De facto, é difícil encontrar um prato típico que tenha o privilégio de ser bafejado pelos coentros e que não seja uma maravilha nutricional. Basta pensar nas açordas, amêijoas à Bulhão Pato, massadas e sopas de peixe. Apesar de termos este sentimento paternalista pelos coentros, partilhamos a sua guarda culinária com outros países mediterrânicos e asiáticos que também não dispensam o seu contributo. A conjugação do seu aroma com o facto de, em muitas culturas, ser associado a pratos de marisco rapidamente fez com que os coentros fossem um componente essencial nas “mezinhas” tradicionais de carácter afrodisíaco.
Apesar de possuir uma boa quantidade de carotenos, esta erva aromática não possui o mesmo potencial antioxidante de outros “temperos”, uma lacuna que compensa ao ser uma boa fonte de vitamina C, K, cálcio e potássio, mesmo tendo em conta que é ingerida em pequenas quantidades. Já o seu óleo possui uma tremenda capacidade bactericida e fungicida. São justamente estas substâncias voláteis que lhe conferem uma pungência aromática tremenda que, para além de trazer à nossa gastronomia uma palatabilidade livre de sal, tem igualmente inúmeras aplicações farmacêuticas e industriais. No que diz respeito à “saúde digestiva”, tem sido reportado um efeito benéfico dos coentros na diminuição da flatulência, e consequente desconforto abdominal, bem como na regularização do trânsito intestinal.
Os coentros apresentam todos estes benefícios quando são de facto ingeridos! Não são raros os exemplos em que esta fantástica erva vê as suas funções limitadas ao embelezamento do prato, não sendo este pequeno ponto verde o suficiente para salvar nutricionalmente o panorama dourado dos fritos que muitas vezes tenta, em vão, amenizar.
Há que preservar os coentros no seu maravilhoso contexto gastronómico pois, do ponto de vista da saúde, se é tradicional e leva coentros, de certeza que deve ser bom!
Pedro Carvalho, nutricionista (pedrocarvalho@fcna.up.pt)
in Lifestyle Público
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