 por Baltasar Rodrigues Castanheiro e, quando abriu, tinha apenas duas portas para a rua da Betesga, que liga o Rossio à Praça da Figueira.
Alguns anos depois, foram feitas obras de ampliação e a casa ficou com quatro portas para a referida Rua da Betesga e outras quatro para a rua dos Correeiros.
Baltasar Rodrigues Castanheiro esteve à testa da casa durante quarenta anos. Quando morreu, em 1869, sucedeu-lhe seu filho, Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior, que logo nesse ano fez importantes melhoramentos, designadamente um elegante salão de chá no primeiro andar.
Deve-se-lhe também a introdução do bolo-rei, feito segundo uma receita que trouxe de paris.
Em Lisboa de Lés a Lés (vol. II, pág.140), Luís Pastor de Macedo recorda que no Dia de Reis, a Nacional fazia um "negócio de mão-cheia", o que se explica em poucas palavras: «É que ela fora a primeira onde o afamado bolo-rei se vendeu em Lisboa, bolo sempre ali feito por uma receita que Baltasar Castanheiro Júnior trouxera de Paris.»
O bolo era feito por um mestre confeiteiro, o Gregório, que também veio de Paris.
Por essa altura, durante a quadra natalícia, a Confeitaria Nacional oferecia aos Lisboetas «uma exposição de doces, de grandes construções de açúcar e amêndoa, de bolos de ovos de entre os quais se destacava uma afinidade de estonteantes e bojudas lampreias, de prodigiosas fantasias enconfeitadas e de tudo quanto de mais delicado e original a arte dos doces podia então produzir».
a pouco e pouco, a receita do bolo-rei generalizou-se.
Outras confeitarias de Lisboa passaram a fabricá-lo, o que deu origem a versões diversas, que de comum tinham apenas a fava.
No Porto, foi posto à venda pela primeira vez em 1890, por iniciativa da Confeitaria de Cascais, na Rua de Santo António/Rua 31 de Janeiro. Diz-se que este bolo-rei foi feito segundo receita que o proprietário daquela confeitaria, Francisco Júlio Cascais, trouxera de Paris.
Inicialmente, só era fabricado na véspera do Dia de Reis, mas a partir de 1920, a Confeitaria de cascais passou a ter bolo-rei quase todos os dias.
Na altura, já muitas confeitarias de Lisboa o vendiam.
A propósito, José Leite de Vasconcelos recorda este anúncio publicado no Diário de Notícias, em 10 de Janeiro de 1910: «Bolo-Rei- Vem de longa data a justa fama do delicioso Bolo-Rei da Confeitaria Primorosa, da R. de S.Paulo, 130 e 132, na verdade é um dos melhores que se fabricam em Lisboa.
Por isso têm sido numerosas as formadas, que se prolongam ainda por toda esta semana, visto ter uma extracção rápida essa tão fina especialidade.»

De bolo-rei a bolo Arriaga
Temos assim que o bolo-rei atravessou com êxito os reinados da Rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D.Luís, D.Carlos e D. Manuel II.
Com a República, houve alguns problemas que depressa foram ultrapassados.
Vieram depois sem novidade o Estado Novo de Salazar e Marcelo Caetano e a Revolução de 25 de Abril de 1974.
Em boa verdade, os piores tempos para o bolo-rei foram os que se seguiram à proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910.
Meses depois, em 7 de Janeiro de 1911, o Diário de Notícias não fazia as coisas por menos: «O bolo-rei tende a decair ou desaparecer-Terá de ser substituído?»
Poderá parecer estranho, mas a proclamação da República pôs em risco e existência do bolo-rei, na altura já considerado tradicional.
Tudo por causa da palavra rei, «símbolo do poder supremo», dizia o Diário de Notícias, que numa lógica que hoje nos faz sorrir, acrescentava na sua notícia-comentário: «Ora, morto este símbolo, o bolo tinha de desaparecer ou tomar o expediente de se mascarar para evitar a guerra que lhe podia ser feita.»
Em face disto, que fizeram os industriais de confeitaria? Partindo do princípio de que o negócio é negócio e política é política, seguiram naturalmente a segunda via, ou seja, continuaram a fabricar o bolo-rei, mas sob outra designação.
Os menos imaginativos passaram a anunciar um bolo que dava pelo nome de ex-bolo-rei, mas a maioria preferiu chamar-lhe bolo de Natal e bolo de Ano Novo.
A designação de bolo nacional era talvez a melhor, uma vez que remetia para a confeitaria que introduziu o bolo-rei em Portugal e também para uma certa ideia relacionada com Portugal, o que fica sempre bem em períodos revolucionários.
Não contentes com nenhuma destas soluções os republicanos mais radicais chamaram-lhe bolo Presidente e até houve quem anunciasse...
bolo Arriaga! Não se sabe como reagiu o primeiro presidente da República, Manuel de Arriaga, mas convenhamos que a homenagem dos confeiteiros não foi a melhor.

O brinde e a fava
Já se disse que a receita do bolo-rei veio de Paris.
Isto parece hoje fora de dúvida, apesar das reticências de José Leite de Vasconcelos: O bolo-rei ou bolo das favas é de provável origem francesa.»
Acrescenta-se agora que o bolo-rei popularizado em Portugal no século passado não tem nada a ver com a «galette de rois» que era o bolo simbólico da Festa dos Reis na maior parte das províncias francesas a norte do rio Loire, nomeadamente na região de Paris, onde o bolo é uma rodela de massa folhada, recheada ou não de creme.
O «nosso» bolo-rei segue a receita utilizada a sul do Loire, um bolo em forma de coroa, feito de massa levedada (massa de pão).
Acrescenta-se, de qualquer modo, que ambos os bolos continham uma fava simbólica, que nem sempre era uma verdadeira fava, podendo ser um pequeno objecto de porcelana.
Referindo-se ao bolo-rei, leite de Vasconcelos acrescenta que ele tinha dentro uma moeda ou uma fava.
a moeda relacionava-se com o culto dos mortos.
Quanto à fava, já no século XVI, na Alsácia, se punha a hipótese de ela aludir ao banquete dos mortos, do mesmo modo que a moeda «dava» ao morto a possibilidade de comprar o direito de regressar.
Que se saiba nunca nenhum fez uso dessa possibilidade...
Feitas as contas e dando um salto no tempo, temos hoje que o bolo-rei inclui um brinde e uma fava.
O brinde é um pequeno objecto metálico sem outro valor que não seja o de símbolo, e mesmo assim pouco evidente para a maioria das pessoas.
A fava representa uma espécie de azar: quem ficar com ela tem que comprar outro bolo-rei.

Gâteau des Rois
Os romanos costumavam votar com favas, prática introduzida nos banquetes das Saturnais, durante as quais se procedia à eleição do Rei da Festa, também chamado Rei da fava.
Diz-se que este costume teve origem num inocente jogo de crianças, muito frequente durante aquelas festas e que consistia em escolher o rei, tirando-o à sorte com favas.
O jogo acabou por ser adaptado pelos adultos, que passaram a utilizar as favas para votar nas assembleias.
Como aquele jogo infantil era característico do mês de Dezembro, a Igreja Católica passou a relacioná-lo com a Natividade e ,depois, com a Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro.
A influência da Igreja na Idade Média determinou a criação do Dia de Reis, simbolizado por uma fava introduzida num bolo, cuja receita se desconhece.
De qualquer modo, a festa de Reis começou muito cedo a ser celebrada na corte dos reis de França.
O bolo-rei teria surgido no tempo de Luís XIV para as festas do Ano Novo e do dia de Reis.
Referem-se-lhe vários escritores, e Greuze celebrou-o num quadro, exactamente com o nome de Gâteau des Rois.
Com a Revolução Francesa (1789), este bolo foi proibido.
Só que os confeiteiros tinham ali um bom negócio, e em vez de o eliminarem, passaram a chamar-lhe Gâteau des sans-cullottes.
Em Portugal, depois da proclamação da República, não chegou a ser proibido, mas andou lá perto.
Com excepção desse mau período, a história do bolo-rei é uma história de sucesso, e hoje como ontem as confeitarias e pastelarias não se poupam a esforços na sua promoção."

In Gastronomias

domingo, 19 de dezembro de 2010

As imagens da semana


Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

Florbela Espanca