"Estou aqui construindo o novo dia com uma expressão tão branda e descuidada que dir-se-ia não estar fazendo nada. E, contudo, estou aqui construindo o novo dia!" António Gedeão
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Ave do Ano 2013 – Abetarda
Onde observar a abetarda?
A abetarda vive em meios agrícolas abertos, sem arbustos e com árvores escassas, normalmente em mosaicos de cereal de sequeiro, leguminosas, restolhos, pastagens e pousios. Ocorre quase exclusivamente na planície alentejana, onde pode ser observada nas IBA’s (Áreas Importantes para as Aves) de Castro Verde, Cuba, Campo Maior, Vila Fernando/Veiros e Mourão/Moura/Barrancos.
O que come?
Os adultos são principalmente herbívoros, consumindo folhas tenras, rebentos, flores e também algumas sementes. Os pintos alimentam-se, numa primeira fase, de insectos e outros invertebrados do solo, e com o crescimento passam para uma dieta vegetal.
Estatuto de conservação
A abetarda sofreu um declínio acentuado desde o século XIX, tendo-se extinguido em muitos países da Europa. Dentro da União Europeia, as maiores populações encontram-se em Espanha e em Portugal, existindo ainda populações relíquia em vários países Centro Europeus. Em Portugal existem apenas 1500 abetardas e a espécie encontra-se Em Perigo de extinção.
Ameaças
As principais ameaças para a abetarda estão relacionadas com a alteração do uso do solo e com a mortalidade de aves por causas não naturais. A intensificação agrícola é particularmente grave, devido à substituição dos mosaicos extensivos por regadio e culturas permanentes. Também o abandono dos campos, traduzido na florestação de terras agrícolas, faz desaparecer o habitat desta espécie.
A mortalidade causada por colisão com cabos de transporte de electricidade e a caça furtiva são localmente muito negativos. É fundamental que os troços mais negros da rede eléctrica nacional sejam sinalizados e que a instalação de novas linhas seja bem planeada.
A importância da Política Agrícola Comum para a abetarda
A agricultura já não produz apenas bens alimentares e fibras. Produz também serviços. Neste contexto, é necessário que os agricultores, proprietários agro-florestais e os decisores políticos saibam que a biodiversidade rural é uma mais valia económica, na valorização dos produtos e serviços agrícolas. Uma agricultura de usos múltiplos, baseada na qualidade do ambiente, é essencial para o desenvolvimento sustentável do país.
A política agrícola da Europa precisa urgentemente de uma reforma. Há mais de 50 anos que práticas agrícolas nocivas poluem o solo, água e ar, e são subsidiadas e incentivadas pela União Europeia, enquanto a agricultura sustentável é renegada para segundo plano. É hora de mudar a Política Agrícola Comum (PAC), de modo a apoiar as boas práticas agrícolas e o desenvolvimento rural sustentável. A PAC deve subsidiar práticas que respeitem a natureza, produzam alimentos saudáveis, de modo sustentável, para as gerações futuras. Os eurodeputados e o governo Português têm o poder de votar uma PAC que não desperdice o dinheiro público e apoie a produção de alimentos através de práticas agrícolas que protejam o solo, a água e a biodiversidade. Uma PAC exigente em padrões ambientais, que crie medidas de desenvolvimento rural sustentável realmente eficazes. Isso vai beneficiar os agricultores, a sociedade actual e as gerações futuras.
in SPEA
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