quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cinema
Lola
Realização: Brilhante Mendoza, Linda Casimiro

Interpretação: Anita Linda, Jhong Hilario, Ketchup Eusebio, Rustica Carpio, Tanya Gomez
França 2009/Drama
Trailer

A entrar na casa dos cinquenta e além das oito longas-metragens cumpridas, o realizador filipino Brillante Mendoza será dos poucos a poder orgulhar-se de, tantas vezes e tão cedo, ter entrado na corrida aos mais prestigiados prémios de cinema internacionais. Exemplos são o prémio de melhor realização em Cannes, que efetivamente arrecadou com “Kinatay” ou a nomeação ao Leão de Ouro de Veneza com “Lola”, em 2009, precioso troféu que não chegaria a fazer companhia aos trazidos de Las Palmas, Banguecoque, Dubai ou Locarno.
Não se creia porém pela sua premiação que Mendoza é um realizador que acolhe o fácil e unânime agrado da crítica, de cinéfilos e público em geral. Não. Não obstante os rigorosos critérios de qualidade por que se rege ou o reconhecido mérito de levantar questões sociais, políticas e morais – proveniente que é de um país assolado por uma pobreza e injustiça extremas - o puro e por vezes demasiado duro realismo que marcam a obra de Brillante Mendoza está longe de colher a simpatia geral.
Lola”, o seu mais recente filme em estreia, traz todo o realismo de Mendoza na história pungente de duas avós que lutam pelo bom nome e memória dos seus respetivos netos: um a vítima, o outro o homicida de um crime que nem precisamos de presenciar. Sem posses, ambas tentam encontrar forma de financiar o enterro ou a fiança do seu respetivo neto.
Sem choque nem alarido, sem a violência que lhe é apontada, o realizador leva-nos a seguir estas duas figuras aparentemente frágeis e com elas a descobrir uma força interior maior. Percorrendo as ruelas e as águas que inundam Manila como trilhos de dor, de extrema pobreza e miséria onde apesar de todas as perdas ou toda a ausência - ambas as “lolas” (avó, no seu dialeto) imortalizam o amor, buscam a redenção, teimam, enfim, em não se deixar vencer pela dificuldade.

Margarida Ataíde (05.10.10)
In Agência Ecclesia

Sem comentários: