As surpresas da semana
1 - Uma viagem ao Mosteiro de Tibães.
2 - Banca sobreviveu graças ao tráfico de droga, acusa ONU.
3 - Se fosses o Sherlock Holmes, que mistério gostarias de ver resolvido? Participa no passatempo e habilita-te a ganhar uma viagem à Grã-Bretanha de Sherlock Holmes (até 17 Janeiro 2010).
4 - Mensagem de Ano Novo do Presidente da República. Palácio de Belém, 1 de Janeiro de 2010.
5 - Índie Júnior - Festival de Cinema Independente: Centro Cultural de Cascais, de 7 a 9 de Janeiro 2010.
6 - A TAP Portugal e a ANA desejaram Bom Ano de 2010 aos passageiros no Aeroporto de Lisboa de uma forma original (vídeo oficial).
7 - Campanha de solidariedade CGD Natal 2009.
8 - Se estiver disposto a gastar uns minutos extra e a seguir um bom plano de manutenção, reduzirá o número e o impacte dos problemas na sua máquina.
9 - Turismo de Portugal lança passatempo Mostre-nos Um Portugal Melhor: todos os residentes no país com mais de 18 anos podem começar já a submeter fotografias de sua autoria no Flickr das mais belas paisagens nacionais — atenção: todas as imagens deverão ser referenciadas como “btl_portugal2010”. A entrega tem de ser feita até ao dia 8 de Janeiro 2010.
10 - Patchwork de crochet: crie acessórios suaves e confortáveis para combater o frio do Inverno. As mantas de lã são peças cómodas e que ficam especialmente bem numa cama e sofá. Escolha cores que combinem com o seu esquema de decoração, seleccione alguns pontos de crochet e mãos à obra!
11 - Natal no mundo.
12 - Uma simples receita de Guacamole.
13 - Para encantar I: Apolline à Paris.
14 - Para encantar II: Les Déglingos.
15 - Para encantar III: Les Gourmandises de Lolita Lempicka.
16 - Pequenos segredos, recantos mágicos e surpresas, para quem for visitar Paris: My Little Paris.
"Estou aqui construindo o novo dia com uma expressão tão branda e descuidada que dir-se-ia não estar fazendo nada. E, contudo, estou aqui construindo o novo dia!" António Gedeão
sábado, 2 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Feliz Ano Novo!
Virás de manto realmente novo
Entre searas ardentes e mãos puras?
Poderemos enfim chamar-te novo,
Ano novo entre as tuas criaturas?
Deceparás enfim as mãos tiranas?
Será feita, enfim, nossa vontade?
Eu queria acreditar, vozes humanas,
Acreditar em ti, deus da verdade!
Como eu queria trazer-te a este mundo
(Mas onde te escondeste? Desde quando?)
Ó deus livre, sem espinhos, ó fecundo
Senhor do fogo alegre e não do pranto!
Ó ano novo, a minha esperança é cega.
Transforma em luz a nossa própria treva.
Alberto de Lacerda (1928-2007)
Virás de manto realmente novo
Entre searas ardentes e mãos puras?
Poderemos enfim chamar-te novo,
Ano novo entre as tuas criaturas?
Deceparás enfim as mãos tiranas?
Será feita, enfim, nossa vontade?
Eu queria acreditar, vozes humanas,
Acreditar em ti, deus da verdade!
Como eu queria trazer-te a este mundo
(Mas onde te escondeste? Desde quando?)
Ó deus livre, sem espinhos, ó fecundo
Senhor do fogo alegre e não do pranto!
Ó ano novo, a minha esperança é cega.
Transforma em luz a nossa própria treva.
Alberto de Lacerda (1928-2007)
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Metro abriu ao público há 50 anos
www.metrolisboa.pt
"O Metropolitano de Lisboa (ML) celebra 50 anos de início da sua exploração, comemorando a efeméride com os seus clientes e colaboradores através de acções culturais, animação nas estações e iniciativas dirigidas às crianças, entre outros espectáculos.
Assim, o ML vai desenvolver uma série de iniciativas alusivas à sua história, integradas na acção “O metro de Lisboa tem história”. Neste âmbito, e com o objectivo de envolver a população nestas comemorações, as estações e as carruagens de metro serão decoradas com motivos referentes aos 50 anos. Será também lançado, em Novembro, o cartão de Coleccionador “Viva Viagem 50 anos”, no âmbito do projecto já amplamente divulgado “Próxima Paragem Cultura” que visa a promoção de jovens artistas portugueses nos títulos de transporte. Este projecto arranca com a intervenção de cinco artistas, num total de 25 até final de 2010. Será também promovida, em cinco estações, uma exposição de fotografia, textos e filmes sobre a história da Empresa. Na estação Alvalade, o público poderá também visitar as primeiras carruagens que circularam no ML que constituirão, também um pólo museológico com breves alusões à história da Empresa.
Na acção “Gostamos de andar de Metro”, os jovens vão poder participar em várias iniciativas preparadas especialmente para eles, das quais se destacam a Maratona Fotográfica e o Concurso de Bandas Musicais nas estações, que pretende apoiar e promover grupos e jovens artistas portugueses. Para além disso, o ML vai também desenvolver um programa de incentivo dirigido aos estudantes com melhor aproveitamento escolar e maior utilização do metro, permitindo aos vencedores a utilização gratuita deste meio de transporte durante um ano. A este programa desenvolver-se-ão, ainda, acções de animação na rede do metro.
Destinado ao público infantil, futuros clientes deste meio de transporte, iremos desenvolver a actividade “Quando for grande vou andar de Metro”. Esta acção, a lançar em meados de Novembro em estações do Metro, contará com o lançamento oficial do “Metrox” e o seu clube “Clube Metrox”, mascote que terá como objectivo desenvolver uma relação de empatia entre a marca Metro e as crianças, procurando transmitir valores como a importância da utilização dos transportes públicos, suas regras de utilização e parcerias/vantagens proporcionadas pelo Clube. Trata-se de uma iniciativa inédita, destinada às crianças das Escolas do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que serão convidadas a participar na festa que contará com actividades lúdico-pedagógicas, bem como a integrar o Clube.
Ainda para o público mais jovem iremos desenvolver, à semelhança do ano transacto, durante a primeira quinzena de Dezembro, o “Comboio” de Natal” e “Vem guiar os comboios”.
Recorde-se que em 29 de Dezembro de 1959 assistiu-se à inauguração oficial do Metropolitano de Lisboa e, no dia seguinte, à abertura ao público do 1º escalão da rede. A rede do Metro tinha, então, somente 6,5 Km de extensão e 11 estações, com términos em Sete Rios (hoje Jardim Zoológico), Entre Campos e Restauradores. Hoje, conta com 39,6 km de extensão e 52 estações, ultrapassou os limites da cidade de Lisboa e assegura uma acessibilidade integral (de modo directo ou com o recurso a um único transbordo), não só no centro da Cidade, como em toda a área de influência da sua rede e dos interfaces que permitem a conexão com a AML, a rede nacional e internacional.
Decorridos 50 anos após a entrada em exploração, apraz-nos verificar que o Metropolitano de Lisboa impõe-se como uma Empresa socialmente responsável, um meio de transporte não poluente e “amigo do ambiente” que constitui uma alternativa privilegiada ao transporte individual, operando com elevados padrões de segurança, rapidez, comodidade, regularidade e prestando um contributo acrescido para a mobilidade e sustentabilidade da vida urbana."
In Metropolitano de Lisboa
www.metrolisboa.pt
"O Metropolitano de Lisboa (ML) celebra 50 anos de início da sua exploração, comemorando a efeméride com os seus clientes e colaboradores através de acções culturais, animação nas estações e iniciativas dirigidas às crianças, entre outros espectáculos.
Assim, o ML vai desenvolver uma série de iniciativas alusivas à sua história, integradas na acção “O metro de Lisboa tem história”. Neste âmbito, e com o objectivo de envolver a população nestas comemorações, as estações e as carruagens de metro serão decoradas com motivos referentes aos 50 anos. Será também lançado, em Novembro, o cartão de Coleccionador “Viva Viagem 50 anos”, no âmbito do projecto já amplamente divulgado “Próxima Paragem Cultura” que visa a promoção de jovens artistas portugueses nos títulos de transporte. Este projecto arranca com a intervenção de cinco artistas, num total de 25 até final de 2010. Será também promovida, em cinco estações, uma exposição de fotografia, textos e filmes sobre a história da Empresa. Na estação Alvalade, o público poderá também visitar as primeiras carruagens que circularam no ML que constituirão, também um pólo museológico com breves alusões à história da Empresa.
Na acção “Gostamos de andar de Metro”, os jovens vão poder participar em várias iniciativas preparadas especialmente para eles, das quais se destacam a Maratona Fotográfica e o Concurso de Bandas Musicais nas estações, que pretende apoiar e promover grupos e jovens artistas portugueses. Para além disso, o ML vai também desenvolver um programa de incentivo dirigido aos estudantes com melhor aproveitamento escolar e maior utilização do metro, permitindo aos vencedores a utilização gratuita deste meio de transporte durante um ano. A este programa desenvolver-se-ão, ainda, acções de animação na rede do metro.
Destinado ao público infantil, futuros clientes deste meio de transporte, iremos desenvolver a actividade “Quando for grande vou andar de Metro”. Esta acção, a lançar em meados de Novembro em estações do Metro, contará com o lançamento oficial do “Metrox” e o seu clube “Clube Metrox”, mascote que terá como objectivo desenvolver uma relação de empatia entre a marca Metro e as crianças, procurando transmitir valores como a importância da utilização dos transportes públicos, suas regras de utilização e parcerias/vantagens proporcionadas pelo Clube. Trata-se de uma iniciativa inédita, destinada às crianças das Escolas do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que serão convidadas a participar na festa que contará com actividades lúdico-pedagógicas, bem como a integrar o Clube.
Ainda para o público mais jovem iremos desenvolver, à semelhança do ano transacto, durante a primeira quinzena de Dezembro, o “Comboio” de Natal” e “Vem guiar os comboios”.
Recorde-se que em 29 de Dezembro de 1959 assistiu-se à inauguração oficial do Metropolitano de Lisboa e, no dia seguinte, à abertura ao público do 1º escalão da rede. A rede do Metro tinha, então, somente 6,5 Km de extensão e 11 estações, com términos em Sete Rios (hoje Jardim Zoológico), Entre Campos e Restauradores. Hoje, conta com 39,6 km de extensão e 52 estações, ultrapassou os limites da cidade de Lisboa e assegura uma acessibilidade integral (de modo directo ou com o recurso a um único transbordo), não só no centro da Cidade, como em toda a área de influência da sua rede e dos interfaces que permitem a conexão com a AML, a rede nacional e internacional.
Decorridos 50 anos após a entrada em exploração, apraz-nos verificar que o Metropolitano de Lisboa impõe-se como uma Empresa socialmente responsável, um meio de transporte não poluente e “amigo do ambiente” que constitui uma alternativa privilegiada ao transporte individual, operando com elevados padrões de segurança, rapidez, comodidade, regularidade e prestando um contributo acrescido para a mobilidade e sustentabilidade da vida urbana."
In Metropolitano de Lisboa
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Onda de Fogo
O espectáculo pirotécnico está marcado para as zero horas de 2010 e vai brindar o público com muita cor e luz.
O enquadramento da Torre Vasco da Gama e do "Mar da Palha" faz com que a zona norte do Parque das Nações se transforme por completo.
Gratuito.
"A Torre Vasco da Gama e o “Mar da Palha” voltam a ser referência na passagem de ano lisboeta que este ano conta com um espectáculo pirotécnico repleto de surpresas. “Onda de Fogo” é o tema que vai iluminar a zona norte do Parque das Nações ao longo de 10 intensos e fantásticos minutos!
O espectáculo “Onda de Fogo”, marcado para as zero horas do novo ano de 2010, vai brindar o público com cor e luz cujo ponto alto será a recriação de uma “Onda de Fogo” que vai cobrir uma extensão de 500 metros em plataformas aquáticas. O enquadramento da Torre Vasco da Gama e do “Mar da Palha” faz com que a zona norte do Parque das Nações ganhe um novo ritmo e brilho num espectáculo inovador e extravagante com uma dinâmica ondulante muito própria.
O público será surpreendido pelas emoções provocadas pelo espectáculo pirotécnico “Onda de Fogo” que vai criar o movimento realista da formação e deslocação da onda. O ponto de partida do fogo-de-artifício é a Torre Vasco da Gama seguindo para as plataformas aquáticas colocadas em frente da zona de lazer e restauração da zona norte do Parque das Nações alternando simultaneamente com apontamentos pirotécnicos lançados da Torre Vasco da Gama.
Este inédito evento que marca a passagem de ano no Parque das Nações terá momentos mágicos com efeitos de Balonas, Candelas e Vulcões de todas as cores num total de 10.000 disparos."
In Portal das Nações
O espectáculo pirotécnico está marcado para as zero horas de 2010 e vai brindar o público com muita cor e luz.
O enquadramento da Torre Vasco da Gama e do "Mar da Palha" faz com que a zona norte do Parque das Nações se transforme por completo.
Gratuito.
"A Torre Vasco da Gama e o “Mar da Palha” voltam a ser referência na passagem de ano lisboeta que este ano conta com um espectáculo pirotécnico repleto de surpresas. “Onda de Fogo” é o tema que vai iluminar a zona norte do Parque das Nações ao longo de 10 intensos e fantásticos minutos!
O espectáculo “Onda de Fogo”, marcado para as zero horas do novo ano de 2010, vai brindar o público com cor e luz cujo ponto alto será a recriação de uma “Onda de Fogo” que vai cobrir uma extensão de 500 metros em plataformas aquáticas. O enquadramento da Torre Vasco da Gama e do “Mar da Palha” faz com que a zona norte do Parque das Nações ganhe um novo ritmo e brilho num espectáculo inovador e extravagante com uma dinâmica ondulante muito própria.
O público será surpreendido pelas emoções provocadas pelo espectáculo pirotécnico “Onda de Fogo” que vai criar o movimento realista da formação e deslocação da onda. O ponto de partida do fogo-de-artifício é a Torre Vasco da Gama seguindo para as plataformas aquáticas colocadas em frente da zona de lazer e restauração da zona norte do Parque das Nações alternando simultaneamente com apontamentos pirotécnicos lançados da Torre Vasco da Gama.
Este inédito evento que marca a passagem de ano no Parque das Nações terá momentos mágicos com efeitos de Balonas, Candelas e Vulcões de todas as cores num total de 10.000 disparos."
In Portal das Nações
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
História do Bolo-Rei, brindes e favas
"De onde vem este bolo que tem nome de rei e é hoje conhecido em todo o país, tendo-se tornado (quase) obrigatório em todas as mesas, entre o Natal e o dia de Reis?
Diga-se desde já que, apesar da popularidade de que goza entre nós, o bolo-rei tem origem francesa e para explicar tanto a fava como o brinde, teremos de recuar bastante no tempo, mas já lá vamos à história, que até tem pormenores bem interessantes.
Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu em Lisboa o bolo-rei foi a Confeitaria Nacional, certamente depois de 1869, como a seguir se verá.
A confeitaria foi fundada em 1829 por Baltasar Rodrigues Castanheiro e, quando abriu, tinha apenas duas portas para a rua da Betesga, que liga o Rossio à Praça da Figueira.
Alguns anos depois, foram feitas obras de ampliação e a casa ficou com quatro portas para a referida Rua da Betesga e outras quatro para a rua dos Correeiros.
Baltasar Rodrigues Castanheiro esteve à testa da casa durante quarenta anos. Quando morreu, em 1869, sucedeu-lhe seu filho, Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior, que logo nesse ano fez importantes melhoramentos, designadamente um elegante salão de chá no primeiro andar.
Deve-se-lhe também a introdução do bolo-rei, feito segundo uma receita que trouxe de paris.
Em Lisboa de Lés a Lés (vol. II, pág.140), Luís Pastor de Macedo recorda que no Dia de Reis, a Nacional fazia um "negócio de mão-cheia", o que se explica em poucas palavras: «É que ela fora a primeira onde o afamado bolo-rei se vendeu em Lisboa, bolo sempre ali feito por uma receita que Baltasar Castanheiro Júnior trouxera de Paris.»
O bolo era feito por um mestre confeiteiro, o Gregório, que também veio de Paris.
Por essa altura, durante a quadra natalícia, a Confeitaria Nacional oferecia aos Lisboetas «uma exposição de doces, de grandes construções de açúcar e amêndoa, de bolos de ovos de entre os quais se destacava uma afinidade de estonteantes e bojudas lampreias, de prodigiosas fantasias enconfeitadas e de tudo quanto de mais delicado e original a arte dos doces podia então produzir».
A pouco e pouco, a receita do bolo-rei generalizou-se.
Outras confeitarias de Lisboa passaram a fabricá-lo, o que deu origem a versões diversas, que de comum tinham apenas a fava.
No Porto, foi posto à venda pela primeira vez em 1890, por iniciativa da Confeitaria de Cascais, na Rua de Santo António/Rua 31 de Janeiro. Diz-se que este bolo-rei foi feito segundo receita que o proprietário daquela confeitaria, Francisco Júlio Cascais, trouxera de Paris.
Inicialmente, só era fabricado na véspera do Dia de Reis, mas a partir de 1920, a Confeitaria de cascais passou a ter bolo-rei quase todos os dias.
Na altura, já muitas confeitarias de Lisboa o vendiam.
A propósito, José Leite de Vasconcelos recorda este anúncio publicado no Diário de Notícias, em 10 de Janeiro de 1910: «Bolo-Rei - Vem de longa data a justa fama do delicioso Bolo-Rei da Confeitaria Primorosa, da R. de S.Paulo, 130 e 132, na verdade é um dos melhores que se fabricam em Lisboa.
Por isso têm sido numerosas as formadas, que se prolongam ainda por toda esta semana, visto ter uma extracção rápida essa tão fina especialidade.»
De bolo-rei a bolo Arriaga
Temos assim que o bolo-rei atravessou com êxito os reinados da Rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D.Luís, D.Carlos e D. Manuel II.
Com a República, houve alguns problemas que depressa foram ultrapassados.
Vieram depois sem novidade o Estado Novo de Salazar e Marcelo Caetano e a Revolução de 25 de Abril de 1974.
Em boa verdade, os piores tempos para o bolo-rei foram os que se seguiram à proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910.
Meses depois, em 7 de Janeiro de 1911, o Diário de Notícias não fazia as coisas por menos: «O bolo-rei tende a decair ou desaparecer-Terá de ser substituído?»
Poderá parecer estranho, mas a proclamação da República pôs em risco e existência do bolo-rei, na altura já considerado tradicional.
Tudo por causa da palavra rei, «símbolo do poder supremo», dizia o Diário de Notícias, que numa lógica que hoje nos faz sorrir, acrescentava na sua notícia-comentário: «Ora, morto este símbolo, o bolo tinha de desaparecer ou tomar o expediente de se mascarar para evitar a guerra que lhe podia ser feita.»
Em face disto, que fizeram os industriais de confeitaria? Partindo do princípio de que o negócio é negócio e política é política, seguiram naturalmente a segunda via, ou seja, continuaram a fabricar o bolo-rei, mas sob outra designação.
Os menos imaginativos passaram a anunciar um bolo que dava pelo nome de ex-bolo-rei, mas a maioria preferiu chamar-lhe bolo de Natal e bolo de Ano Novo.
A designação de bolo nacional era talvez a melhor, uma vez que remetia para a confeitaria que introduziu o bolo-rei em Portugal e também para uma certa ideia relacionada com Portugal, o que fica sempre bem em períodos revolucionários.
Não contentes com nenhuma destas soluções os republicanos mais radicais chamaram-lhe bolo Presidente e até houve quem anunciasse... bolo Arriaga! Não se sabe como reagiu o primeiro presidente da República, Manuel de Arriaga, mas convenhamos que a homenagem dos confeiteiros não foi a melhor.
O brinde e a fava
Já se disse que a receita do bolo-rei veio de Paris.
Isto parece hoje fora de dúvida, apesar das reticências de José Leite de Vasconcelos: O bolo-rei ou bolo das favas é de provável origem francesa.»
Acrescenta-se agora que o bolo-rei popularizado em Portugal no século passado não tem nada a ver com a «galette de rois» que era o bolo simbólico da Festa dos Reis na maior parte das províncias francesas a norte do rio Loire, nomeadamente na região de Paris, onde o bolo é uma rodela de massa folhada, recheada ou não de creme.
O «nosso» bolo-rei segue a receita utilizada a sul do Loire, um bolo em forma de coroa, feito de massa levedada (massa de pão).
Acrescenta-se, de qualquer modo, que ambos os bolos continham uma fava simbólica, que nem sempre era uma verdadeira fava, podendo ser um pequeno objecto de porcelana.
Referindo-se ao bolo-rei, leite de Vasconcelos acrescenta que ele tinha dentro uma moeda ou uma fava.
A moeda relacionava-se com o culto dos mortos.
Quanto à fava, já no século XVI, na Alsácia, se punha a hipótese de ela aludir ao banquete dos mortos, do mesmo modo que a moeda «dava» ao morto a possibilidade de comprar o direito de regressar.
Que se saiba nunca nenhum fez uso dessa possibilidade...
Feitas as contas e dando um salto no tempo, temos hoje que o bolo-rei inclui um brinde e uma fava.
O brinde é um pequeno objecto metálico sem outro valor que não seja o de símbolo, e mesmo assim pouco evidente para a maioria das pessoas.
A fava representa uma espécie de azar: quem ficar com ela tem que comprar outro bolo-rei.
Gâteau des Rois
Os romanos costumavam votar com favas, prática introduzida nos banquetes das Saturnais, durante as quais se procedia à eleição do Rei da Festa, também chamado Rei da fava.
Diz-se que este costume teve origem num inocente jogo de crianças, muito frequente durante aquelas festas e que consistia em escolher o rei, tirando-o à sorte com favas.
O jogo acabou por ser adaptado pelos adultos, que passaram a utilizar as favas para votar nas assembleias.
Como aquele jogo infantil era característico do mês de Dezembro, a Igreja Católica passou a relacioná-lo com a Natividade e, depois, com a Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro.
A influência da Igreja na Idade Média determinou a criação do Dia de Reis, simbolizado por uma fava introduzida num bolo, cuja receita se desconhece.
De qualquer modo, a festa de Reis começou muito cedo a ser celebrada na corte dos reis de França.
O bolo-rei teria surgido no tempo de Luís XIV para as festas do Ano Novo e do dia de Reis.
Referem-se-lhe vários escritores, e Greuze celebrou-o num quadro, exactamente com o nome de Gâteau des Rois.
Com a Revolução Francesa (1789), este bolo foi proibido.
Só que os confeiteiros tinham ali um bom negócio, e em vez de o eliminarem, passaram a chamar-lhe Gâteau des sans-cullottes.
Em Portugal, depois da proclamação da República, não chegou a ser proibido, mas andou lá perto.
Com excepção desse mau período, a história do bolo-rei é uma história de sucesso, e hoje como ontem as confeitarias e pastelarias não se poupam a esforços na sua promoção."
In livro Cozinha Tradicional Portuguesa
da Editorial Verbo
"De onde vem este bolo que tem nome de rei e é hoje conhecido em todo o país, tendo-se tornado (quase) obrigatório em todas as mesas, entre o Natal e o dia de Reis?
Diga-se desde já que, apesar da popularidade de que goza entre nós, o bolo-rei tem origem francesa e para explicar tanto a fava como o brinde, teremos de recuar bastante no tempo, mas já lá vamos à história, que até tem pormenores bem interessantes.
Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu em Lisboa o bolo-rei foi a Confeitaria Nacional, certamente depois de 1869, como a seguir se verá.
A confeitaria foi fundada em 1829 por Baltasar Rodrigues Castanheiro e, quando abriu, tinha apenas duas portas para a rua da Betesga, que liga o Rossio à Praça da Figueira.
Alguns anos depois, foram feitas obras de ampliação e a casa ficou com quatro portas para a referida Rua da Betesga e outras quatro para a rua dos Correeiros.
Baltasar Rodrigues Castanheiro esteve à testa da casa durante quarenta anos. Quando morreu, em 1869, sucedeu-lhe seu filho, Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior, que logo nesse ano fez importantes melhoramentos, designadamente um elegante salão de chá no primeiro andar.
Deve-se-lhe também a introdução do bolo-rei, feito segundo uma receita que trouxe de paris.
Em Lisboa de Lés a Lés (vol. II, pág.140), Luís Pastor de Macedo recorda que no Dia de Reis, a Nacional fazia um "negócio de mão-cheia", o que se explica em poucas palavras: «É que ela fora a primeira onde o afamado bolo-rei se vendeu em Lisboa, bolo sempre ali feito por uma receita que Baltasar Castanheiro Júnior trouxera de Paris.»
O bolo era feito por um mestre confeiteiro, o Gregório, que também veio de Paris.
Por essa altura, durante a quadra natalícia, a Confeitaria Nacional oferecia aos Lisboetas «uma exposição de doces, de grandes construções de açúcar e amêndoa, de bolos de ovos de entre os quais se destacava uma afinidade de estonteantes e bojudas lampreias, de prodigiosas fantasias enconfeitadas e de tudo quanto de mais delicado e original a arte dos doces podia então produzir».
A pouco e pouco, a receita do bolo-rei generalizou-se.
Outras confeitarias de Lisboa passaram a fabricá-lo, o que deu origem a versões diversas, que de comum tinham apenas a fava.
No Porto, foi posto à venda pela primeira vez em 1890, por iniciativa da Confeitaria de Cascais, na Rua de Santo António/Rua 31 de Janeiro. Diz-se que este bolo-rei foi feito segundo receita que o proprietário daquela confeitaria, Francisco Júlio Cascais, trouxera de Paris.
Inicialmente, só era fabricado na véspera do Dia de Reis, mas a partir de 1920, a Confeitaria de cascais passou a ter bolo-rei quase todos os dias.
Na altura, já muitas confeitarias de Lisboa o vendiam.
A propósito, José Leite de Vasconcelos recorda este anúncio publicado no Diário de Notícias, em 10 de Janeiro de 1910: «Bolo-Rei - Vem de longa data a justa fama do delicioso Bolo-Rei da Confeitaria Primorosa, da R. de S.Paulo, 130 e 132, na verdade é um dos melhores que se fabricam em Lisboa.
Por isso têm sido numerosas as formadas, que se prolongam ainda por toda esta semana, visto ter uma extracção rápida essa tão fina especialidade.»
De bolo-rei a bolo Arriaga
Temos assim que o bolo-rei atravessou com êxito os reinados da Rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D.Luís, D.Carlos e D. Manuel II.
Com a República, houve alguns problemas que depressa foram ultrapassados.
Vieram depois sem novidade o Estado Novo de Salazar e Marcelo Caetano e a Revolução de 25 de Abril de 1974.
Em boa verdade, os piores tempos para o bolo-rei foram os que se seguiram à proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910.
Meses depois, em 7 de Janeiro de 1911, o Diário de Notícias não fazia as coisas por menos: «O bolo-rei tende a decair ou desaparecer-Terá de ser substituído?»
Poderá parecer estranho, mas a proclamação da República pôs em risco e existência do bolo-rei, na altura já considerado tradicional.
Tudo por causa da palavra rei, «símbolo do poder supremo», dizia o Diário de Notícias, que numa lógica que hoje nos faz sorrir, acrescentava na sua notícia-comentário: «Ora, morto este símbolo, o bolo tinha de desaparecer ou tomar o expediente de se mascarar para evitar a guerra que lhe podia ser feita.»
Em face disto, que fizeram os industriais de confeitaria? Partindo do princípio de que o negócio é negócio e política é política, seguiram naturalmente a segunda via, ou seja, continuaram a fabricar o bolo-rei, mas sob outra designação.
Os menos imaginativos passaram a anunciar um bolo que dava pelo nome de ex-bolo-rei, mas a maioria preferiu chamar-lhe bolo de Natal e bolo de Ano Novo.
A designação de bolo nacional era talvez a melhor, uma vez que remetia para a confeitaria que introduziu o bolo-rei em Portugal e também para uma certa ideia relacionada com Portugal, o que fica sempre bem em períodos revolucionários.
Não contentes com nenhuma destas soluções os republicanos mais radicais chamaram-lhe bolo Presidente e até houve quem anunciasse... bolo Arriaga! Não se sabe como reagiu o primeiro presidente da República, Manuel de Arriaga, mas convenhamos que a homenagem dos confeiteiros não foi a melhor.
O brinde e a fava
Já se disse que a receita do bolo-rei veio de Paris.
Isto parece hoje fora de dúvida, apesar das reticências de José Leite de Vasconcelos: O bolo-rei ou bolo das favas é de provável origem francesa.»
Acrescenta-se agora que o bolo-rei popularizado em Portugal no século passado não tem nada a ver com a «galette de rois» que era o bolo simbólico da Festa dos Reis na maior parte das províncias francesas a norte do rio Loire, nomeadamente na região de Paris, onde o bolo é uma rodela de massa folhada, recheada ou não de creme.
O «nosso» bolo-rei segue a receita utilizada a sul do Loire, um bolo em forma de coroa, feito de massa levedada (massa de pão).
Acrescenta-se, de qualquer modo, que ambos os bolos continham uma fava simbólica, que nem sempre era uma verdadeira fava, podendo ser um pequeno objecto de porcelana.
Referindo-se ao bolo-rei, leite de Vasconcelos acrescenta que ele tinha dentro uma moeda ou uma fava.
A moeda relacionava-se com o culto dos mortos.
Quanto à fava, já no século XVI, na Alsácia, se punha a hipótese de ela aludir ao banquete dos mortos, do mesmo modo que a moeda «dava» ao morto a possibilidade de comprar o direito de regressar.
Que se saiba nunca nenhum fez uso dessa possibilidade...
Feitas as contas e dando um salto no tempo, temos hoje que o bolo-rei inclui um brinde e uma fava.
O brinde é um pequeno objecto metálico sem outro valor que não seja o de símbolo, e mesmo assim pouco evidente para a maioria das pessoas.
A fava representa uma espécie de azar: quem ficar com ela tem que comprar outro bolo-rei.
Gâteau des Rois
Os romanos costumavam votar com favas, prática introduzida nos banquetes das Saturnais, durante as quais se procedia à eleição do Rei da Festa, também chamado Rei da fava.
Diz-se que este costume teve origem num inocente jogo de crianças, muito frequente durante aquelas festas e que consistia em escolher o rei, tirando-o à sorte com favas.
O jogo acabou por ser adaptado pelos adultos, que passaram a utilizar as favas para votar nas assembleias.
Como aquele jogo infantil era característico do mês de Dezembro, a Igreja Católica passou a relacioná-lo com a Natividade e, depois, com a Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro.
A influência da Igreja na Idade Média determinou a criação do Dia de Reis, simbolizado por uma fava introduzida num bolo, cuja receita se desconhece.
De qualquer modo, a festa de Reis começou muito cedo a ser celebrada na corte dos reis de França.
O bolo-rei teria surgido no tempo de Luís XIV para as festas do Ano Novo e do dia de Reis.
Referem-se-lhe vários escritores, e Greuze celebrou-o num quadro, exactamente com o nome de Gâteau des Rois.
Com a Revolução Francesa (1789), este bolo foi proibido.
Só que os confeiteiros tinham ali um bom negócio, e em vez de o eliminarem, passaram a chamar-lhe Gâteau des sans-cullottes.
Em Portugal, depois da proclamação da República, não chegou a ser proibido, mas andou lá perto.
Com excepção desse mau período, a história do bolo-rei é uma história de sucesso, e hoje como ontem as confeitarias e pastelarias não se poupam a esforços na sua promoção."
In livro Cozinha Tradicional Portuguesa
da Editorial Verbo
domingo, 27 de dezembro de 2009
As imagens da semana
Também tenho um menino Jesus à minha janela, graças à minha amiga Elsa!
Boas Festas.
Também tenho um menino Jesus à minha janela, graças à minha amiga Elsa!
Boas Festas.
Para rezar junto à Manjedoura
Bem-aventurados os que no coração se reconhecem pobres
pois é deles tudo o que há-de vir
Bem-aventurados os que existem mansamente
pois a terra os escolherá para herdeiros
Bem-aventurados os que rompem o muro das implacáveis certezas
pois são outros os caminhos da consolação
Bem aventurados os que sentem, pela justiça, fome e sede verdadeiras:
não ficarão por saciar
Bem-aventurados os que estendem largos os gestos de misericórdia
pois a misericórdia os iluminará
Bem-aventurados os que se afadigam pela paz:
isso torna os mortais filhos de Deus
Bem-aventurados os que não turvam seu olhar puro
pois no confuso do mundo verão passar o próprio Deus
José Tolentino Mendonça
Bem-aventurados os que no coração se reconhecem pobres
pois é deles tudo o que há-de vir
Bem-aventurados os que existem mansamente
pois a terra os escolherá para herdeiros
Bem-aventurados os que rompem o muro das implacáveis certezas
pois são outros os caminhos da consolação
Bem aventurados os que sentem, pela justiça, fome e sede verdadeiras:
não ficarão por saciar
Bem-aventurados os que estendem largos os gestos de misericórdia
pois a misericórdia os iluminará
Bem-aventurados os que se afadigam pela paz:
isso torna os mortais filhos de Deus
Bem-aventurados os que não turvam seu olhar puro
pois no confuso do mundo verão passar o próprio Deus
José Tolentino Mendonça
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