Viver isolado faz tão mal como fumar 15 cigarros por dia
Análise a mais de 300 mil pessoas pesou o papel das relações sociais na saúde: se são fortes, o risco de mortalidade reduz 50%
É mais fácil saber quantos amigos tem em média um utilizador do Facebook (130, já agora) do que perceber quantas amizades tem um português, ou mesmo qual o estado das relações sociais na Europa - a última análise do Eurostat sobre o perfil do homem e da mulher, de 2008, não diz nada sobre relações sociais, apenas sobre temas como ser obeso ou fumar, trabalho e lazer, ou como uns e outros utilizam o computador.
A tarefa vã é parte do problema, mas isto é começar pelo fim. Investigadores da Universidade Brigham Young, em Provo, Utah, publicam esta semana na revista científica "PLoS Medicine" uma análise a mais de 148 investigações sobre o impacto da vida social na mortalidade. Os resultados lançam uma nova campanha para introduzir amigos e família nas preocupações das políticas de saúde pública: descobriram que uma fraca interacção social reduz 50% a taxa de sobrevivência, o equivalente a fumar 15 cigarros por dia. Viver mais isolado é ainda duas vezes mais prejudicial que ser obeso, e o mesmo que ser alcoólico ou não fazer exercício.
Cada idade tem uma taxa de mortalidade associada. O que os investigadores fizeram neste novo estudo foi cruzar os dados para tentar chegar a uma associação entre o grau de relacionamento social de 308 849 pessoas e a idade com que morreram, excluindo à partida situações de suicídio ou acidente.
Na base do trabalho, explicam no artigo científico, está o facto de há duas décadas se saber que as relações sociais influenciam a mortalidade, mas não haver ainda um reconhecimento desta dimensão como factor de risco, mas também a percepção de que a interacção social nas sociedades industrializadas tem diminuído, com menos interacções intergeracionais e a primazia dada à carreira.
Julianne Holt-Lunstad, uma das autoras, explica ao i que foi possível concluir que as probabilidades de sobrevivência são influenciadas - independentemente de idade, sexo, estado civil ou de saúde - pela magnitude das relações sociais, e que viver isolado representa um risco de 50%. Entendem por isso que, perante estes resultados, este factor não pode continuar a ser ignorado nas investigações populacionais e nas iniciativas de saúde pública. Uma boa rede social, afirmam, é comparável a comportamentos como deixar de fumar, e uma má rede excede os riscos de inimigos conhecidos como a obesidade ou o sedentarismo.
Definir o que é uma interacção social forte foi uma das partes mais difíceis. Numa análise segmentada dos vários estudos, perceberam que aqueles que contemplavam mais indicadores sociais como o número de amigos próximos, a força dos laços familiares ou o envolvimento em grupos comunitários anteviam um peso ainda maior desta dimensão: até 91% de acréscimo na probabilidade de sobrevivência. Também não é possível concluir se as interacções virtuais contam tanto como as tradicionais. "Os investigadores não perguntaram directamente por elas, mas é provável que alguns participantes as tenham incluído. Essa noção só se tornou mais comum nos últimos dez anos", diz Holt-Lunstad.
In Jornal I
2 comentários:
Olá,MARIA LUA
Bons olhos a "vejam". Olhe,Maria Lua,faz-se o que nos é permitido fazer,a mais não se é obrigado. Uns dizem que tempo é dinheiro,
outros que é ouro de muitos quilates,pelo que tem de ser muito bem tratadinho.
Muito boa saúde,Maria Lua,e muito obrigado.
Boa tarde MSG,
já tinha saudades, neste Mundo Virtual, da sua presença!
Obrigado pela visita/comentário.
Pois, o tempo, foge tão depressa...
:-)
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