terça-feira, 28 de novembro de 2006

Não deveria ser o contrário? Parque Eólico "ameaça" colónia de morcegos?

Colónia de morcegos “ameaça” parque eólico
Segunda-Feira, 27 de Novembro de 2006

"Aerogeradores podem vir a ser desmontados no Parque Natural da Serra da Estrela.
Os parques eólicos de Alvoaça e Videmonte, que ainda não estão a funcionar, podem estar em risco, caso se confirme serem prejudiciais para uma colónia de morcegos.
A sobrevivência duma colónia de morcegos pode provocar o desmantelamento do parque eólico de Alvoaça, um dos dois actualmente em construção na zona protegida da Serra da Estrela. Já em fase de conclusão, as máquinas estendem-se pelos concelhos de Seia e Covilhã, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), local também escolhido para o parque eólico de Videmonte, em Celorico da Beira.
Duas estruturas que, apesar de produzirem energias limpas e renováveis, são contestadas pelos ambientalistas da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e da Quercus, preocupados com os prejuízos causados aos animais e à vegetação existentes.
O desmantelamento dos gigantescos aerogeradores que afectem a população de morcegos de Alvoaça está previsto na Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do parque eólico, assinada em Maio de 2004 pelo então secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins.
Questionado pela agência Lusa, o director do PNSE, Fernando Matos, assumiu que a decisão será tomada de acordo com a lei, após análise do plano de monitorização daqueles animais. "Quem faz o plano não é o Parque Natural, é uma entidade privada. Nós temos de o analisar e decidir de acordo com a lei", sustentou.
Fernando Matos, minimiza a questão, afirmando que os dois parques, foram os únicos autorizados por se situarem na periferia do PNSE, "numa zona complementar, com menos condicionalismos" do ponto de vista da preservação de animais e plantas.
O responsável explicou que o plano de ordenamento do PNSE prevê a instalação e utilização de energias alternativas e que as propostas são analisadas caso a caso. “Situações que não vamos permitir é a introdução em zonas mais sensíveis, como a zona de reserva biogenética", garantiu.
Segundo Fernando Matos, no caso de Alvoaça, os responsáveis da zona de paisagem protegida exigiram a alteração da localização de aerogeradores por coincidirem com alguns valores naturais e vestígios arqueológicos que tiveram de ser preservados. "Houve uma série de condicionalismos colocados à empresa, que acabou por os aceitar" sublinhou Fernando Matos.
* Agência Lusa
Sem data para funcionar

Quanto a futuros parques eólicos na área do PNSE, Fernando Matos aludiu a uma única proposta, na zona de Manteigas, "mais atrasada" e que ainda não possui estudo de impacte ambiental. Segundo o responsável do PNSE o parque de Celorico da Beira, da empresa Gamesa, "irá ser inaugurado em breve". O da serra da Alvoaça, da Enernova (grupo EDP), ainda não há data prevista para entrar em funcionamento.
Ambientalistas criticam estrutura

Parque da Serra da Alvoaça “foi asneira prévia”
Liga da Protecção da Natureza (LPN) e Quercus dividem-se quanto à possibilidade de concretização do desmantelamento dos parques eólicos: a primeira duvida que venha a ocorrer, a segunda não está assim tão céptica. "Não acredito, mas devia ser assim, porque foi uma asneira prévia” disse à Lusa Eugénio Sequeira, presidente da LPN.Já Samuel Infante, da delegação de Castelo Branco da Quercus, observa que o desmantelamento "é fácil do ponto de vista técnico". E adianta: "Caso fiquem provados os impactos, se houver mortalidade de animais, será preciso desmontar as estruturas dos aerogeradores eólicos".
Justificando a posição contrária à construção deste tipo de parques nas zonas protegidas, a Quercus recorda que os geradores causam sempre impactos negativos devido às infra-estruturas anexas e estradas em zonas antes inacessíveis, onde ocorrem atropelamentos de animais, e linhas eléctricas onde as aves podem embater. "Resulta em perdas de habitat. O território nacional é tão extenso que é um disparate estar a sobrecarregar as áreas protegidas" frisou Samuel Infante.
Eugénio Sequeira, afirmou que o parque da Serra da Alvoaça "nunca devia ter sido montado quando há fauna a preservar". A LPN considera que, em Portugal, os planos de monitorização estão a ser mal medidos" e os estudos "mal feitos", defendendo, ao invés de análises caso a caso, um plano global para o País, a elaborar pelo Governo."
José Luís Sousa

In site: www.diarioxxi.com

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