As amoras silvestres nativas da flora portuguesa têm um efeito neuroprotector superior ao das variedades disponíveis comercialmente, revela um estudo realizado pelo laboratório da Biologia da Doença e do Stress do ITQB/IBET, em colaboração com o James Hutton Institute, no Reino Unido.
“Os principais interesses do grupo de investigação são o estudo de compostos bioactivos de plantas, em particular de frutos, e os seus efeitos benéficos para a saúde humana, nomeadamente na neurodegeneração”, explica Cláudia Santos ao Ciência Hoje.
Nesse sentido, continua a investigadora do ITQB/IBET, “o grupo iniciou a pesquisa incidindo em algumas espécies de amoras silvestres, da área envolvente de Bragança, de acordo com as suas características químicas, como elevado conteúdo em polifenóis”. Em seguida, testou em neurónios cultivados in vitro o efeito de extratos digeridos de duas espécies (Rubus brigantinus e R. vagabundus). Os resultados demonstraram que “as amoras silvestres se salientaram como tendo um efeito neuroprotector mais pronunciado que variedades comerciais”, testadas em paralelo.
O trabalho realizado no âmbito do projecto europeu EUBerry, que visa estudar pequenos frutos, as suas potencialidades e o impacto que têm na saúde humana, também “clarificou que os mecanismos moleculares responsáveis pelo efeito protector associam-se a um efeito hormético”, uma resposta semelhante à desencadeada pelo exercício físico, por exemplo.
No entanto, estes resultados estão a ser consolidados recorrendo a abordagens “ómicas” e, de futuro, “serão aprofundados em outros modelos celulares de neurodegeneração”, em colaboração com o laboratório da Biologia da Citoproteção, do CEDOC.
O estudo dos cientistas do ITQB, publicado no European Journal of Nutrition, “abre uma porta para a valorização das amoras silvestres” de Portugal, contribuindo para a proteção da flora nativa.
Para além disso, “poderá impulsionar a produção destes ‘superfrutos’ com benefícios nutricionais”, salienta Cláudia Santos.
Os próximos passos na investigação já começaram a ser dados com a realização de ensaios de avaliação agronómica na Herdade Experimental da Fataca, em parceria com a Unidade de Sistemas Agrários e Desenvolvimento do INRB.
in Ciência Hoje
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