quinta-feira, 22 de maio de 2008

As imagens da semana

Peregrinar (pela primeira vez a pé) até Fátima... Um caminho difícil que só quem tem fé poderá realizar.
Fui colocar a minha fé à prova e, mesmo que tenha falhado por momentos, cheguei até Nossa Senhora com o coração cheio de emoção: um misto de alegria, gratidão, dor e muito cansaço.
É uma experiência única que deveria ser vivida não só por promessa, mas para sentir a força das nossas crenças e do nosso Deus. Para compreender a humildade, a esperança, o sofrimento, a alegria, o conforto, a tristeza, o desespero, o apoio, a resistência de nós próprios e dos que nos acompanham.
Um caminho a ser feito em grupo, porque apesar das mazelas habituais das diferentes personalidades, valem-nos em todas as etapas, sejam as mais fáceis ou as mais difíceis.
Foi a minha primeira peregrinação a pé e não será a última, tenho a certeza!
Um muito OBRIGADO a quem me acompanhou e apoiou - inclusive um bem haja para os automobilistas que apitam/acenam e para as pessoas que connosco se cruzam e proferem palavras/gestos incentivando a nossa caminhada. Foi em todos eles que senti a presença de Deus: um Deus amigo, generoso, atencioso, companheiro, Pai que conforta, não nos abandona, partilha, ampara e chama pelo nosso nome.
O meu Deus é um Deus de amor e perdão, e espero que o vosso também seja. E para quem não crê ou tem outra religião, que o amor e o perdão sejam os princípios fundamentais da vossa vida. Só assim poderemos ser felizes neste Mundo.

O primeiro "mata-bicho", ainda estavam todos fresquinhos...
As nossas benfeitoras do apoio foram excepcionais! Comida (bolos deliciosos!), bebidas, simpatia, disponibilidade. Incansáveis!

O segundo "mata-bicho": mas nós só comemos? Vão precisar de muita energia para a caminhada...

Vamos, vamos! Ainda temos muito para caminhar.

Chegada ao local do almoço: tudo já sentado e ainda estamos no final da manhã do primeiro dia...

As amigas do Carro de Apoio: obrigado, de coração!

O almoço do primeiro dia: o grão estava delicioso!

O jantar do primeiro dia: não provei, mas parece que o Doce de Maçã era divino, pois a Custódia não falava em outra coisa!
A primeira bolha (logo no primeiro dia) que os bombeiros trataram quando estava deitada dentro da ambulância (pela primeira vez!) e a quem avisei, para não se entusiasmarem, pois não estava grávida e não iria entrar para as estatísticas elevadas de partos em ambulâncias!

Os Bombeiros da Merceana foram impecáveis. Que Deus os proteja sempre.

A suite e a montagem da cama...

Um aviso: trazer algodão/tampões para colocar ouvidos. Muitos a ressonar e bem alto!
No início do segundo dia: um cafézinho à bondade da Bombeira de Merceana!

O pequeno-almoço num lugar pequeno...

Tomamos conta de tudo, inclusive o JC tirou cafés e serviu quem tinha fome!
E comunicamos com as pessoas boas da terra.
Ser humilde e perceber que por vezes não conseguimos... A minha bolha estragou o pé, tive de parar e ir para a Carrinha de Apoio...

É uma sensação de tristeza e derrota que temos de saber aceitar (mesmo que seja difícil!).
Esta foi uma excelente Carrinha de Apoio!

O JD foi um apoio extraordinário (e não devo ser só eu a dize-lo!) até quando estamos dentro da carrinha...

Aceitar que nem sempre somos os melhores/maiores/mais resistentes/mais corajosos...

Apesar dos bons cuidados dos Bombeiros de Merceana, não coseram a bolha com a linha preta (como manda a tradição!) e voltou a tapar, encher de líquido e rebentar (com a agravante do penso para bolhas ter colado à pele e não conseguir descolá-lo sem fazer um "choradinho"!)
O JD coseu muito bem e aprendi a lição: bolhas sempre cosidas com agulha e linha preta (desinfectada com álcool).
E vejo os primeiros a passarem...
Os segundos....

Os últimos... e decido seguir também. Que se lixem as bolhas!
Um belo almoço no segundo dia! Sempre muita comida. Ninguém emagreceu, pois não? Com tanta comida e doces era muito difícil...
As bolhas e as mazelas começavam a aparecer...
A Custódia conseguiu ganhar o prémio de "Maior Bolha do Grupo" e muitas dores também...

O incansável enfermeiro e cosedor (aprovado!) de pés!

Dormir no grande pavilhão dos Bombeiros de Rio Maior depois de um jantar muito bom, partilhado ali mesmo, foi reconfortante (o pão era caseiro e penso que todos gostaram da sopa de peixe, não foi? Como sou vegetariana não comi mas cheirava bem...).

De um lado mulheres, de outro homens (ainda bem... Os homens ressonavam mais alto e assim ficaram um pouco mais longe... e não estou a dizer mal, só a constatar uma realidade - estatística também!).
O terceiro dia (e o mais difícil para mim) a começar com um cafézito num pequeno local dirigido por um casal já velhote... O cansaço já se fazia sentir assim como as dores...
As saudades de casa (família) também...
Valeu a alegria da nossa menininha Raquel (que deve ter ficado triste ou mesmo zangada comigo, quando disse que não gostava muito de Carmelitas... Desculpa, mas é verdade...).
O almoço do terceiro dia: já muito cansaço e dores em todo lado... E o calor finalmente apareceu.
Um momento de oração: rezamos o terço...
Num local lindíssimo...

Imerso em silêncio...
E contemplação...
E preparamo-nos para a etapa mais difícil...
Subir a serra até Minde...
Quando o corpo já não se quer mexer!
Chegar aos Bombeiros de Minde e ter uma missa no pavilhão onde íamos dormir (com mais não sei quantos) celebrada pelo Padre Chico foram emoções intensas... Só falhou a sopa: era Canja e para uma vegetariana com fome é sinal de maldade. Mas como devia ser a única vegetariana de todo sempre a chegar em peregrinação ali, compreendi e perdoei!
Apesar de chorar quando ía a caminho e cheguei a Minde, na missa controlei-me concentrando-me na camisola amarela...
Que estava quase sempre na minha frente e dizia: Para Fátima Rezamos com Maria.
Acordar no quarto dia sabendo que falta só 18 Kilómetros até Fátima faz-nos esquecer tudo e ter vontade de sorrir!
Uma noite abençoada em colchões decentes dos bombeiros de Minde (para quem está todo dorido é uma dádiva deveras valiosa e gratificante!).
Preparados para sair e para a chuva também (é preferível ao calor!).
Depois de um bom pequeno-almoço, fazemo-nos à estrada (repleta de peregrinos). Faz muita impressão a velocidade dos veículos que passam por nós, nomeadamente camiões... Parece que nos levam também!
Está quase! Quase, quase!
O almoço no quarto dia já em Fátima. Chegamos, finalmente!
Os Guias - quem caminha ao nosso lado; quem nos leva pelo caminho do bem; quem nos protege e consola; quem procura, no meio das dificuldades, a luz para iluminar a escuridão. Os melhores guias do mundo foram estes (com alguns defeitos claro, mas não há seres humanos perfeitos).
E chegamos a esta Casa de Paz, que só quem é católico e acredita, poderá sentir e compreender. E participamos na Procissão das Velas (um dos momentos altos das cerimónias).
Encostamo-nos a ti, Mãe de Deus. Procurando a tua protecção.

O hotel da última dormida resistiu muito bem à muita chuva que caiu durante a noite.

No último dia, o momento é de despedida...

Com lenços brancos, de quem nos chamou. Esperando voltar em breve para agradecer a Nossa Senhora de Fátima o facto de nunca nos abandonar e continuar a amar incondicionalmente todos os Homens.

E cada um de nós retorna a casa, levando uma semente que germinará do encontro peregrino que percorremos em conjunto, nesses dias, até Fátima.
Até sempre!

6 comentários:

Unknown disse...

Gostei da visão que tivestes.
Tens um interior muito bonito e como caminhastes, caminhando compreendestes o sentido da fé.
A visão é única e pessoal.
Faz-te ao caminho com Fé, esperança e caridade. A fé sem acções são obras mortas.
Pratica a caridade/amor e verás o verdadeiro significado da Fé.
Cada caminho é diferente e as coisas boas às vezes atrapanham, é preciso as coisas menos boas acontecerem para nos purificarmos.
As rosas mais belas são as rosas do jardim, mas não te esqueças elas tem espinhos.
J.C.

Maria Lua disse...

JC,

muito obrigado pelas palavras e pela atenção (e pela visita também!).
Sim, a fé sem acções são obras mortas.
Acreditar e ter esperança é um ponto de apoio para prosseguir o caminho, apesar das dificuldades, e saber que connosco caminha o PAI.
Como disse o meu grande amigo João Paulo (e que faço referência todos os dias): "Não tenhais medo e não vos sintais sós!".
Pois bem, vamos em frente, sem medo!
Bom final-de-semana.
:-)

Anónimo disse...

Como é bom partilhar todas estas emoções!

Convido-a a Caminhar do Sul em www.alcacerdosalfatimaape.blogspot.com
Prometo voltar

Saudações peregrinas.
M.João

Anónimo disse...

olaaaaaaaa...amiga zita, nao fiquei chateada eu compreendo a tua posição, nao posso negar que adorei o contacto com as carmelitas mas tb estou de fora, se assim me faço compreender...cada um tem a sua opinião e temos de a saber respeitar...adorei a caminhada e só eu sei o que me custou ver te chorar e entrar na carrinha foi dos momentos mais marcantes para mime tb mais doloroso...obrigada pelas fotos. beijinhos grandes

Maria Lua disse...

Olá M. João,

muito obrigado pela visita e convite (vou espreitar tudo no site!).
E seja bem-vinda sempre.
Saudações peregrinas também para si e boa semana.
:-)

Maria Lua disse...

Menininha Raquel,

que boa visita! Ainda bem que não ficaste sentida comigo... tenho o péssimo hábito de falar sem pensar e por vezes temos de ser mais contidos, porque os outros pensam/são e sentem de forma diferente.
Mas fiquei feliz com as tuas palavras!
Obrigada pela solidariedade quando fui para a carrinha, também para mim foi um momento intenso... Mas que já passou e aprendi a lição.
Boa semana e muitos beijinhos.
:-)