quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Não seremos quase todos culpados?

Sobre Radares
Outubro 26th, 2006


"Um colega de trabalho disse-me em tempos algo que me deixou, na ocasião, perplexo: «Nunca dou sinais de luzes quando vejo uma brigada, simplesmente sigo como se não se passasse nada».
Não podia ser. TODA A GENTE avisa o outro, disse-lhe.
«Pois, dás sinais de luzes a um traficante de droga ou a um traficante de armas, que foge para uma rua secundária e safa-se de ser apanhado. Ou então podes estar a dar sinais de luzes a um bebedolas que uns quilómetros à frente vai matar uma velhinha a atravessar na passadeira ou a enfaixar-se contra uma paragem de autocarro [como um caso, então recente, ocorrido há meia dúzia de anos no Porto]».
Fiquei siderado.
Filho de um comunista perseguido pelas suas ideias, antes e depois do 25 de Abril - sobretudo depois quando uns betinhos se lembravam de ir dar uns tiros para a delegação da Inter na Avenida da Boavista; nascido no dia a seguir ao Primeiro de Maio e conhecedor das tácticas policiais no dia anterior ao meu nascimento; ascendido à classe média graças a uma loja, da mãe, chamada Smuggler; contestatário e pouco obediente a fardas; um insurrecto, digamos, ficaria siderado.
Mas tive de concordar.
E hoje lembrei-me dessa conversa ao ler, algures, um post sobre os sites que indicam onde estão os radares da polícia. Espero que o(s) autor(es), agora que já apareceram na televisão, pensem um bocadinho e desliguem o site."

In blog: http://jornada.wordpress.com/2006/10/26/sobre-radares/#more-3396

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