quarta-feira, 11 de março de 2009

Degenerescência Macular da Idade (DMI)
http://www.dmi.com.pt

É a principal causa de cegueira, depois dos 50 anos, no mundo industrializado mas pode ser travada se for detectada a tempo. Saiba como

"A DMI, Degenerescência Macular da Idade é, segundo a Organização Mundial de Saúde, a principal causa de cegueira a partir dos 50 anos de idade, nos países desenvolvidos.
Em Portugal, estima-se que 300 mil pessoas sofrem de DMI e 45 mil correm sério risco de cegar. "Todos os anos cerca de 4.500 pessoas são atingidas pela doença na sua forma mais grave e sofrem perda grave de visão num ou nos dois olhos", alerta Rufino Silva.
A prevenção e o diagnóstico atempados são a única forma de travar a progressão da doença para um estado de cegueira parcial altamente incapacitante.
O que é a DMI?
É uma doença degenerativa da mácula, uma pequena área na retina responsável pela visão central (aquela que permite ver claramente pequenos pormenores) que conduz a um estado de cegueira parcial, caracterizado pela incapacidade de ler, conduzir, ver televisão, reconhecer caras...
Um doente com DMI preserva apenas a visão lateral ou periférica do olho. Daí não se falar em cegueira total mas sim em cegueira de leitura– que lhe permite caminhar e movimentar-se. Uma vez destruída, a mácula é irrecuperável, pelo que, à semelhança das outras doenças maculares, a DMI não tem cura.
Como se manifesta?
Apesar da sua gravidade, numa fase inicial, a DMI poderá passar despercebida ao doente, uma vez que, na generalidade dos casos, começa por afectar apenas um dos olhos e o olho saudável compensa a falha de visão. Só quando a DMI atinge o segundo olho (é uma doença bilateral) é que a perda de visão é sentida.
Nessa altura, porém, já não é possível recuperar a visão perdida, só travar a sua deterioração daí em diante. De acordo com Rufino Silva, "o segundo olho a ser atingido pode cegar, em metade dos casos, nos cinco anos seguintes ao aparecimento da doença no primeiro olho".
O diagnóstico precoce assume, por isso, um papel determinante no combate à DMI, pelo que ao primeiro sinal denunciador é importante consultar um oftalmologista.
Qual a sua causa?
A DMI é uma doença degenerativa complexa. Existem dois tipos de DMI (exsudativa ou húmida e atrófica ou seca) e cada um deles tem diferentes causas bem como distintas formas de evolução. A idade (mais de 50 anos), a história familiar e o tabaco são, porém, factores de risco bem definidos para qualquer dos casos de DMI.
Para além disso, acredita-se que a exposição frequente e prolongada ao sol e a prática de uma dieta alimentar pobre em antioxidantes possam estar entre os factores de risco que predispõem o seu desenvolvimento.
DMI Exsudativa
É a forma menos frequente de DMI. Representa 10 a 20% dos casos de DMI mas é a mais agressiva. Pode conduzir à perda irreversível de visão (de leitura ou visão central) num espaço de semanas ou dias, sendo responsável por 90% dos casos de cegueira por DMI.
É causada por:
Esta forma de DMI resulta do surgimento de novos vasos sanguíneos anómalos e muito frágeis na retina (neovasos), que vertem líquido ou rebentam, originando uma hemorragia que danifica o tecido macular e, por conseguinte, a visão central.
Sinal de alerta:
Visão distorcida e perda rápida de acuidade visual.
Tratamento:
Os métodos mais usados são:
1 -Fotocoagulação por laser térmico: Através da utilização de uma luz de alta energia, sela os neovasos na origem da degenerescência. Apesar de criar um ponto cego permanente no campo de visão, evita que ocorra uma maior deterioração da visão em termos globais. Segundo Rufino Silva, "este tratamento é viável apenas quando os neovasos não estão situados no centro da mácula (em menos de 5% dos casos)".
2 -Terapêutica fotodinâmica: Consiste na injecção intravenosa de um fármaco que se acumula nos vasos anormais e é accionado por uma luz de baixa intensidade de forma a destruí-los. O procedimento tem de ser repetido periodicamente, e a visão pode melhorar para o dobro em cerca de 6% dos caos.
3 -Tratamento com injecção intra-vítrea de anti-angiogénicos (prática clínica mais recente):Os anti-angiogénicos são medicamentos injectados dentro do olho (praticamente indolor), na cavidade vítrea, que impedem o crescimento dos neovasos (actividade anti-angiogénica) e reduzem drasticamente a passagem de líquido através das suas paredes (actividade anti-permeabilidade).
Permitem aumentar a visão para o dobro em mais de um terço dos pacientes tratados e constituem a primeira arma terapêutica na maioria dos casos de DMI exsudativa.
A injecção tem de ser repetida na maioria dos casos sendo necessário vigiar a evolução da doença com uma periodicidade que varia entre 4 a 6 semanas.
4 - Dispositivos ópticos:Quando a doença provoca uma perda grave e irreversível de visão, o doente pode beneficiar da utilização de dispositivos ópticos para baixa visão, como aparelhos de aumento e material de leitura impresso em letras grandes, de forma a melhorar a sua qualidade de vida.
DMI Atrófica
É a forma mais comum da doença, representa 80 a 90% dos casos de DMI, e a menos agressiva: apenas 10 a 20% dos casos evoluem para cegueira. A perda de visão é muito lenta, pelo que a maioria dos doentes consegue levar uma vida quotidiana activa.
É causada por:
Esta forma de DMI não resulta da neovascularização. É a atrofia e a morte celular a nível da mácula que provoca a perda de visão central.
Sinal de alerta:
O sinal mais precoce é um ponteado sob a retina que denuncia o aparecimento de drusen (pequenos depósitos amarelos debaixo da retina) na região macular, que acabam por impedir a alimentação das células maculares responsáveis pela visão central, levando à sua morte.
De acordo com Rufino Silva, "só o oftalmologista consegue detectar e avaliar a gravidade destas alterações na sua retina".
Tratamento:
Actualmente, não há tratamento para este tipo de DMI. Contudo, os especialistas acreditam que uma dieta alimentar equilibrada e o recurso a suplementos antioxidantes podem retardar a progressão da doença.
Como prevenir?
Dado os efeitos da DMI serem muitas vezes imperceptíveis (para o doente) até surgir uma alteração acentuada na sua acuidade visual, é fundamental que as pessoas com mais de 50 anos consultem um oftalmologista pelo menos uma vez de dois em dois anos.
O sinal mais importante do aparecimento da doença, na sua forma exsudativa (a mais grave e de evolução mais rápida) é a distorção ou metamorfopsia. Detecta-se de uma forma muito fácil: numa folha de papel quadriculado as linhas aparecem onduladas ou distorcidas podendo aparecer cortadas por sombras e, ao olhar para os telhados ou para os ombrais das portas estes não são rectos mas ondulados.
Nas pessoas que apresentam factores e risco, o oftalmologista pode indicar a utilização regular de uma Grelha de Amsler para efectuar a monitorização dos sintomas.
Para além disso, os especialistas recomendam a adopção de uma série de hábitos de vida saudáveis que, potencialmente, poderão evitar o aparecimento de doenças degenerativas, como a DMI:
Não fume;
Siga uma alimentação abundante em fruta e legumes (ricos em antioxidantes), tais como: cenoura, couves, espinafres, milho, brócolos, ervilhas, feijão verde, tomate, alface..., e em peixes gordos (sardinha, salmão, cavala etc);
Reduza o consumo de gorduras saturadas e o colesterol;
Reduza o consumo de álcool;
Mantenha a tensão arterial baixa;
Use óculos de sol para proteger os olhos dos raios UV;
Use chapéu de pala na frente para criar sombra nos olhos.
Antioxidantes contra a DMI
Uma dieta saudável, rica em antioxidantes e sais minerais está associada à prevenção e ao atraso da evolução da DMI.
Um estudo conceituado (denominado AREDS) demonstrou que suplementos alimentares com concentrações altas em antioxidantes e zinco podem reduzir a perda da visão em pessoas com DMI.
A luteína e a zeaxantina (carotenóides antioxidantes) podem ajudar a prevenir a DMI ao proporcionarem protecção contra a luz-azul nociva. Os legumes de folha verde, particularmente os espinafres e a couve portuguesa, são uma boa fonte destes antioxidantes.
Esteja atenta aos sintomas:
Distorção das imagens;
Uma mancha escura ou esbranquiçada no centro do campo visual;
Perda rápida da acuidade visual para perto e para longe;
Diminuição da sensibilidade ao contraste;
Alteração das cores.
Se tem mais de 50 anos e notou alguns destes sintomas, consulte de imediato um oftalmologista para fazer um diagnóstico rápido.
Teste a sua visão
Através de uma grelha Amsler, como a que vê abaixo, pode detectar mudanças na sua visão que seriam imperceptíveis de outra forma. Coloque a grelha na porta do frigorífico e faça o teste diariamente, sobretudo se tem mais de 65 anos.
Como usar a grelha Amsler:
Coloque os seus óculos de leitura e segure esta grelha à distância de 30-45 centímetros, com boa iluminação.
Tape um olho. Olhe directamente para o ponto no centro com o olho descoberto.
Repare se todas as linhas são rectas ou se alguma área parece torta, enevoada ou escura. Repita este procedimento com o outro olho.
Se alguma área da grelha parece ondulada, enevoada ou escura, entre em contacto com o seu oftalmologista imediatamente."

Texto: Fernanda Soares
Revisão científica: Dr. Rufino Silva (oftalmologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra)
In site Sapo Saúde

4 comentários:

Artemísia disse...

E infelizmente, não apenas idosos...

Maria Lua disse...

Bom dia Artemísia,

assim parece ser a realidade de uma doença dos países industrializados...
Só agora tive conhecimento da mesma porque sou voluntária na S.C.Misericordia de Lisboa e dou assistência a uma idosa (que vive completamente sozinha) com essa problemática e não é fácil...

Artemísia disse...

e eu descobri que tenho um primo com uma forma de degeneração da mácula... aos 26anos...:(

Maria Lua disse...

Boa tarde Artemísia,

pois, aos 26 anos deve ser muito difícil mesmo...
:-(