"Houve um tempo em que eu não sabia que as coisas têm valor não pelo que valem mas pelo que significam. E que a morte não chega com a velhice ou a doença ou o acaso mas com o esquecimento.
Houve um tempo em que eu não sabia que quando um recém-nascido aperta com a sua mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. E que um homem só tem direito de olhar para outro de cima para baixo se for para o ajudar a levantar-se. Era outro tempo. Um tempo em que eu ainda não sabia que todas as coisas tem um fim.
Outro tempo, merda, outro tempo."
Teatro "Só entra se vier às Fatias"
EPC - Estabelecimento Prisional de Coimbra
Texto colectivo/Dramaturgia - Luís Mourão
Interpretação - Adriano Soromenho, Anónimo Italiano, António Santos, Eduardo Cardoso, Ernst Korff, Jaime Guedes, Joaquim Ferreira, José Oliveira, José Tavares, Kalu, Mário de Sousa, Nelson Marques, Roberto Nóbrega, Sérgio Ferreira, Stephane da Silva
Canções originais - Adriano Soromenho
Encenação e Cenografia - Andrzej Kowalski
"No túnel do Estabelecimento Prisional de Coimbra, foram estas as palavras que marcaram o início do espectáculo teatral “Só entra se vier às fatias”.
Palavras e gestos, representados por quinze reclusos do EPC, que são também pedaços de todos nós. Relatos de solidão, medo e esperança que, entre 17 a 20 de Dezembro, esgotaram a mais peculiar sala de teatro do país. Um acutilante retrato, escrito por homens enclausurados, a recordar-nos, lá dentro e cá fora, a importância do sonho, o prazer da liberdade e o valor da utopia."
Artigo completo aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário