sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Portugal é um dos maiores produtores de alfarroba

Clique para consultar algumas receitas que pode preparar, em sua casa, com a farinha de alfarroba que poderá encontrar à venda, sobretudo, em lojas de produtos de dieta ou biológicos:
http://mundodaalfarroba.blogspot.pt
http://farinhadealfarroba.com/Farinha_de_alfarroba/receitas.html

Indústria alimentar, cosmética, farmacêutica e, até, biocombustível. As aplicações da alfarroba, também conhecida como o "ouro negro do Algarve", são infinitas. Neste momento, Portugal é um dos maiores produtores do mundo, gerando cerca de 40 toneladas por ano que são vendidas a indústrias nacionais e estrangeiras.
Terá sido durante a ocupação árabe que a Alfarrobeira chegou a Portugal e ao resto da Europa mediterrânica. O seu fruto era valioso para a cultura árabe que, aliás, se baseava no peso muito constante da sua semente para pesar diamantes, dando origem à medida que ainda hoje se usa para pesar esta pedra preciosa: os quilates.
Apesar das suas inúmeras aplicações, até há pouco tempo, os portugueses apenas usavam a alfarroba para alimentar o gado. Com o objetivo de mudar esta realidade surgiu, em 1985, a Associação Interprofissional para a Produção e Valorização da Alfarroba (AIDA). Sediada no Algarve, a principal região onde ainda hoje se produz alfarroba, a AIDA tem vindo a apostar no apoio à produção, à exportação e, sobretudo, à investigação deste fruto.
"O público em geral desconhece as utilizações mais nobres da semente e da polpa", explica ao Boas Notícias Pedro Correia, professor da Universidade do Algarve e presidente da AIDA, sublinhando que a alfarroba tem aplicações na indústria cosmética, na farmacêutica e na indústria alimentar. "O espessante E410, por exemplo, é na realidade farinha da semente de alfarroba, e é o preferido de algumas das maiores marcas da indústria alimentar por ser mais saudável do que outros espessantes do mercado", sublinha.

Culinária, biocombustível e combate a doenças
As alfarrobeiras têm ainda a vantagem de serem árvores "fáceis", já que não exigem muita água e são resistentes a elevados teores de calcário o que evita a necessidade de aplicar adubos na terra. Por outro lado, com a sua folha perene (que não cai) ajudam a "combater o efeito estufa, devido à sua elevada capacidade de sequestro de carbono", salienta o professor Pedro Correia.
A farinha da polpa da alfarroba é também muito recomendada na alimentação animal e humana devido ao seu alto teor de proteína, cálcio e fibras - funcionando, por exemplo, como um excelente e saudável substituto do tradicional chocolate na confeção de doces e sobremesas.
Há até uma investigação, premiada nos Green Project Awards de 2010, que aponta benefícios para a saúde. O estudo - realizado pelo Instituto Superior Técnico, o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), a Industrial Farense e a empresa Chorondo & Filhos -apostou na extração de poliferois (ácidos de última geração) da polpa de alfarroba para combater doenças como o colestrol e o cancro.
Além de todas as aplicações já referidas, a Universidade do Algarve desenvolveu, recentemente, uma tecnologia capaz de converter o açúcar da polpa em biocombustível, o que poderá contribuir para o desenvolvimento de uma alternativa viável, em Portugal, aos combustíveis fósseis. A mais valia da alfarroba neste processo, em relação aos outros cereais, é o facto de ser muito barata e muito rica em açúcares que são extraídos com poucos gastos de energia.

Portugal entre os maiores produtores mundiais
Com a ajuda da AIDA, efetuaram-se desde os anos 90 muitas novas plantações e investimentos nos pomares existentes. Neste momento, a região tem mais de 15 mil produtores (se incluirmos os pequenos proprietários agrícolas com terrenos com menos de 1 hectare) que produzem cerca de 40 toneladas por ano, vendidas, em média, a 0.30 cêntimos o quilo.
Entretanto, embora o consumidor comum não esteja muito sensível à sua utilização (até porque este fruto e os seus derivados não estão disponíveis na maior parte das superfícies comerciais), "a procura nacional do produto ao nível das indústrias é alta", garante Pedro Correia. Mas a alfarroba algarvia tem chegado, também, ao estrangeiro, com Portugal a exportar para a União Europeia, principalmente Reino Unido e Espanha, para os EUA e para países do Extremo Oriente.
Ainda que enfrentando as dificuldades habituais das associações sem fins lucrativos, sobretudo ao nível de financiamento, a AIDA acredita que Portugal, um dos quatro maiores produtores mundiais - ao lado de Espanha, Itália e Marrocos - poderá tirar um grande partido desta "árvore extraordinária" que, aos poucos, vai conquistando o seu lugar nos mercados e na mesa dos portugueses.

Patrícia Maia
in Boas Notícias

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