Fumar provoca mais danos arteriais nas mulheres do que nos homens, segundo os resultados do projecto IMPROVE, um estudo epidemiológico financiado com fundos europeus. Segundo o artigo, ao longo da nossa vida, a exposição ao tabaco influencia na espessura das paredes das artérias carótidas, em ambos os sexos, mas nas mulheres o efeito é a dobrar.
A Sociedade Europeia de Cardiologia divulgou conclusões que incluíram 3587 pessoas (1694 homens e 1 893 mulheres) de diferentes países como a França, Itália, Holanda, Finlândia e Suécia. Através de uma sofisticada técnica de ecografia, a investigação seguiu a engrossamento das paredes das carótidas – artérias responsáveis por fornecer o sangue a toda a região da cabeça – dos voluntários e comprovou a presença de placas.
Para além de revelar que são mais afectadas pela quantidade de exposição ao tabaco, o feito do número de cigarros consumido por dia sobre a evolução de doenças é também cinco vezes maior. No entanto, falta ainda saber se estas associações não dependem de outros factores, que possam influenciar na arteriosclerose, como a tensão arterial, o nível de colesterol, a obesidade, a idade e a extracção social.
Elena Tremoli, do Instituto de Ciências Farmacológicas da Universidade de Milão (Itália) e directora do projecto, referiu que “ainda se desconhecem as razões pelas quais o consumo de tabaco tenha um efeito maior nas mulheres, mas sabe-se que existe uma relação complexa entre o fumo e processos inflamatórios como a arteriosclerose”.
Segundo informou a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria dos países europeus registam uma redução considerável no número de homens fumadores, especialmente na Itália e Finlândia, mas o número de fumadoras é praticamente o mesmo ao longo dos últimos trinta anos. Os dados indicam mesmo que se verifica um aumento em Espanha e França.
Os investigadores referem ainda que outros factores exercem um efeito diferencial nas artérias de ambos os sexos. Os avanços mostraram que enquanto os homens com um nível de estudos inferiores apresentavam as paredes das artérias menos espessas do que os com mais habilitações, as mulheres o mesmo não acontecia.
Proteína C reactiva
O IMPROVE vem enfatizar a importância de relacionar o engrossamento da parede arterial por um lado, e a concentração da proteína C reactiva (PCR) e o nível de leucócitos por outro. Ambos os índices de inflamação são bastante intensos nos homens, mas inexistentes nas mulheres.
“Se estratificarmos a população feminina conforme o consumo de tabaco, observa-se que entre as que fumam, a relação entre PCR e o engrossamento da parede arterial se assemelha à que é observada nos homens”, acrescentou a investigadora.
"As mulheres possuem uma protecção natural' contra doenças cardiovasculares, especialmente antes da menopausa, o que motiva os profissionais de saúde e investigadores a prestarem menos atenção à incidência de doença neste grupo”, explicou ainda.
in Ciência Hoje
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