É dos frutos com mais fibra, mais carotenos e, por inerência, mais vitamina A.
Verdade seja dita, a manga é um fruto que tem muito pouco a ver com os portugueses. O seu surgimento nas nossas mesas é relativamente recente e, apesar de ser produzida maioritariamente na Ásia, sempre que nela pensamos vêm-nos à cabeça os ambientes tropicais e sul-americanos.
De facto, também do ponto de vista ambiental, a manga não é propriamente o fruto mais ecofriendly, uma vez que não se enquadra nos ideais requisitos de sazonalidade e produção nacional (apesar de já existir uma produção residual no nosso país).
Em todo o caso, a sua composição nutricional merece que lhe façamos uma menção honrosa e que a adoptemos por breves momentos. E merece-o porque quando descrevemos nutricionalmente a manga vemo-nos forçados a utilizar a palavra “mais”. Porque é dos frutos com mais fibra, com mais carotenos (e por inerência com mais vitamina A) e, finalmente, com mais ácido fólico, sendo ainda bastante generosa na quantidade de vitamina C que contém.
É exemplo de uma boa importação e de uma influência externa positiva na nossa alimentação, sendo que nos dias de hoje bem podemos dizer que antes todas as importações de alimentos e “conceitos” de alimentação fossem desta qualidade.
A manga é assim um fruto de mão cheia estando sempre bem cotada quando falamos de potencial antioxidante, regulação do trânsito intestinal, melhoria da qualidade da pele e visão e redução do risco de vários tipos de cancro. Ou seja, do ponto de vista funcional, a manga tem tudo o que um fruto deveria ter e, como tal, é daqueles alimentos que gostaríamos de apadrinhar e de ter mais acessível quer na distância quer no preço.
Ainda assim, apesar de a manga não ser “nossa”, tivemos um papel importante na sua divulgação, uma vez que foram os portugueses que a introduziram no Brasil no séc. XVIII deixando depois para os espanhóis a sua expansão pelo restante continente americano. É no entanto na Índia que a manga atinge o seu auge de popularidade sendo considerada o símbolo do amor e dando as suas formas origem (segundo algumas fontes) ao famigerado padrão de cornucópias que ao contrário daquilo que desejamos para a manga, nem sempre está na moda.
Assim, em virtude das suas origens, comer manga deve ser encarado como ir momentaneamente de férias em plena refeição. E do mesmo modo que não vamos de férias todos os dias, também a manga tem de ser vista como um “fruto/sobremesa doce”. Ou seja, sendo fruta, não é fruta para todos os dias. Não que o nosso organismo não veja tal prática com bons olhos, mas o ambiente, esse, agradece!
Pedro Carvalho, nutricionista (pedrocarvalho@fcna.up.pt)
in Lifestyle Público
Sem comentários:
Enviar um comentário