terça-feira, 17 de outubro de 2006

Coruja-das-torres

"Espécie cosmopolita, é muito útil por capturar grande número de roedores. No entanto, o seu voo silencioso e fugaz e o seu grito fantasmagórico, levaram à sua associação a diversas superstições, frequentemente em seu desfavor.
Alexandre Vaz

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
A Coruja-das-torres, Tyto alba, é uma ave de rapina nocturna, pertencente à Ordem dos Strigiformes e à Família Tytonidae. Tem um comprimento de cerca de 35 cm, uma envergadura que varia entre os 85 e os 93 cm e pesa entre os 200 e os 400 gramas, sendo as fêmeas normalmente maiores do que os machos. Uma das características das corujas desta família é possuírem uma face em forma de coração. A plumagens desta espécie é branca no ventre, na face e na parte inferior das asas. As costas e a parte superior das asas são douradas, com manchas cinzentas e pintas brancas e pretas. As patas são longas e os olhos são pretos.
DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA
A Coruja-das-torres apresenta 35 subespécies distribuídas pela Europa, África, Ásia, Oceânia e América. Na Europa a espécie está presente em 36 países, desde a Península Ibérica até à Dinamarca, Polónia e Turquia, estimando-se que o efectivo populacional se situe entre 120 000 e os 500 000 indivíduos. Em Portugal, estas corujas ocorrem de Norte a Sul do país e também na Ilha da Madeira. Na Península Ibérica as densidades de Coruja-das-torres devem variar entre 1 e 50 casais por cada 50 Km2. Apesar destas densidades serem entre 50 a 100 vezes inferiores às que existem nalgumas zonas da Malásia, onde foram colocadas caixas ninho, são substancialmente superiores às encontradas no Leste da Europa.
ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Esta espécie tem sofrido um declínio moderado na maior parte dos países europeus, que parece estar associado à intensificação da agricultura, à utilização de pesticidas, ao armazenamento dos cereais em silos e à subsequente redução de roedores, ao desaparecimento de cavidades naturais e artificiais para nidificação, ao desenvolvimento das redes viárias e ao aumento do tráfego e da mortalidade que lhe está associado. Por esta razão, a Coruja-das-torres está classificada na Europa como uma SPEC 3, ou seja, espécie cuja população global não está concentrada na Europa, mas que tem um estatuto de conservação desfavorável nesse continente.
HABITAT
Tal como no resto da Europa, em Portugal as Corujas-das-torres habitam, preferencialmente, zonas de campos agrícolas, com sebes, taludes e matos. Frequentemente nidificam em construções abandonadas, em chaminés, armazéns ou torres de igrejas, mesmo em cidades de grande dimensão. Noutras situações, frequentam montados e soutos, recorrendo às cavidades das árvores para nidificar.
ALIMENTAÇÃO

Esta espécie alimenta-se fundamentalmente de roedores, mas consome também musaranhos, morcegos, pequenas aves, répteis, anfíbios, peixes e insectos. Caça em voo ou a partir de um poiso. Pode caçar mesmo na escuridão absoluta, localizando as presa através do som, com um erro inferior a 1º, no plano horizontal ou vertical.
REPRODUÇÃO
As Corujas-das-torres são geralmente monogâmicas e cabe às fêmeas a incubação dos ovos, ficando os machos encarregues de trazer alimento. A postura, que pode variar entre os 2 e os 14 ovos, mais frequentemente entre 4 e 7, inicia-se em Março e dura 30 ou 31 dias. As crias permanecem no ninho entre 50 a 55 dias, e tornam-se independentes 3 a 5 semanas mais tarde. Reproduzir-se-ão pela primeira vez com 1 ou 2 anos de idade.
MOVIMENTOS

Não obstante esta ser uma espécie sedentária na Europa, os juvenis efectuam movimentos dispersivos, que variam entre as escassas dezenas de quilómetros até muitas centenas, como atesta um jovem anilhado nos Países Baixos e recapturado em Espanha.
ONDE OBSERVAR
A observação de espécies nocturnas reveste-se sempre de dificuldades acrescidas. No entanto, embora não seja aconselhável perturbar estes animais durante o dia, acontece com alguma frequência ao entrar-se num celeiro ou noutra construção abandonada, encontrar uma Coruja-das-torres. Também quando se viaja de automóvel por regiões em que estas ocorrem, como no Alentejo ou na lezíria ribatejana, não é invulgar verem-se a atravessar a estrada, ou poisadas em postes ou cercas de beira de estrada. Mesmo em grandes cidades, como Lisboa, pode por vezes ser vista, quer na zona antiga da cidade, quer em zonas com parques ou áreas abertas, como nas imediações do aeroporto."

In site: http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=4732&iLingua=1

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