segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que é que eu tenho para ti, meu amigo?

As últimas flores dum jardim de Inverno, para brilharem na escuridão. A receita que me pediste. Um envelope de sementes. Um frasco vazio de perfume para a tua filhinha. Uma fatia de pudim de pão frio. Uma revista lustrosa, encontrada num comboio. Scones acabados de sair do forno. Um gatinho listrado se o quiseres. Uma poltrona já velha, para dar um pouco de conforto à primeira casa do teu filho. Um copo de vinho. Um borrifo de perfume. Meia caixa de plantas para transplantar.
Duas mãos, uma esfregona e apoio quando a máquina de lavar loiça enlouquece.
Umas costas para amparar o guarda-fato que queres mudar de lugar.
Um ombro muito parecido com o da tua mãe para chorares.
O episódio da telenovela que perdeste, tintim por tintim.
Café.
Primeiros socorros.
Uma extensão do teu próprio vocabulário em situações de indignação.
Notícias da tua terra.
Disponibilidade. Noite e dia.

Pam Brown
In “Amigos. Uma saudação” – Texto Editora

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