terça-feira, 31 de julho de 2007

Viver o Sol com Sensatez

"(...) A partir de que idade se pode levar uma crianças à praia?
Quando os pais me dizem: "Sr. doutor, mas o pediatra disse para eu dar muita praia ao menino" e a criança só tem 1 ano de idade, eu fico sem perceber para quê. A radiação ultravioleta que apanha na rua, no dia-a-dia, mesmo com a roupa vestida, serve para a síntese da Vitamina D. E é disso que estamos a falar, porque a radiação é útil e necessária para a síntese da Vitamina D. Portanto não vejo porque é que a criança de 1 ano vai para a praia. Vai para a praia para quê? Para comer areia? A criança diverte-se? Não. É um ambiente tranquilizante? Não, a praia tem um ambiente excitante que não é benéfico para a criança, ao contrário do campo que tem um ambiente calmante. Ora eu não percebo o que é que a criança vai para a praia fazer, antes dos dois anos de idade. (...)
Existem circunstâncias em que o sol é prejudicial, ou exige protecção mais alta do que seria indicada pelo fotótipo (saúde, gravidez, tratamentos, remédios tomados...)?
Para mim, a protecção deve ser sempre igual, sempre a máxima! Volto a dizer, não há protectores solares que nos valham entre as 11h30 e as 16h30, não há. Aliás porque a filosofia dos protectores solares não é essa, a filosofia é aplicá-los e respeitar os horários. Aliás há uma corrente de opinião nos Estados Unidos que diz que os protectores solares só vieram aumentar a incidência do cancro cutâneo, porque as pessoas acham que a partir do momento que os aplicam podem andar todo o dia ao sol. Pensam que é um escudo invisível, mas não é. Há pessoas que não devem, pura e simplesmente, apanhar sol. Por exemplo uma pessoa que tenha tido um melanoma maligno, para mim, deve ir à praia entre a meia-noite e as 5 manhã. Pessoas com determinadas doenças como lúpus, grávidas, pessoas com acne, não devem apanhar sol. Há problemas que não melhoram, mas que apenas disfarçam com o bronzeado. Muitas vezes até pioram, como é o caso da rosácea. Mas a protecção deve ser sempre a máxima.
Qual é o perigo dos escaldões (além da dor e do mal-estar)?
E da queimadura. Os escaldões têm uma importância muito grande, hoje sabe-se, além dos factos genéticos, que estão na génese do melanoma maligno, que é o tumor maligno mais grave e com maior índice de mortalidade. Hoje está provado que este é o nosso tumor. O tumor dos que trabalham dentro de casa e que de repente se vão expor à radiação ultravioleta porque querem gozar ao máximo as suas curtas férias. Fazem vela, fazem ténis, fazem golfe. Estiveram todo o ano dentro de casa e de repente BIMBA! Exposição solar! Escaldão! Já há pessoas com esse melanoma maligno relacionado com os escaldões dos que trabalham dentro de casa, além dos factores genéticos. Porque depois o basalioma, ou carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular estão relacionados com o factor cumulativo da radiação ultravioleta ao longo dos anos.
Será necessário repetir com frequência a aplicação de um protector ao longo de um dia de praia?
Depende do tempo que se está na praia. Se estiver muitas horas na praia, transpirar muito e tomar muitos banhos, aí é preciso. Mas, se só estiver duas horas e tiver tomado um só banho, não há necessidade de repetir a operação."

Dr. Luiz Leite (Dermatologista)
in Revista Perfumes & Co, Junho/Julho 2007

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