Palmeiras do país estão a morrer
A praga do escaravelho está a colocar em risco as palmeiras da avenida Marginal, que liga Lisboa a Cascais. «Temos duas palmeiras doentes em espaços públicos no concelho, uma na cidade de Cascais e outra em Carcavelos», admite ao SOL Ana Paula Chagas, responsável do departamento de Ambiente da Câmara de Cascais.
Mas o problema não se limita às palmeiras que adornam os espaços verdes públicos. Só naquele município estão em causa três mil árvores, a maioria das quais em jardins e outros espaços verdes privados: «Foram sinalizadas algumas palmeiras em espaços particulares, com fortes indícios de ataque do Rhynchophorus ferrugineu (nome científico do escaravelho vermelho)», adianta ainda Ana Paula Chagas.
Armadilhas para capturar insectos
Para proteger as palmeiras emblemáticas e até centenárias – atingindo alturas superiores a 18 metros– , os técnicos especializados têm vindo a fazer tratamentos preventivos, com a aplicação de fitofármacos, sem risco para a saúde pública, além de colocarem armadilhas para capturar aqueles insectos, acrescenta a responsável.
Mas, segundo Carlos Gabirro, da Biostasia, empresa contratada por aquela autarquia para deter a praga, em Abril do ano passado, Cascais é «apenas ‘uma gota do oceano’».
«Todos os municípios na área da grande Lisboa estão afectados» – garante o especialista, recordando que, já no ano passado, o município de Setúbal foi obrigado a abater árvores emblemáticas da Avenida Luísa Toddi, junto ao Atlântico.
Aliás, desde 2007, altura em que foram detectados os primeiros ataques de escaravelho vermelho a palmeiras emblemáticas no Algarve, a praga já atingiu Silves, Setúbal, Cascais, Oeiras e Lisboa.
Na capital, existem milhares de palmeiras em risco, alerta o responsável. O número exacto é, no entanto, «quase impossível de contabilizar», por estarem tão disseminadas, entre jardins privados e espaços públicos.
Basta um olhar atento aos jardins da zona da grande Lisboa para perceber que a situação está longe de se encontrar controlada. Na capital, na avenida Gago Coutinho, que liga o aeroporto ao Areeiro, por exemplo, vêem-se palmeiras secas, como se estivessem a morrer em vários jardins.
Mas «quando a praga se torna ‘visível a olho nu’», é tarde de mais. É que nessa altura, explica Amélia Palla – técnica que trabalha com diversos proprietários e municípios há vários anos no controlo desta doença– «já não há tratamento possível». «Aí temos de abater as árvores para impedir ou minimizar a contaminação das palmeiras mais próximas», avisa.
O problema, diz a especialista, é que «as árvores centenárias, por serem mais altas, são as primeiras a ser atacadas pelos insectos por causa da trajectória de voo».
sonia.balasteiro@sol.pt in Sol
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