domingo, 4 de novembro de 2007

As imagens da semana

Apesar de já ter visitado muitos castelos, continuo a dizer que, para mim, o Castelo de Leiria é o mais bonito.
Uma preciosidade, um marco histórico único em Portugal pelas suas características arquitectónicas, um orgulho para as gentes desta cidade (Inês, tens um magnífico Castelo, quando for visitar-vos para conhecer a Carlota, tenho de ir lá novamente!) e um local a merecer a nossa atenção.

"A sua construção teve início provavelmente na primeira metade do século XII, altura em que foi construído o recinto amuralhado, ao que tudo indica aproveitando uma alcáçova que existiria no local e uma primitiva igreja. A cerca da vila foi erguida apenas no último quartel do mesmo século. A torre de menagem, foi construída durante o reinado de D. Dinis, em 1325. Os paços e a segunda Igreja de Nossa Senhora da Pena são obra do mesmo monarca. Há autores que atribuem a construção deste templo ao rei D. João I.
Junto à Igreja de São Pedro terão sido construídos os Paços de D. Dinis e da Raínha Santa. No início do século XVI D. Manuel mandou construir uma sacristia, entre a capela-mor da igreja e a torre sineira.
Situado num monte panorâmico, a vista alcança inúmeras terras ao seu redor. A sua planta é poligonal irregular. As muralhas que envolvem o castelo são rematadas por merlões quadrangulares. Para maior protecção dos lados Norte e Este, em que as muralhas eram mais fáceis de transpor, foi construída uma barbacã (um muro mais baixo do que as muralhas, construído à sua frente) e uma cerca avançada.
As muralhas da antiga vila medieval prolongam-se do lado Este, com uma entrada através de uma torre com grandes frestas.
Na muralha do lado oposto, temos a Porta da Traição. Numa das plataformas mais elevadas, encontra-se a Torre de Menagem, que é um pequeno recinto muralhado. Esta torre apresenta três pisos, paredes largas, merlões quadrangulares e terraço.
Para reforçar as defesas, foi construído no outro extremo uma torre de vigilância. Os Paços reais foram construídos sobre a muralha alcantilhada. Estes apresentam planta rectangular, dois conjuntos laterais de quatro pisos com torres ameadas como reforço e um corpo central com três pisos. O último piso reserva um embelezamento com arcos ogivais abertos acima de uma linha de frestas também ogivais.

Situada no interior das muralhas que circundam o castelo, a Capela de Nossa Senhora da Pena foi edificada em substituição de uma primitiva igreja que havia no local. A sua arquitectura exibe uma nave rectangular, uma abóbada de sete panos e uma capela-mor com abside poligonal. As suas cinco frestas geminadas deixam entrar a luz. O seu portal é ogival, com cinco arquivoltas assentas em colunas de feitio liso. Os remates da capela-mor são merlões. Exibe contra-fortes de vários andares. As suas paredes laterais apresentam dois túmulos escavados. Outrora existia ainda uma torre em anexo, onde posteriormente foi colocado o sino.

A cortina de muralhas que em tempos mais remotos era a protecção da povoação (junto do castelo) apresenta forma irregular e tem praticamente em toda a sua extensão a barbacã que reforçava a segurança. Esta linha defensiva apresentava também alguns torreões que aumentavam a protecção. Existia duas portas, a Porta do Sol (no local onde se fez a Torre da Sé) e a Porta dos Castelinhos abraçada por duas torres. Ainda hoje, a porta que leva ao interior do castelo é também ladeada por duas torres."
Salomé Joanaz e Renato Soares

As Lendas do Castelo
"Existem três lendas, no imaginário local, envolvendo o castelo:
Segundo uma, estando o castelo em posse dos Mouros, preparava-se o rei D. Afonso Henriques para retomá-lo. Ao observar os corvos que esvoaçavam sobre o castelo, pareceu-lhe que repetiam "agora não, amanhã de manhã". Por essa razão, aguardou até ao amanhecer para desferir o ataque, logrando retomar o castelo.
Uma outra lenda refere que sob o castelo existe um vulcão adormecido, responsável pelo aquecimento da água da fonte quente.
A última assegura que existe uma passagem secreta subterrânea que permite a comunicação do castelo com uma igreja, do lado oposto da cidade."

E a lenda mais importante:
A Princesa Zara
"Era uma vez nos tempos já muito distantes do Rei Afonso, que do norte vinha para o Sul, conquistando terras e mais terras que estavam na posse da moirama, chegou ele às proximidades de Leiria cuja terra conquistou também.
Aqui construiu um castelo rouqueiro, que entregou à guarda dos seus guerreiros, abalando à conquista de mais terras, a construir um Portugal maior.
Os mouros sabendo do castelo pouco guardado, voltaram e, após uma luta porfiada, venceram os guardas do castelo e tomaram-no.
Passou a ser por essa altura, seu guardião, um velho mouro que vivia com sua filha, uma linda moura de olhos esmeraldinos e louros cabelos entrançados, chamada Zara.
Um dia, já o sol se escondia no horizonte sob nuvens acobreadas, a linda moura, estava à janela do castelo voltada ao Arrabalde, a pentear os cabelos encanecidos de seu velho pai, quando viu ao longe uma coisa que lhe pareceu estranha, mesmo muito estranha.

Que viu a linda princesa castelã, de olhos verdes de esmeralda? Viu o mato a deslocar-se de um lado para o outro e também em direcção do castelo.
Foi então que a linda princesa castelã perguntou ao seu velho pai: “Oh! Pai, o mato anda?” Ao que o pai da linda princesa, respondeu: “Anda, sim, minha filha, se o levam.”
E o mato era levado, sim, mas pelos guerreiros cristãos do Rei Afonso, que se escondiam atrás de paveias de mato que cortaram e ajuntaram para avançarem para o castelo sem serem vistos.
E avançaram, avançaram cautelosamente, até que já próximo da porta chamada da traição, correram, passaram-na lestamente e conquistaram o castelo.
Nunca mais se soube da linda princesa de olhos verdes, nem de seu velho pai, que era o Governador, mas, a partir desse dia, Portugal ficou maior."

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