Para Pensar
"«Um casal que não discute é um casal que me assusta tremendamente. Significa que alguém se está a anular», refere Manuel Peixoto, director clínico do Centro de Estudos da Família e do Indivíduo. Na realidade, existe um preconceito de que é negativo discutir. Mas, na verdade, quando bem aproveitados, os conflitos são uma oportunidade de consolidação da relação a dois. Para construir uma vida saudável como casal, é preciso aprender a lidar com o «choque» e comunicar.
«Nós só não temos conflitos na fase em que temos uma relação em que há fusão com o outro», explica Manuel Peixoto, ou seja, o conflito é natural quando há envolvimento emocional entre duas pessoas com ideias e desejos diferentes. E há que contar, também, com o factor determinante que é a história de cada um, com os modelos de referência familiares que são muito fortes. É vital criar a abertura suficiente para essa operação diária do casal, que é a descodificação do que o outro quer dizer. Como momento de redefinição da relação e dos papéis, «a crise é a grande oportunidade para a mudança», refere o psicólogo.
Mas temos o lado perigoso da discussão, a evitar a todo o custo:
Nunca volte as costas: não se retire, fuja, nem desapareça sem ter terminado devidamente a discussão. É uma desqualificação total do outro. É o mesmo que dizer que não há interesse na conversa e, como tal, na relação. Só vai empolar as emoções e raiva.
Evite triangulações: uma discussão é um momento íntimo e não deve chamar terceiros para tomar partido. Entre marido e mulher, a única colher possível, se for o caso, é a de um terapeuta. Só assim se garante a neutralidade.
Não perca o controlo: mantenha o tom de voz ao nível da conversação. Gritos, agressões (físicas ou verbais) só agravam a situação.
«Acalma-te»: descarte esta expressão, garante-se o efeito oposto. Em vez disso, aja. Toque no seu companheiro, o contacto físico ajuda a acalmar os ânimos.
Não discuta em público: discussões em frente a terceiros (ou dos filhos) é um erro. É importante respeitar a intimidade própria do casal. Encontre um espaço onde se sinta à vontade para discutir."
In Revista Happy - Maio 2006
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