terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os danos reais das turbinas eólicas sobre as aves

Um estudo internacional liderado pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), em Espanha, assegura que o impato estimado nos relatórios de impato ambiental na concessão de licenças para parques eólicos não corresponde aos valores reais da mortalidade das aves.
Esta é uma das principais conclusões deste estudo que foi publicado na revista científica “Journal of Applied Ecology”. A investigação sugere que as administrações públicas podem estar a conceder licenças de construção de parques eólicos com base em critérios errados. “Este trabalho demonstra pela primeira vez que a metodologia para estimar o impacto dos parques eólicos utilizadas na Europa e nos Estados Unidos, é inadequada”, explica o investigador do CSIC Miguel Ferrer, da Estação Biológica de de Doñana, e presidente da Fundação de Migres, em Espanha.
A investigação compara os dados recolhidos durante 3 anos em 20 parques eólicos com os valores estimados para estas instalações na avaliação de impacto ambiental anterior à sua construção, assim como outros 33 projectos de campos eólicos que não tiveram aprovação por parte da Administração Pública. Todos os locais estudados se situavam na região andaluza de Tarifa, Espanha.
Segundo Ferrer, “os dados do estudo indicam que durante os últimos anos foram autorizados parques eólicos que segundo os estudos anteriores eram seguros quando, na realidade, a sua mortalidade resultou ser muito mais elevada uma vez operacionais. Do mesmo modo, é muito possível que seguindo estes critérios erróneos se tenha negado a autorização a parques eólicos que pudessem ser mais seguros para as aves.”
Actualmente a avaliação de impacto ambiental anterior à construção está a medir os parâmetros do parque eólico, que poderá ter mais de 20 turbinas, como um todo. No entanto, os resultados da investigação demonstram que o valor da mortalidade das aves e a sua distribuição varia muito entre turbinas contínuas, já que as correntes de vento e o declive da área determinam o comportamento das aves.
Por isso, os investigadores propõem que a avaliação e a autorização para os locais dos futuros parques eólicos se baseiem nos parâmetros de cada aerogerador de forma individual e não no conjunto do parque. Para além disso, a investigação sugere o uso de tecnologias, como as simulações prévias em túneis de vento, que permitem aumentar a qualidade das estimativas de risco, para poder compatibilizar a geração de energia não contaminante e a conservação da biodiversidade.
Os parques eólicos geram pouca ou nenhuma contaminação. No entanto, um dos seus principais impactos negativos for a mortalidade das aves por colisão com os motores e com as turbinas. Segundo esta investigação, a mortalidade das aves varia muito de um parque para outro e algumas espécies são mais afectadas que outras. Em concreto, a taxa das rapinas contra as turbinas foi das mais altas registadas até ao momento. A espécie que tem mais vítimas é o grifo, com cerca de 23% das mortes.
Fonte: www.elmundo.es

Ana Ganhão
in Naturlink

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