terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cães reconhecem o rosto dos donos

Os cientistas mostraram o quanto os cães dependem da visão do rosto dos seus donos para os reconhecer.
Os investigadores também mediram o quanto os cães preferem olhar para e seguem os seus donos, em vez de a um estranho.
Na revista Animal Behaviour, a equipa descreveu como os cães tinham dificuldade em reconhecer o seu "melhor amigo" humano quando a pessoa tinha a face coberta. O estudo lança mais luz sobre a forma como milhares de anos de domesticação afectaram o comportamento dos canídeos.
Paolo Mongillo, da Universidade de Pádua, Itália, liderou a equipa que desenvolveu este novo estudo. Ele explicou que, apesar de muitos investigadores já terem estudado a forma como os cães interagem com os humanos, ninguém tinha, até agora, investigado de que maneira os animais preferem focar-se numa pessoa em vez de outra, ou até que ponto os cães de companhia "preferem" os seus donos.
E equipa de Mongillo inventou, por essas razões, uma experiência que permitisse medir esses aspectos da interacção.
"Tínhamos o cão numa sala vazia e dissemos ao dono e a outra pessoa, alguém que o cão não conhecia, que atravessasse a sala várias vezes", explica o cientista. "As pessoas atravessaram a sala em direcções opostas, por isso passaram muitas vezes em frente do cão, e medimos quanto tempo o cão olhou para uma das pessoas e não para a outra."
A equipa de investigadores indicou depois às duas pessoas que deixassem a sala através de duas portas diferentes e permitiram ao cão que se aproximasse de uma das portas.
"A maioria dos cães olharam para os seus donos durante a maior parte do tempo e depois escolheram esperar junto à porta por onde o dono tinha saído", diz Mongillo. Ele descreveu que este era um resultado "expectável" mas algo que nunca tinha sido medido anteriormente.
"Se imaginarmos um cão num ambiente real numa cidade ou em qualquer lugar no meio de uma multidão ou de um espaço com muita gente, pode-se perceber como o animal se terá adaptado a dar especial atenção ao seu dono", diz Mongillo.
Na segunda parte do estudo, os cientistas pediram às pessoas que cobrissem os rostos e os voluntários humanos atravessaram a sala com sacos de papel sobre a cabeça.
Durante esta fase da experiência, os cães estiveram menos atentos aos seus donos, o que revelou até que ponto os animais dependiam dos rostos humanos para o reconhecimento.
Os cães selvagens dependem de sinais corporais e dicas de outros animais nos seus grupos sociais mas os estudos, incluindo este último, sugerem que os cães domésticos estão tão sintonizados para com os grupos sociais humanos que parecem ser capazes de reconhecer algumas expressões faciais humanas.
"Provavelmente, esta é provavelmente uma atitude produto de milhares de anos de domesticação", diz Mongillo. Estudos das diferenças genéticas entre cães e os seus ancestrais lobos sugerem que os caninos terão sido domesticados pela primeira vez entre há 15 e 40 mil anos.
No mesmo estudo, a equipa também investigou os efeitos do envelhecimento na atenção dos cães. Descobriram que os cães envelhecidos, com mais de sete anos, eram menos capazes de se focar no seu dono e também tinham menor probabilidade de escolher a porta do dono.
"Já existiam estudos que mostravam que o envelhecimento dos cães é semelhante ao humano em termos de perdas cognitivas", diz Mongillo. Por isso, o estudo do envelhecimento nos cães pode ajudar a nossa compreensão do envelhecimento humano, bem como o das doenças animais relacionadas com a idade.

News of the Wild

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