Tomar - Na pista dos Templários
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Uma viagem da capital a Tomar, através da Linha do Norte e do Ramal de Tomar, ao encontro de um dos mais bonitos centros históricos portugueses e dos segredos da mítica ordem dos monges-guerreiros.
O trajecto de Lisboa à cidade do Nabão faz-se, primeiro pela Linha do Norte até ao Entroncamento e, daqui em diante, pelo Ramal de Tomar. Existem comboios directos com partida de Lisboa-Santa Apolónia, podendo, também, ser utilizado os serviços Alfa e Intercidades até ao Entroncamento, com mudança para o Ramal de Tomar no Entroncamento. As paisagens da lezíria do Tejo e os azulejos das estações de Vila Franca, Azambuja e Santarém são alguns dos pontos a reter durante a viagem. No Entroncamento pode visitar o pólo central do Museu Nacional Ferroviário.
Acesso: Pela Linha do Norte a partir de Lisboa-Santa Apolónia ou Lisboa-Oriente, existindo comboios directos com partida de Santa Apolónia.
A ter em conta: Pode aproveitar a paragem no Entroncamento para visitar o Museu Nacional Ferroviário (de terça a domingo, durante a tarde). Da estação de Tomar pode subir a pé para o Convento de Cristo ou tomar um táxi.
Quando: Em qualquer altura do ano, com bom tempo.
Outros pontos a visitar: Igreja Matriz de São João Baptista, Igreja de Santa Maria do Olival, antiga sinagoga, cine-teatro, parque do Mouchão, Jardim da Várzea Pequena.
Um pouco de história, viajando no tempo antes de viajar de comboio.
A Ordem dos Templários, nascida na Palestina em 1118, após a I Cruzada e a tomada de Jerusalém estendeu a sua acção do Médio Oriente à Europa. Formada por monges-guerreiros que faziam voto de pobreza e de castidade aliava à vertente militar, uma vertente económica e cultural. Defendia os reinos latinos da Palestina, controlava parte dos fluxos financeiros entre estes territórios e a Europa e difundiu saberes do Oriente nos campos da arquitectura, medicina, cartografia, etc.
Na Península Ibérica os Templários apoiaram a reconquista cristã, ocupando, no nascente reino português, as posições mais expostas na fronteira com os territórios mouros. Disciplinados, combatiam em bloco como a legião romana e desprezavam, como manifestação de soberba, os feitos heróicos individuais. O seu grito de guerra era «Não por nós Senhor, não por nós mas pela Tua glória» (Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam) – divisa extraída do Livro dos Salmos.
Em 1160 D. Gualdim Pais, mestre provincial dos Templários, estabeleceu a casa-mãe da ordem nas colinas sobranceiras ao vale do rio Nabão, fundando o que viria a ser a cidade de Tomar. Junto ao castelo foi construída a Charola, igreja de rara planta octogonal, de inspiração oriental e foram-se desenvolvendo as dependências conventuais.
Em 1307, culminando uma disputa de poder com o rei de França, Filipe o Belo e com o Papa Clemente V, começa a perseguição aos templários, acusados de heresias diversas. O último grão-mestre, Jacques de Molay é queimado nas fogueiras da Inquisição em 1314 e desafia o rei e o Papa a comparecerem com ele perante o Juízo de Deus (ambos virão a morrer nesse ano). Em Espanha e Portugal a perseguição aos Templários é muito atenuada, até pelos serviços prestados na luta contra os mouros e em 1319 o rei D. Dinis consegue que os bens, a missão, os saberes e, eventualmente os antigos templários, sejam integrados numa nova ordem chamada de Cristo e que, chefiada mais tarde pelo Infante D. Henrique, desempenhará papel-chave nos Descobrimentos portugueses.
É a partir dessa época (1420) que o Convento de Cristo começa a ganhar as suas mais famosas dependências, desde os claustros henriquinos até, já no reinado de D. Manuel, a famosa janela da Sala do Capítulo. D. João III e Filipe I de Espanha mandam acrescentar novos e impressionantes claustros.
É ao encontro deste lugar mítico que partimos na Linha do Norte, rumo a Tomar. Após pouco mais de hora e meia de confortável e panorâmica viagem, o comboio chega à estação da cidade, no extremo ocidental do Jardim da Várzea Grande. A estação foi projectada por um dos grandes arquitectos ferroviários da primeira metade do séc. XX, Cottineli Telmo.
Mais interessante que tomar um táxi directamente para o convento pode ser caminhar pela cidade, cruzando a Várzea Grande e a Av. Cândido Madureira e prosseguindo pela antiga Rua Direita até à Praça da República, coração do centro histórico tomarense, com os Paços do Concelho e a igreja matriz de São João Baptista. Das traseiras da Câmara uma escadinha florida leva à estrada de acesso ao castelo e ao convento. Pelo caminho, a meia-encosta, a capela de Nossa Senhora da Conceição (obra-prima renascentista a não perder).
Das muralhas do castelo tem-se soberba vista sobre a cidade e o rio. Na visita ao convento o guia não deixará de fazer notar alguns sinais subtis dos antigos segredos templários, desde pormenores decorativos, à escadaria em caracol que dava acesso às caves onde se fazia a iniciação dos novos membros da ordem. Do outro lado do Nabão, junto ao mercado, a igreja de Santa Maria do Olival foi panteão templário mas a reforma de D. João III, muito marcada pelo fanatismo da inquisição e pelo dogmatismo do Concílio de Trento fez rasurar a maior parte dos sinais da presença templária.
in CP – Comboios de Portugal
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