Melro já não é caçado, mas são precisas mais medidas
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Foi anunciado ontem pelo secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, que o governo decidiu retirar o melro da lista das aves que se podem caçar. A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) considera que esta é uma prova de como a união dos cidadãos tem frutos positivos e congratula a decisão. Contudo, a SPEA espera que brevemente sejam tomadas novas medidas em relação aos erros que o último calendário venatório ainda apresenta.
A indignação dos cidadãos, patente nas inúmeras manifestações de desagrado face à possibilidade de se caçar melros a partir desta época venatória, resultou num desfecho feliz para esta espécie. Com a decisão ontem anunciada, o Melro deixa de constar da lista de espécies cinegéticas. A SPEA, mentora da campanha “Eu vou dizer ao Governo que não quero que cacem os nossos melros” recebeu mais de 100 cartas dirigidas à Sra. Ministra do Ambiente a contestar a medida polémica, e muitos apoios na sua página do Facebook. Esta organização agradece a todos os que se mobilizaram por esta causa e congratula o Governo pela medida tomada.
Segundo Pedro Geraldes, biólogo da SPEA, “esta decisão demonstrou que a decisão do anterior governo não fazia sentido e também que a união faz a força. De facto tivemos uma adesão à nossa campanha acima das nossas expectativas e os resultados estão à vista”.
De acordo com esta associação, é ainda necessário alterar vários aspectos preocupantes deste novo calendário venatório e outros problemas graves relacionados com a gestão de caça. Pedro Geraldes afirma que “esperemos que esta alteração da portaria anunciada pelo novo governo vá um pouco mais além do problema do melro e também aborde outros aspectos graves para os quais já alertámos”, e que considera não serem do interesse nem do ambiente, nem dos portugueses.
Entre as recomendações sugeridas, salienta-se:
- fixar o calendário venatório anualmente (como sempre aconteceu) e não ser aplicado a três épocas consecutivas (2011/2012, 2012/2013 e 2013/2014) - que é uma novidade erradamente introduzida, pois não tem em conta as alterações que podem ocorrem nas populações destas espécies!
- alterar alguns períodos de caça para 4 espécies de patos constantes nesta nova portaria, por os mesmos serem ilegais à luz da Directiva Aves da União Europeia. É o caso do Pato-real, da Marrequinha, da Frisada e da Negrinha;
- corrigir erros graves de gestão da caça, tais como:
• uso de munições com chumbo em zonas húmidas, pois contribuem para o envenenamento de milhares de patos e outras aves todos os anos (Portugal é um dos poucos países da Europa em que ainda se permite esta situação);
• caçar patos em Agosto e Setembro, quando ainda há espécies que estão a criar, algumas das quais ameaçadas;
• constar da lista venatória espécies cujos efectivos têm estado a diminuir drasticamente nos últimos anos, como é o caso da Rola-comum e do Estorninho-malhado.
in Comunicado de Imprensa SPEA - 10 Agosto 2011
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