domingo, 27 de abril de 2008

As imagens da semana

Nem sempre são boas fotografias nem boas opções de passeio. Também existe o outro lado, o da revolta, da tristeza e desilusão. Pois bem, apesar de ser um espaço impressionante, não aconselho a visita a ninguém.
Há muito tempo que queria visitar o Palácio Nacional de Queluz e aproveitamos o facto de a entrada ser gratuita aos domingos e feriados (até 14h00), e fomos na passada sexta-feira. Mas nada me preparou para o que iria encontrar: um Palácio magnífico (em França seria um Versailles!) mas em completo estado de degradação. E com um brinde: um pequeno papel informava que nos jardins realizavam-se trabalhos de recuperação, integrados num projecto, com a duração de seis anos!
A falta de tudo, nomeadamente de profissionalização dos técnicos de apoio ao museu, fez com que, ao sair, só tivesse vontade de chorar, por este país, por todos nós...
Como pode haver tamanha irresponsabilidade perante o nosso património? Como pode existir não sei quantos milhões para uma cimeira que ninguém queria e para recuperar/manter o que faz parte da nossa história, não há? Quem consegue deter estes criminosos que "pulam" e regozijam nos lugares de poder de um país em auto-destruição? Grandes FDP!
A seguir fomos procurar, sob um calor imenso, um local que a imprensa dizia muito cool (e que tinha deixado um comentário no respectivo blogue dizendo que gostaria de almoçar por lá - pois no dia feriado íamos visitar o Palácio - e se tinham algo para uma vegetariana. E disseram para aparecer) e quando encontramos a casa e espreitamos pela porta, uma placa dizia: sem almoço por falta de stock... Mas o que está acontecer? Será que as pessoas não tem um mínimo de respeito pelos outros? Caro FB, podem ser um imenso caso de sucesso mas, para mim, já tiveram um falhanço fenomenal!
Para esquecer TUDO e não mais voltar!
Pronto, há dias maus para compensar todos os outros muitos bons...


Impressiona...

A Sala da Música.

A Princesa D. Maria Francisca Benedita, irmã da Rainha D. Maria I.

Os brinquedos da Princesa.

Os aposentos da Princesa.

Os tectos são deslumbrantes...

Esta seria a sala de estudo da Princesa.

"O ábaco é um antigo instrumento de cálculo, formado por uma moldura com bastões ou arames paralelos, dispostos no sentido vertical, correspondentes cada um a uma posição digital (unidades, dezenas,...) e nos quais estão os elementos de contagem (fichas, bolas, contas,...) que podem fazer-se deslizar livremente. Teve origem provavelmente na Mesopotâmia, há mais de 5.500 anos. O ábaco pode ser considerado como uma extensão do acto natural de se contar nos dedos. Emprega um processo de cálculo com sistema decimal, atribuindo a cada haste um múltiplo de dez. Ele é utilizado ainda hoje para ensinar às crianças as operações de somar e subtrair."

A Sala de Fumo.

"Função que tinha na segunda metade do séc. XIX, época em que o acto de fumar fazia parte do quotidiano da corte, após a refeição."

A sala de Chá.

Com um serviço bem protegido...

A Sala das Refeições.

Sala dos Ajulezos.
Corredor das Mangas (aqui seriam guardadas as mangas de vidro para protecção das velas).

A Sala da Tocha.
"O nome recorda a função original deste espaço que se encontra actualmente mobilado com um dos três estilos decorativos portugueses mais representativos do Palácio: o estilo D. José."
A Sala dos Archeiros.
"Também chamada do «Corpo da Guarda», era a entrada nobre do Palácio. Encontra-se actualmente mobilada em estilo D. Maria."
Um lustre majestoso...

A Sala dos Particulares.
"Usada no tempo do Príncipe D. João (1792-1801) como sala de espera dos camaristas. No tempo de D. Luís (1838-1839) e de D. Carlos (1863-1908), foi utilizada para Sala de Reuniões ou Biblioteca. Actualmente está mobilida no estilo Império, usado também no Palácio de Queluz no início do séc. XIX."

A Sala dos Embaixadores.
"A construção decorreu entre 1754 e 1752. Originalmente designada por Barraca Rica, Sala das Colunas, dos Serenins e Galeria, passou a ser conhecida, depois de 1794, durante a regência do príncipe D. João (1767-1826), por Sala das Talhas e Sala dos Embaixadores. A tela central representa a Família Real participando num serenin ou serenata ao qual preside o Rei D. José e a Rainha D. Mariana Vitória."

"A existência de dois espaços para trono, delimitados pelas colunas em espelho, justifica-se pelas suas funções em que a rainha e o rei eram acompanhados pelos Príncipes do Brasil, título porque eram conhecidos os Príncipes Herdeiros. Completa a decoração desta sala um conjunto de grandes vasos de porcelana da China."

A Sala das Açafatas (Lustre Cristal Murano, início séc. XIX).
"Sala em que as açafatas e as aias ao serviço das rainhas D. Maria e D. Carlota Joaquina aguardavam ordens."
Magnífico!

Quarto de D. Quixote.
"Construído em 1759 e 1774, contém pinturas com cenas da vida de D. Quixote de La Mancha."

"Usado inicialmente como sala de café e posteriormente como quarto de dormir, aqui nasceram os filhos de D. João VI e de D. Carlota Joaquina e aqui morreu, em 1834, o Rei D. Pedro IV."

A beleza de cada recanto é extraordinária.

A opolência da corte no seu esplendor.

Uma janela para os jardins (em trabalhos de manutenção durante seis anos!) ilumina alguma réstia de esperança para este maravilhoso espaço.
Que possa ser "salvo" antes que seja tarde demais...

8 comentários:

ldr disse...

Olá, gostava de saber se posso publicar a sua opinião aqui http://donamaria.queluz.org

(com referência ao blog)

Maria Lua disse...

Olá Luís,

se achar de interesse publicar a minha opinião sobre o Palácio, força!
Se mudar uma vírgula que seja para alterar o estado em que este Magnífico Palácio se encontra, ficarei feliz. Mas mesmo que não altere nada, já me darei satisfeita por alguém "ouvir" o meu grito de tristeza por este abandono/indiferença de tão importante espaço.
Sim, agradeço que faça referência ao blogue.
Obrigado pela visita e volte sempre.

Anónimo disse...

Maria a reportagem sobre o Palacio esta muito boa, adorei a aula de história.

Maria Lua disse...

Anónimo,

obrigado pelas palavras, mas o mérito é todo do Palácio, pela sua beleza e grandiosidade!
E volte sempre.
:-)

Anónimo disse...

concordo plenamente com esta publicação, sou um aluno de artes de évora e fui no dia 20 de fevereiro ao palacio de queluz e apesar de achas uma coisa linda, achei estar em muito mau estado, também fomos avisados das construções em progresso mas não vi nada, penso que os tais seis anos ainda estão para vir. contudo acho um sitio interessante para quem é interessado na história e conhecer um pouco o estilo rococó

Maria Lua disse...

Obrigado último Anónimo.
Infelizmente, e neste caso, detesto ter alguma razão, mas o estado de abandono/desinteresse é visível e profundamente triste neste belo monumento...
:-(

Luiz disse...

Prezada

Em 2009 estive no palácio de Queluz e sinceramente me emocionou muito ao visitar o quarto onde nasceu e faleceu nosso imperador Pedro I, Pedro IV em Portugal, mas se serve de consolo, ao contrario dos brasileiros, os portugueses não sofrem de amnésia histórica... Aqui só lembramos dos últimos 20 anos.... Ter um piloto de formula um (senna) como herói nacional e jogar 500 anos no lixo... Portugal e maravilhoso de qualquer jeito...

Luiz Fernando Brusamolin - Curitiba - Brasil

Maria Lua disse...

Olá e obrigado pela sua visita Luiz Fernando Brusamolin.
Temos de ser nós a preservar a memória histórica do nosso país, seja em Portugal ou no Brasil.
Parece que o belo Palácio teve melhoramentos, não voltei para o afirmar mas fico feliz que assim seja. Parece que existem muitas pessoas, seja em Portugal ou no Brasil, que fazem um excelente trabalho na protecção e salvaguarda da nossa história. Ainda bem! Obrigado e volte sempre.