segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

L de Laranja

Uma boa parte de nós não tem ideia do quanto a laranja nos divulga além-fronteiras. Não que a laranja portuguesa seja muito propalada (apesar da laranja do Algarve estar muito bem cotada), mas sim por a termos “resgatado” à China e divulgado na Europa.

Sempre que se fala em laranja na Grécia, Turquia e Roménia, o nome de Portugal vem à baila com as respectivas designações de “portokalli”, “portakal” e “portocala”. Aliás, a laranja em algumas culturas e países (incluindo o nosso) tem tamanha singularidade que nem existem muitas palavras que rimem com o seu nome. Este citrino manteve a sua importância na nossa alimentação totalmente inalterável, pois para além de ser o fruto fresco com maior volume de produção no nosso país logo a seguir à maçã, tem uma grande versatilidade culinária, onde até para a casca se encontra utilidade.
A história nutricional da laranja tem uma grande protagonista de seu nome vitamina C, tendo esta associação um carácter “eucaliptiano” uma vez que este nutriente eclipsou todos os outros compostos nela existentes. De facto, a vitamina C constitui-se como o seu maior destaque, no entanto a sua quantidade de folato, carotenóides e fibra não são de desprezar.
O que infelizmente acontece muitas vezes é que somos nós a desprezar toda esta riqueza nutricional ao transformar uma laranja no seu sumo, ficando as suas fibras nos labirintos do espremedor e as suas vitaminas a oxidarem diante dos nossos olhos, num espectáculo de raro desperdício. Ainda assim, dentro do espectro da fruta em “estado líquido”, será preferível do ponto de vista das vitaminas, minerais e polifenóis, os sumos naturais de laranja feitos na hora aos sumos 100% e estes aos néctares.
O facto de a sazonalidade da laranja atravessar os meses de Inverno, aliado ao fortalecimento do sistema imunitário decorrente do consumo da vitamina C, sempre colocou na laranja um rótulo positivo no que toca à prevenção de gripes e constipações, sendo que é também a combinação desta vitamina com outros fitoquímicos - com maior concentração na parte branca da laranja - que lhe conferem um papel benéfico em processos de cicatrização e propriedades anti-inflamatórias.
É então importante manter a nossa relação histórica com a laranja estabelecendo sempre o critério de que será melhor comê-la do que bebê-la.

Pedro Carvalho, nutricionista (pedrocarvalho@fcna.up.pt)
in Lifestyle Público

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