sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Federação Europeia dos Bancos Contra a Fome salienta trabalho português com presos

O Banco Alimentar Contra a Fome tem uma parceria com algumas cadeias portuguesas para produzir vegetais: dá as sementes e os prisioneiros cultivam-nas. O programa de inclusão social foi hoje apontado pela Federação Europeia como um bom exemplo.
“Os Bancos Alimentares decidiram alargar a sua ajuda e criar programas de inclusão social. E neste campo Portugal tem um trabalho notável que está a desenvolver com os presos”, disse Veronique Regimbeau, da Federação Europeia dos Bancos Alimentares Contra a Fome, à margem do fórum contra a pobreza que está a decorrer em Bruxelas, no âmbito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social.
A responsável explicou que o Banco Alimentar oferece as sementes, o município cede o terreno e os prisioneiros vão para a terra trabalhar. “Em Portugal, o Banco chegou a acordo com as prisões e agora os presos estão a cultivar alimentos que depois regressam para os Bancos Alimentares para serem distribuídos por quem mais necessita”.
Segundo a responsável da Federação, “estes programas são muito importantes”, porque “não basta dar alimentos, é preciso dar ferramentas para que as pessoas possam reagir às situações e tenham forma de o fazer”.
No entanto, dos 16 países europeus que têm Bancos Alimentares foram “poucos” os que já avançaram com programas de inclusão social. Por exemplo, no ano passado, os Bancos Alimentares empregaram mais de 300 pessoas por um período de um a três anos, lembrou a responsável.
Em toda a Europa, 79 milhões de pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza e, entre estes, 30 milhões sofrem de subnutrição, segundo informações do Eurostat relativas a 2009. Só no ano passado, os Bancos distribuíram mais de 328 mil toneladas de alimentos que alimentaram 4,7 milhões de pessoas.
Veronique Regimbeau confirmou que o número de pessoas a necessitar ajuda tem vindo a aumentar e que, apesar da crise, também as ofertas têm crescido. “De 2008 para 2009 verificou-se um aumento da procura de mais 3,57 por cento. Ou seja, passámos de 4.532,238 para 4.633,866 pessoas ajudadas”.
A comida que é recolhida pelos Bancos é depois distribuída por instituições de solidariedade que conhecem quem mais necessita de ajuda. No ano passado, as instituições apoiadas pelos Bancos passaram as 25.900.
Criada em 1986, a Federação Europeia reúne 232 Bancos na Europa que todos os dias lutam contra a fome e o desperdício de comida graças à ajuda de instituições públicas, empresas e pessoas individuais.

In Público

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