Um milhão de portugueses está mal hidratado
Comité reúne-se no Porto para formalizar criação do European Hydration Institute
Que a água é essencial à vida já todos sabemos. No entanto, segundo Ronald Maughan, presidente do Comité Científico do recém-criado Instituo Europeu de Hidratação (EHI, nas siglas em inglês), “muitas pessoas estão mal hidratadas e não entendem que o corpo necessita de água”.
Aliás, em Portugal, um estudo de Março do ano passado do Instituto Português de Hidratação demonstra que, além de um milhão de portugueses estar mal hidratado, 20 por cento da população afirmam não gostar sequer de beber água.
“A desidratação reduz a tensão, diminui a memória de curto prazo e enfraquece as funções fisiológicas. Se ficarmos muito tempo sem beber água morremos”, alerta Ronal Maughan. O especialista em hidratação e editor de várias revistas científicas dedicadas à nutrição e ao desporto explica ao Ciência Hoje que o grande desafio do instituto é “sensibilizar para a importância da hidratação na saúde”.
Porém, isto não é assim tão simples. Como Maughan exemplifica, não basta dizer: “Bebam água suficiente” e nem sequer existe um número mágico de litros recomendados por dia para cada pessoa. O especialista fala apenas numa média de 2,5 litros para os homens e dois para as mulheres, mas tudo depende de outras variáveis.
Os dados mostram que muitas pessoas estão mal hidratadas mas isto não quer dizer que beber água em excesso possa ser solução. “Há pessoas que não bebem o suficiente e outras que bebem demais. Algumas pessoas morrem por beber água em excesso, é invulgar mas acontece”, afirma o presidente do Comité Científico do EHI e professor na Universidade de Loughborough, em Inglaterra.
"Água não é tudo"
Além disto, a água não é tudo. Existem outras formas de hidratar o organismo. “Podemos beber café, chá, sumos, refrigerantes e cerveja. A comida é muito importante. Os vegetais e frutas também contêm um grande teor de água”, aclara o especialista. (ver caixa no fim do texto)
O estilo de vida, a actividade física e o ambiente em que a pessoa vive são fundamentais para perceber a quantidade de água necessária para se viver de modo saudável. Fazer exames médicos pode ser uma solução, mas Maughan explica que controlar as idas à casa de banho e observar a cor da urina é o melhor modo para se saber se se está bem hidratado.
O desafio é conseguir passar a mensagem correcta para todos os estilos de vida e de clima. Para tal, o instituto vai identificar os investigadores que estão a fazer estudos nesta área com o objectivo de perceber as falhas de conhecimento e colmatá-las com a colaboração de vários cientistas.
Para perceber as causas e consequências da desidratação, e como é cada vez mais comum no domínio científico, o instituto combina diferentes áreas do conhecimento para perceber mais profundamente o fenómeno. Assim, além das ciências biomédicas, junta-se ainda a sociologia e a psicologia para ajudar a perceber questões sociais e comportamentais.
Bolsas de investigação
O instituto europeu vai abrir inscrições para o primeiro concurso de bolsas de investigação, atribuídas a recém-licenciados, que visam apoiar projectos relacionados com a hidratação humana. O EHI vai oferecer oito bolsas em 2010/11, cada uma com um valor de cinco mil euros, mais um valor adicional de mil euros para a apresentação dos resultados. As candidaturas abrem a 4 de Outubro e terminam a 1 de Dezembro de 2010. Os resultados são conhecidos no inicio do próximo ano.
Quantidade de água nas bebidas e alimentos
Água, chá, café, bebidas desportivas, refrescos, sumos de vegetais – 90% a 100%
Leite, sumos de fruta, sumos – 85% a 90%
Cerveja e vinhos – 85% a 95%
Bebidas destiladas – 60% a 70%
Sopas – 80% a 95%
Morangos, melão, uvas, pêssegos, pepino, pêra, laranja, maça, alface, aipo, tomate, abóbora, brócolos, cebola, cenoura – 80% a 90%
Batatas, bananas, milho – 70% a 80%
Leite fresco - 87% a 90%
Iogurte – 75% a 85%
Gelados – 60% a 65%
Queijo – 40% a 60%
Arroz – 65% a 70%
Massa – 75% a 85%
Pão, bolachas – 30% a 40%
Peixe e marisco – 65% a 80%
Ovos – 65% a 75%
Carne bovina, frango, carneiro, porco, vitela – 40% a 65%
Carne curada, bacon – 15% a 40%
In Ciência Hoje
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