Em Portugal, os danos que a poluição atmosférica das indústrias causou em 2009 na saúde e no ambiente estão estimados em quase dois mil milhões de euros. Na União Europeia esse valor situa-se entre os 102 e 169 mil milhões de euros, revela a Agência Europeia do Ambiente.
Em Portugal, os custos variam entre os 1432 e os 1986 milhões de euros, se estiverem incluídas as emissões de dióxido de carbono (CO2), ou entre 332 e 886 milhões de euros se ficarem de fora essas emissões, concluiu o relatório Revealing the costs of air pollution from industrial facilities in Europe.
Este é o primeiro estudo a quantificar, em termos monetários, os impactos e custos associados das emissões de oito grupos de poluentes – desde os metais pesados às partículas poluentes - das 10.000 indústrias registadas na União Europeia (UE).
Para a maior parte dos poluentes, o que é avaliado é o custo do seu impacto na saúde - por causarem doenças, mortes ou reduzirem a esperança de vida -, no ambiente em geral (redução das colheitas agrícolas, por exemplo) e também no património edificado.
Já para o dióxido de carbono (CO2), as estimativas reflectem o custo de redução das suas emissões, assumindo um valor-base de 33,6 euros por tonelada.
Feitas as contas, em 2009, a poluição do ar custou a cada cidadão europeu entre 200 e 330 euros, em média.
“Três quartos dos custos totais foram causados pela emissão de apenas 622 unidades fabris, ou seja, 6% do total”, sustenta o relatório. Desta lista de 622 indústrias, 12 estão em Portugal. As indústrias que mais custos causaram foram a Central Termoeléctrica de Sines (entre os 296 e os 357 milhões de euros), a Central Termoeléctrica do Pego (entre 102 e 114 milhões de euros), a Refinaria de Sines (entre os 96 e os 175 milhões de euros) e a Central Termoeléctrica do Carregado (entre 73 e 76 milhões de euros). São as unidades industriais com mais emissões de CO2 no país.
Poluição do ar ainda é uma ameaça à saúde
Estes são “alguns dos custos escondidos da poluição", segundo a directora-executiva da Agência Europeia do Ambiente (EEA, sigla em inglês), Jacqueline McGlade. "Não nos podemos dar ao luxo de os ignorar”, disse.
“A poluição do ar continua a prejudicar a saúde humana e o nosso ambiente”, escrevem os autores do relatório. “A qualidade do ar precisa melhorar ainda mais. A concentração atmosférica de alguns poluentes ainda representa uma ameaça para a saúde”, conclui o estudo.
Foram as emissões de dióxido de carbono (CO2) que mais contribuíram para os custos totais da poluição, responsáveis por cerca de 63 mil milhões de euros em 2009. As partículas (PM10), o dióxido de enxofre (SO2), amoníaco (NH3) e o óxido nitroso (NOx) causaram custos entre 38 e 105 mil milhões de euros por ano.
Os custos foram estimados usando os dados sobre as emissões que as próprias indústrias forneceram, desde refinarias a centrais de produção de electricidade, no âmbito do Registo Europeu de Emissão e Transferência de Poluentes (E-PRTR, sigla em inglês). Os dados foram analisados com base nos métodos do programa da União Europeia CAFE (Clean Air for Europe).
Helena Geraldes
in Ecosfera
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