Lista Vermelha para as aves coloca 1253 espécies à beira da extinção
No espaço de um ano, mais 13 espécies de aves entraram para a Lista Vermelha das espécies ameaçadas, que este ano totaliza 1253, em todo o mundo, revelam a União Internacional para a Conservação (UICN) e a federação Birdlife International.
Estas 1253 espécies representam 13 por cento de todas as espécies de aves conhecidas, de momento, para a comunidade científica.
“Esta é uma tendência perturbadora”, considerou esta terça-feira Jean-Christophe Vié, director do Programa Global de Espécies da UICN, em comunicado. “As aves são como uma janela para o resto da natureza. São indicadores muito úteis da saúde dos ecossistemas: se estão mal, então também está mal a vida selvagem de uma forma geral”, comentou Stuart Butchart, responsável da Birdlife Internacional, que ajudou a compilar a informação para a Lista Vermelha das Aves.
As aves de grande porte são das mais ameaçadas. À lista surge a grande abetarda indiana (Ardeotis nigriceps), que passou da categoria Em Perigo para Criticamente em Perigo, o nível de ameaça mais elevado. Hoje estima-se que existam apenas no mundo 250 indivíduos, por causa da caça, perturbação e perda e fragmentação de habitat. Esta abetarda, com um metro de altura e 15 quilos, já chegou a distribuir-se por toda a Índia e Paquistão; hoje está limitada a fragmentos isolados de habitat.
“Num mundo cada vez mais populoso, as espécies que precisam de mais espaço, como a grande abetarda indiana, estão a perder terreno. No entanto, somos nós quem vai perder a longo prazo, à medida que desaparecem os serviços que a natureza oferece”, comentou Leon Bennun, da Birdlife International.
Mas nem tudo são más notícias e a actualização feita este ano dá conta dos progressos de alguns projectos de conservação que conseguiram fazer a diferença. O pombo-trocaz, ou pombo da Madeira (Columba trocaz), é uma das espécies referidas, graças aos trabalhos de recuperação dos habitats. De acordo com o Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005), a população da espécie, endémica daquele arquipélago, “decresceu à medida que o seu habitat foi sendo destruído”. Em 2003 estimava-se a sua população em 7000 indivíduos. O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal considera a “caça e o envenenamento continuado, devido aos estragos que causa nos campos agrícolas” como os principais factores de ameaça. A espécie tem beneficiado da protecção dada à floresta laurissilva, Património Mundial Natural da Humanidade, e de medidas de gestão no terreno.
Helena Geraldes
in Ecosfera
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