Portugal deverá falhar a meta de reciclagem de embalagens de vidro que tinha de cumprir em 2011. Dados da Sociedade Ponto Verde (SPV) – que gere as obrigações de reciclagem em nome de produtores e distribuidores – sugerem que o país não terá chegado à meta de 60% para o vidro, fixada por uma directiva europeia.
Os números da SPV referem-se apenas às embalagens das empresas que aderiram aos sistema colectivo do “ponto verde”. Mas, no caso do vidro, o resultado da SPV não fica longe do desempenho global do país, pois a maior parte das garrafas está abrangida pelo sistema. O mesmo não se pode dizer para outros materiais, como o papel e o plástico, que têm também outros circuitos de reciclagem.
No ano passado, a SPV enviou para a reciclagem 217.159 toneladas de garrafas de vidro, ficando 7,1% aquém da meta. Foi a única meta que a própria SPV não cumpriu – dado que está sujeita aos mesmos valores de reciclagem do país, embora aplicados apenas ao seu universo, o das embalagens que têm o “ponto verde”.
Em todos os outros materiais, as metas foram largamente superadas – em 15% no caso dos plásticos, 25% para o papel/cartão, 33% para os metais e 63% para a madeira. No cômputo total, a SPV ultrapassou em 9% a meta global de reciclagem de todas as suas embalagens, que era de 55%.
O PÚBLICO solicitou à Agência Portuguesa do Ambiente, há cerca de uma semana, dados globais de cumprimento das metas para o país, mas até ontem não obteve resposta.
Seja como for, os números da SPV mostram que os portugueses permanecem adeptos do ecoponto. E mesmo o problema das garrafas não passará tanto pela adesão das famílias. “A maior quantidade de vidro está nos hotéis, cafés e restaurantes”, explica Luís Veiga Martins, director-geral da SPV.
“É a prova de que o sistema de recolha selectiva tem de evoluir muito”, avalia, por sua vez, Rui Berckmeier, da associação ambientalista Quercus. Mas a SPV assegura que a infraestrutura existe e que uma campanha lançada no ano passado teve resultado. “Apesar de tudo, continuam a aumentar as quantidades de embalagens recicladas”, afirma. O vidro, embora não tenha cumprido a meta, subiu 13% em relação a 2010.
Os números globais escondem variações regionais. A empresa Valorsul, que trata do lixo de 19 municípios da Grande Lisboa e da região Oeste, o volume de materiais reciclados caiu em 2011: menos 2,2% no vidro, menos 13,1% no papel/cartão e menos 0,9% nos plásticos. Mas a própria quantidade total de resíduos foi menor, tendo caído 5% - ou seja, quase 50 mil toneladas a menos de lixo.
Ricardo Garcia
in Ecosfera
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