Há muito que queria visitar a Tapada das Necessidades para perceber qual o motivo de tamanha polémica. E na semana passada concretizei o desejo.
Apesar de ser um espaço extraordinário, localizado em Lisboa, que merece a nossa visita e atenção, não consegui conter a tristeza por ver a degradação, o abandono, os maus tratos infligidos nas árvores, a falta de protecção do património nacional, a mesquinhez portuguesa e a pressão imobiliária...
Por mais que tente, não consigo compreender este País, não consigo...
O Palácio das Necessidades (séc. XVIII).
"Consta que o Palácio das Necessidades é da autoria do famoso arquitecto italiano Giovanni Servandoni. Porém, como D. João V não lhe confirmara a Ordem de Cristo, tal como lhe havia concedido o Papa, Servandoni pouco tempo permaneceu em Portugal. Assim, foram mestres portugueses que continuaram e executaram o seu projecto. Com efeito, desses mestres, o mais conhecido foi Caetano Tomás de Sousa, por ter acompanhado de forma continuada a construção deste monumento, considerando-se, portanto, ser ele o verdadeiro arquitecto das Necessidades."
"Consta que o Palácio das Necessidades é da autoria do famoso arquitecto italiano Giovanni Servandoni. Porém, como D. João V não lhe confirmara a Ordem de Cristo, tal como lhe havia concedido o Papa, Servandoni pouco tempo permaneceu em Portugal. Assim, foram mestres portugueses que continuaram e executaram o seu projecto. Com efeito, desses mestres, o mais conhecido foi Caetano Tomás de Sousa, por ter acompanhado de forma continuada a construção deste monumento, considerando-se, portanto, ser ele o verdadeiro arquitecto das Necessidades."
"Todavia, o Palácio das Necessidades não foi habitado por D. João V mas sim por seus irmãos, os infantes D. António e D. Manuel. Assim, veio a servir inicialmente como residência a visitantes ilustres, nomeadamente príncipes estrangeiros de passagem por Lisboa, como sucedeu com o futuro rei Jorge IV de Inglaterra, então Príncipe de Gales, ao partir para e regressar de Gibraltar, e o seu irmão, o Duque de Sussex."
"Em 1833, por iniciativa de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, procedeu-se, então, às primeiras modificações significativas do Palácio das Necessidades, a fim de se destinar a uma residência condigna de uma neta, por via materna, do Imperador Francisco II de Áustria, de uma sobrinha por casamento do Imperador Napoleão I de França com Maria Luísa de Áustria, e de uma filha do Imperador do Brasil, a futura soberana de Portugal, D. Maria II."
"A arquitectura do Palácio das Necessidades é fiel à estrutura característica do século XVIII. Com efeito, a fachada interior dá para um pátio de honra que servia para as entradas espectaculares das carruagens aquando das grandes festas de gala no Palácio. Ao procurar adaptar à sumptuária própria de uma residência real a decoração dos interiores das salas e dos quartos das Necessidades, D. Pedro IV, ou melhor, D. Pedro, Duque de Bragança, assim designado como regente durante a menoridade de sua filha, D. Maria II, mandou, para o efeito, retirar todos os azulejos das paredes, colocar soalho com madeiras exóticas, envidraçar as janelas, em suma, fazer desaparecer, como por encanto, a anterior aparência conventual."
"D. Maria II, já casada, em segundas núpcias, com o príncipe Fernando de Saxe-Coburg-Gotha, primo de Alberto de Saxe-Coburg-Gotha, marido da rainha Vitória de Inglaterra, decide em 1844, empreender outras remodelações no Palácio das Necessidades. Para o efeito, foi incumbido o arquitecto da Casa Real, Joaquim Narciso Possidónio da Silva, de traçar os novos planos e de os executar. Este, por sua vez, solicitou a colaboração do cenógrafo do Teatro de São Carlos, Cinatti, para a direcção artística dos trabalhos em estuque e talha da decoração de interiores. Em relação às pinturas, D. Maria II e D. Fernando II recorreram ao maior mestre da época, António Manuel da Fonseca, que estudara em Roma."
"Durante o reinado de D. Manuel II não se alterou em nada a fisionomia do Palácio. O jovem rei continuou, inclusivamente, a ocupar os seus aposentos de Infante no rés-do-chão, à direita da porta principal da entrada. Em Outubro de 1910, o Palácio foi bombardeado pelo cruzador Adamastor que, do rio Tejo, o alvejou, repetidamente, provocando estragos tanto no exterior como no interior, como prova, ainda hoje, o espelho que ornamenta uma das paredes da Sala Renascença."
"Reza a tradição que a edificação da Capela da Nossa Senhora das Necessidades teve por origem uma lenda. Em 1580, um casal de tecelões, fugindo à peste que então grassava pela cidade de Lisboa, procurou proteger-se, refugiando-se na Ericeira. Nesta localidade, o casal tinha por devoção venerar uma imagem da Nossa Senhora da Saúde, existente numa pequena ermida.
"Dado que estava situada junto ao rio Tejo, designadamente, ao Cais de Alcântara, cedo esta ermida passou a constituir ponto obrigatório de passagem das gentes do mar que a ela recorriam em busca de protecção para a saúde e outras necessidades. A devota imagem da Senhora da Saúde foi adquirindo fama e o seu nome passou a ser associado a outros milagres , o que levou os marítimos da carreira das Índias a formar uma Irmandade que para além de ampliar a ermida, instituíu uma festa anual, a festa do Espírito Santo ou Festa do Azeite, que incluía uma romaria para visitar e venerar a imagem da Nossa Senhora das Necessidades. A lenda da imagem milagreira espalhou-se, rapidamente, por entre a população.
Em 1705, por ter sido assolado por uma doença grave, o rei D. Pedro II solicitou que levassem até si a imagem da Nossa Senhora das Necessidades. Recuperado e grato, o rei fez retornar a milagrosa imagem à sua ermida, prometendo-lhe, em vida, real protecção."
Um pequeno jardim em frente ao Palácio...
com miradouro...
e uma artística fonte.
A entrada na Tapada das Necessidades é gratuita.
O horário é todos os dias das 10h00 às 19h00
(mas nós fomos ao domingo e fecharam às 17h30).
Um colorido primaveril...
Muitas árvores centenárias...
de rara beleza...
e muitas atrocidades também...
As alamedas são magníficas...
e existe muito espaço para se estar...
e árvores a precisarem de limpeza/cuidado...
sendo um perigo para os visitantes.
Assim não é limpar/cuidar de árvores, é tortura...
Porque não se preserva este belo Jardim?
Existem pequenas jóias que podemos descobrir...
Podemos ter esperança?
Lugares mágicos como este, em Lisboa, são raros...
Em tempos, a realeza passeava por estes caminhos...
e bebia água nessa fonte...
e perdiam-se de amores por entre o verde...
Actualmente, tudo está silencioso e vazio...
e esqueceram este Tesouro.
Ou lembram-se da pior forma...
A Magda e o Grupo de Amigos da Tapada tentam fazer algo...
para que fosse possível usufruirmos destes 10 hectares de verde em plena cidade...
mas as dificuldades parecem ser bastantes...
e os resultados não são os melhores...
Que podemos fazer?
como a pedir ajuda...
e dói ver o abandono...
de belas obras de arte, quer da natureza...
quer realizadas pelo Homem...
"D. Pedro V, em 1844, manda construir a estufa circular para a sua esposa D. Estefânia."
2 comentários:
Um Imenso Bem Haja pela enorme sensibilidade e solidariedade demonstradas neste magnífico post!
Que belas imagens e que palavras certeiras.
Já fez muito por este espaço ao divulgá-lo, ao divulgar-nos, ao apoiar com o seu testemunho uma luta justa, pela salvaguarda do espaço e pelo ususfruto de todos!
Vou partilhar com todos os amigos da tapada o seu trabalho.
Pode escrever-nos para
gatnecessidades@gmail.com
Tudo de bom para si e venha muitas vezes à Tapada!
Luís Filipe Maçarico (em nome do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades)
Luís,
muito obrigado pelas suas palavras.
E espero, do fundo do coração, que seja possível fazer algo para salvar este paraíso...
Irei entrar em contacto convosco para ver como poderei ajudar o Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades.
Um bem haja para vós também e muita coragem para a vossa "luta".
Até breve.
Enviar um comentário