O mês de Janeiro de 2012 foi o sétimo mais seco desde 1931, segundo o Instituto de Meteorologia, que revela também que até ao final do século é de esperar uma diminuição geral da precipitação em Portugal.
Nesta quinta-feira, o Instituto de Meteorologia revelou previsões que sugerem que no final do século XXI deverá manter-se uma tendência de “diminuição da precipitação em todo o território (...), com especial incidência na região sul”. Além disso, a temperatura em Portugal deverá aumentar, em média, entre 2,5ºC e 4ºC, conforme os dois cenários climáticos desenvolvidos, um menos gravoso (admitindo o controlo do aumento das emissões dos gases de efeito de estufa) e um outro mais gravoso resultante de um crescimento contínuo nas emissões durante o séc. XXI.
Estes cenários globais para o clima de Portugal continental – cujos resultados serão integrados no próximo relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) – foram desenvolvidos em parceria com o Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa e integrado no consórcio Europeu ECEARTH.
Janeiro foi extremamente seco
Os meses de Janeiro de 2012 e de 2011 foram menos chuvosos do que a média de 1971-2000, registando anomalias de -96.9mm e -14.7mm, respectivamente.
Este ano, Janeiro terminou com níveis de precipitação “muito inferiores” aos valores normais, com um total mensal de 20.4mm – sendo, por isso, classificado como o sétimo mais seco desde 1931 (o menor valor foi de 2.8mm em 1935). O mês de Dezembro tinha registado um valor médio de precipitação de 41.2mm.
Segundo o Instituto de Meteorologia, o mês de Janeiro foi “muito seco a extremamente seco” e agravou a situação de seca meteorológica. Actualmente, 76% do território continental está em seca moderada, 13% em seca fraca e 11% em seca severa. Ainda assim, o país está longe da situação registada em 2005, ano de grave seca meteorológica. A 31 de Janeiro desse ano, o país estava com 25% do território em seca moderada, 53% em seca severa e 22% em seca extrema.
A escassez da precipitação está a ser acompanhada por uma task force do Ministério da Agricultura, disse a ministra Assunção Cristas. O grupo está a “identificar os casos de prejuízo e as soluções possíveis para essas situações, nomeadamente com recurso aos mecanismos comunitários que possamos accionar”, afirmou Assunção Cristas à Lusa, na terça-feira.
Para já, a agricultura é o sector mais afectado. No início deste mês, João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse ao PÚBLICO que as maiores preocupações são a falta de pastagens para o gado e os impactos no desenvolvimento dos cereais de Inverno, como o trigo. As zonas mais afectadas são o Alentejo, partes do Ribatejo, Beira Interior e Trás-os-Montes.
A responsável pela pasta da Agricultura salientou que Portugal vai ficar “muito vulnerável às situações de seca” devido às alterações climáticas e salientou que o Governo está a trabalhar nas estratégias de adaptação e no desenvolvimento do regadio.
Helena Geraldes
in Ecosfera
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