A Páscoa é em Portugal uma época característica de presentes cerimoniais, sobretudo de índole alimentar e os presentes da Páscoa levam o nome genérico de «folares». A maioria dos dicionaristas coloca a origem da palavra «folar» no latim «floralis». Moraes, sugere o étimo germânico «flado», que significa «bolo de mel». Faria e Lacerda assinalam-lhe como origem a palavra francesa «poularde». Definem o folar como sendo um bolo em forma de pinta pousada sobre um ovo, ou com um ovo em cima. Hoje são raros os casos dos folares que incluem a galinha.
Existem em Portugal diferentes espécies de folares, consoante a região. O mais corrente e divulgado é um bolo em massa seca, doce e ligada, feita com farinha triga, ovos, leite, banha ou pingue, açúcar e fermento e condimentado com canela e ervas aromáticas – uma espécie de regueifa ou fogaça – comum em todo o Sul, no Algarve e no Alentejo, na Estremadura, nas Beiras e na zona do Porto.
No sul são redondos, espessos e maciços e comem-se no domingo de Páscoa, ou, em certos sítios, na Sexta-Feira Santa, na segunda-feira a seguir à Páscoa ou na Pascoela. Nos arredores de Lisboa têm a forma ovolada, em Aveiro a de coração e podem tomar formas zoomórficas, lagartos, pintos, borregos, pombos, etc.
O Rio Douro marca o limite da difusão desse tipo de folar. No Nordeste montanhoso e planáltico de Trás-os-Montes, o folar é uma bola redonda, em massa dura, feita com farinha, ovos, leite, manteiga e azeite, que encerra bocados de carne de vitela, frango, coelho, porco, presunto e rodelas de salpicão, cozidos dentro de massa, que junto deles fica mais tenra com a gordura que deles se desprende. Podem ser grandes e altos, como em Bragança e Mirandela, ou achatados e pequenos, em massa seca, como em Freixo de Espada à Cinta.
Os folares em Trás-os-Montes e Mirandela são feitos em casa, no forno onde normalmente se coze o pão mas também nas padarias locais que oferecem apenas os fornos.
Ernesto Oliveira fala num conceito mais amplo de folar aí incluindo vários presentes cerimoniais de Páscoa, que obedecem a regras bem determinadas, como por exemplo: - Os presentes obrigatórios que os padrinhos dão na Páscoa aos seus afilhados.
Ernesto Veiga de Oliveira, «Festividades Cíclicas em Portugal», editada pelas Publicações Dom Quixote na Colecção «Portugal de Perto»
in Município de Mirandela
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