5 Junho - Dia Mundial do Ambiente
A Quercus – ANCN comemora, em 2010, um quarto de século de existência. Aproveitando o facto de dia 5 de Junho ser o Dia Mundial do Ambiente, a Quercus identificou os principais 25 conselhos ambientais que devem acompanhar qualquer cidadão preocupado com a sustentabilidade.
Os conselhos gerais
1. Considerando a rapidez com que o conhecimento evolui no presente, um elemento fundamental para se ser um cidadão sustentável é a informação. Manter-se informado sobre a legislação mais actual e sobre os desenvolvimentos científicos e técnicos mais recentes é fulcral para que possa direccionar as suas escolhas para as soluções e situações mais sustentáveis.
2. Ao contrário do que muitos advogam, a culpa pelo estado em que o Planeta se encontra não é só “dos outros”, é também nossa e por duas vias: porque nos demitimos de fazer melhor e de pressionar quem de direito no mesmo sentido. Apoie organizações cívicas, associe-se, participe e faça ouvir a sua voz. Não está sozinho e em conjunto com todos os outros que pensam da mesma forma é possível dar passos muito significativos. O importante é trabalhar em conjunto.
3. Procure retirar os melhores ensinamentos da crise. Analise bem as suas opções e procure perceber o que é fundamental para que se sinta bem e tenha qualidade de vida. Elimine o que é supérfluo e vai ver que não só estará a ser mais ecológico, mas também a ter maior bem-estar económico e a garantir o equilíbrio emocional.
4. Aprenda a analisar as suas opções quotidianas, pois têm um impacto enorme na sua pegada ecológica, na do país e do mundo. Não é a mesma coisa ir de carro ou de transportes colectivos, comprar a fruta mais barata que encontra ou procurar fruta nacional e/ou de agricultura biológica. Se percebermos que com as nossas opções podemos dar um contributo directo e quotidiano para a sustentabilidade, rapidamente sentiremos que esta é a única forma aceitável de agir.
5. Sempre que um conselho dirigido a proteger o planeta lhe parecer exigente, lembre-se que somos nós – espécie humana – que precisamos do planeta e não o contrário. O Planeta vive bem sem nós, já o contrário não é verdade. Ser sustentável não é, no essencial, uma questão de altruísmo e sim de sobrevivência pura e dura. Seja mais sustentável por si e pelas gerações futuras.
6. Se acha que os produtos ou serviços mais sustentáveis (agricultura biológica; rótulos ecológicos; comércio justo, etc.) são caros, desengane-se. Ao comprar estes produtos ou serviços está a apoiar a produção com preocupações ambientais e sociais. No que toca aos produtos ou serviços convencionais, podemos pagar pouco no momento da aquisição, mas todos acabamos por pagar muito mais pela poluição e destruição ambiental, bem como pelo desrespeito dos direitos sociais.
7. Se tem restrições orçamentais, procure ir substituindo alguns produtos ou serviços convencionais por soluções sustentáveis. Por exemplo, no caso da agricultura biológica comece pelas frutas ou pelos legumes e, progressivamente e na medida das suas possibilidades, avance para outras áreas. Optar pela sustentabilidade é um passo importante para identificarmos o que é de facto fundamental e supérfluo nas nossas vidas, permitindo-nos aplicar melhor o nosso rendimento.
8. Um dos problemas recorrentes em Portugal é a deficiente implementação da legislação em vigor. Torne-se um eco-cidadão e esteja atento a situações incorrectas do ponto de vista ambiental. Sempre que detectar uma infracção contacte a linha SOS Ambiente e Território – 808 200 520 ou aceda ao portal do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR.
Os conselhos temáticos
9. Sempre que tiver que substituir uma lâmpada ou um equipamento eléctrico e electrónico que lhe seja necessário, procure informação sobre o seu desempenho em termos de sustentabilidade. Para além da etiqueta energética pode ter em conta iniciativas da Quercus como o Top Ten ou da Greenpeace como a campanha para uma electrónica verde.
10. Ao utilizar as suas máquinas de lavar roupa e loiça procure usá-las na carga máxima e em temperaturas mais moderadas. Respeite também a quantidade de detergente a usar consoante o tipo de roupa e loiça e a sujidade da mesma. Já agora, uma vez que Portugal tem um clima excelente para quem quer secar roupa, evite ao máximo usar a máquina de secar e, sempre que possível, seque a roupa ao natural. Se tiver mesmo que a usar, deixe a roupa secar primeiro ao ar livre e dê apenas o toque final na máquina.
11. Quando pensamos na nossa alimentação, também é importante ter alguns aspectos em conta. Um bom contributo para o ambiente é a redução do consumo de carne. A produção de proteína vegetal é bem mais eficiente do que a produção de proteína animal, pelo que conseguiremos alimentar muito mais pessoas se a nossa base de alimentação for vegetariana. Assim, reduza o número de vezes que consome carne e opte por carne criada de modo extensivo ou biológico. E não se esqueça de preferir produtos que não contenham transgénicos. Para a nossa sobrevivência é fundamental promover a diversidade alimentar, pelo que tudo o que seja padronização de sementes e espécies consumidas não vai no bom caminho.
12. Sempre que não esteja a utilizar um equipamento, desligue-o da corrente. Os consumos de electricidade quando os equipamentos permanecem em standby são significativos. A melhor forma é colocar tomadas com interruptor em locais estratégicos. Basta desligar um botão e tem a certeza de que os equipamentos não ficam a consumir electricidade desnecessariamente.
13. Os incêndios florestais continuam a ser um problema grave em Portugal, tendo o descuido humano como uma das principais causas. Para além dos cuidados óbvios de procurar reduzir as actividades que possam representar risco – fumar em espaços florestais ou nos seus limites; deixar lixo na floresta; fazer fogueiras (excepto nos locais preparados para o efeito); fazer queimadas (algo que é proibido durante o período crítico que vai de 1 de Julho a 15 de Outubro e que só pode ser feito, fora deste período, com autorização) – devemos ter em atenção que é fundamental diversificar as espécies plantadas e privilegiar as espécies autóctones, mais resistentes ao fogo e mais bem adaptadas ao nosso clima e solo.
14. A água doce é um dos recursos naturais mais importantes para a nossa qualidade de vida, sendo igualmente um dos mais escassos. Instale redutores de caudal nas suas torneiras. Poderá reduzir significativamente o consumo de água sem perder conforto. Outra medida importante é a de procurar reutilizar a água de lavagem de frutas e legumes ou a resultante do período de aquecimento da água do banho. Deve ainda evitar lavar loiça, roupa, dentes ou fazer a barba com água a correr. Abra a torneira apenas quando for necessário.
15. Quando hoje compramos algo em qualquer loja estamos habituados a receber um saco, normalmente de plástico e sem quaisquer custos. Contudo, os sacos de plástico são um perigo real para a vida marinha e muitos não são biodegradáveis, permanecendo centenas de anos no ambiente. Quando for às compras leve sacos reutilizáveis e habitue-se a fazer uso deles em todas as lojas e não apenas nos supermercados.
16. Actualmente os stocks de várias espécies marinhas estão a ser sobre-explorados. Algumas destas espécies são bem conhecidas em Portugal como é o caso do bacalhau, da pescada ou do atum. Informe-se sobre as espécies e as proveniências que oferecem maior risco e evite comprar peixe dessas zonas ou capturado através de métodos que prejudicam a biodiversidade marinha, como é o caso da pesca de arrasto. Respeite os tamanhos mínimos de cada espécie e, sempre que possível, opte por comprar peixe de maior dimensão (que já teve mais oportunidades de se reproduzir).
17. Uma das áreas em que se registaram alterações significativas nos últimos tempos foi a climatização. O uso de sistemas de aquecimento e arrefecimento é hoje muito mais comum, procurando compensar por esta via às insuficiências ao nível da construção dos edifícios. Sempre que possível, procure melhorar o isolamento da sua casa – paredes, telhado e janelas. Faça um bom uso das portadas, estores ou outros elementos de sombreamento. Calafete portas e janelas como forma de diminuir as necessidades de climatização. Opte pela climatização artificial apenas em último caso e tenha sempre presente que não é normal (e muito menos sustentável) andar dentro de um espaço de t-shirt no Inverno e de casaco no Verão.
18. Se vai adquirir ou arrendar uma habitação ou um espaço comercial pergunte sempre pelo certificado energético do edifício. Para além da informação da classe de eficiência em que a habitação se insere, poderá ficar a saber o que é sugerido por quem avaliou o imóvel para melhorar o seu desempenho.
19. Os resíduos continuam a ser um problema cuja resolução só será possível com o nosso envolvimento. Colabore com as diferentes soluções para a gestão de resíduos – embalagens, pilhas, equipamento eléctrico e electrónico, embalagens de medicamento, embalagens de produtos fitofarmacêuticos, pneus, veículos em fim de vida, etc. Só com a nossa colaboração será possível garantir que os resíduos produzidos vão ser aproveitados enquanto recurso e que o seu impacto no ambiente será minimizado.
20. Por diferentes razões temos avançado para uma sociedade onde a sobre-embalagem é uma constante. Seja um cidadão atento e procure adquirir produtos que possuam apenas a embalagem fundamental para garantir as suas características. Rejeite a sobre-embalagem, pois esta representa um custo acrescido que não tem qualquer utilidade. Privilegie as embalagens produzidas em materiais facilmente recicláveis e simples (que não conjuguem vários materiais diferentes) e de formatos maiores – familiares – caso necessite de grandes quantidades. Reutilize as embalagens que sejam passíveis de reutilização, quer para guardar alimentos, condimentos, chás e infusões, quer para guardar outros bens. Poderá ainda transformá-los em elementos decorativos. Se não as puder utilizar deposite-as sempre no ecoponto.
21. Na limpeza da sua casa use sempre materiais reutilizáveis e laváveis como panos do pó, espanadores, panos de limpeza da cozinha, etc. Evite usar o aspirador, bem como os produtos descartáveis que existem no mercado. Opte também por produtos de limpeza com o Rótulo Ecológico Europeu ou faça os seus próprios produtos. Evite soluções de limpeza com perfumes e cores intensos.
22. A qualidade do ar continua a ser uma área onde Portugal tem problemas sérios. Mantenha-se informado sobre os níveis de poluição do ar da sua região e em dias quentes e solarengos esteja atento aos avisos sobre a ocorrência de níveis elevados de ozono troposférico. Quando estes ocorrerem evite andar na rua e fazer esforços, particularmente se tiver problemas respiratórios. Não se esqueça da qualidade do ar interior. Areje bem a sua casa e evite fumar e usar ambientadores, insecticidas e detergentes com perfumes intensos.
23. O montado é uma das paisagens características em Portugal. Para além de albergar uma enorme biodiversidade, permite desenvolver diferentes actividades económicas que são o garante financeiro de muitas pessoas. Uma forma de apoiarmos a manutenção deste ecossistema passa por preferir produtos em cortiça sempre que possível. Para além das conhecidas rolhas para vinhos, há também que ponderar a oferta em termos de isolamento de habitações, bases para copos, tabuleiros, quadros de afixação, etc.
24. Em Portugal, são poucas as situações em que a qualidade da água para consumo humano não cumpre os requisitos impostos pela Lei. Ao mesmo tempo que se melhorou este indicador, aumentou o consumo de água engarrafada. Sempre que possível consuma água de abastecimento público. Se não gosta muito do sabor, junte umas gotas de limão ou deixe a água repousar alguns instantes antes de a consumir.
25. Se possui algum bem que já não lhe faz falta procure vendê-lo ou doá-lo a instituições que dele necessitem. Se precisar de algum produto, procure-o em lojas de artigos em segunda mão. Este conselho é particularmente útil para quem tenha crianças pequenas. Se necessita de um bem por pouco tempo, peça-o emprestado ou alugue-o em detrimento da compra.
Lisboa, 4 de Junho de 2010
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
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