segunda-feira, 28 de junho de 2010

Parto normal é melhor para a saúde das crianças

Um estudo concluiu que os recém-nascidos podem ser inoculados com bactérias "boas" durante o parto, que podem fazer falta aos bebés nascidos por cesariana. Investigadores norte-americanos concluíram que os bebés nascidos de forma de parto normal são envolvidos pelas bactérias beniganas da mãe, enquanto os nascidos por cesariana apresentam mais bactérias de pele genéricas.

As conclusões deste estudo podem explicar por que razão os bebés que nascem de cesariana são mais susceptíveis de desenvolver infecções perigosas, tal como o "Staphylococcus aureus", resistente a medicamentos, disse Elisabeth Costello, da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos EUA.
Pode até ajudar a explicar por que motivo os bebés nascidos de cesariana apresentam taxas mais elevadas de alergias e asma quando crescem, dizem os investigadores, num artigo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".
"É do senso comum que os bebés nascidos vaginalmente são expostos a bactérias diferentes daquelas a que estão sujeitos os bebés que nascem por cesariana. Todos temos uma combinação única de bactérias", disse Elisabeth Costello, em entrevista telefónica à editora de Saúde da Agência Reuters, Maggie Fox.
Uma declaração que remete para um estudo anterior da Universidade do Colorado, que havia determinado que cada pessoa deixa um rasto único de bactérias nos objectos que toca e que um humano típico tem cerca de 150 espécies diferentes de bactérias nas mãos.
O líquido amniótico que mantém o bebé no útero é, usualmente, estéril, se a mãe for saudável. Mas, nos minutos durante o parto e no pós-parto, os bebés são "colonizados" por milhões de bactérias, vírus e outros organismos.
"É natural e benéfico para nós sermos colonizados por bactérias saudáveis logo à nascença", disse Elisabeth Costello. Já diz o ditado que o que não mata engorda. "A maior parte das bactérias que vivem connosco ou dentro de nós, se não nos fazem mal, ajudam-nos", acrescentou a investigadora.
Ou, noutra versão do mesmo ditado popular, "se não te mata, faz-te mais forte". Por exemplo, as bactérias do intestino ajudam a digerir a comida e protegem contra patologias que causam doenças.
"De certa forma, a pele dos recém-nascidos é como solo lavrado, à espera que sejam postas as sementes - neste caso comunidades de bactérias", acrescentou Noah Fierer, da Universidade do Colorado, que também trabalhou no estudo.
A equipa, liderada por Maria Dominguez-Bello, da Universidade de Porto Rico, testou nove mulheres e os seus 10 recém-nascidos, num hospital da Venezuela. Os investigadores fizeram um esfregaço nos bebés, nas primeiras 24 horas de vida, e depois sequenciaram os genes de todas as bactérias que encontraram.
Encontraram na pele, nariz, garganta e matéria fecal dos bebés nascidos de parto normal bactérias idênticas às encontradas na vagina da mãe. Mas os bebés nascidos de cesariana tinham bactérias normalmente encontradas na pele, micróbios que não pareciam ter sido "herdados" da progenitora.
"Não conseguimos determinar se estas bactérias de pele provêm da primeira pessoas que lida com o bebé - médico ou o pai - ou se estavam no ar", disse Elisabeth Costello.
Em 2004, investigadores em Chicago e Los Angeles concluíram que entre 64 a 82% dos recém-nascidos com bactérias resistentes à meticilina tinham nascido por cesariana.
"Há muitos estudos que estabelecem uma relação entre o tipo de parto e ganhos de saúde mais tarde na vida", acrescentou Elisabeth Costello. Da perspectiva da investigadora, parece assente que o tipo de bactéria que os recém-nascidos apanham ao vir ao Mundo pode ter consequências na saúde futura.
Agora, é importante determinar quais as bactérias com efeitos protectores e seguir os recém-nascidos durante a infância, para ver as diferenças de saúde que podem ser relacionadas com a primeira bactéria, acrescentou a investigadora.

Fonte: Jornal de Notícias
In
Barrigas de Amor

Sem comentários: