Água canalizada versus engarrafada
Algumas cidades vetam venda de plástico
Segundo um estudo do Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR), realizado em 2008, três quartos dos portugueses consomem água engarrafada, embora a da rede tenha boa qualidade para o efeito. Em 2009, a preferência pela garrafa reduziu substancialmente e em 2010 ainda mais.
Apesar de já se falar há algum tempo sobre o consumo excessivo da água engarrafada, especialmente em países onde a água da rede, na maioria das cidades, é perfeitamente potável, ainda há consumo excessivo e desnecessário do produto, segundo os ambientalistas.
As maiores críticas recaem sobre o facto de milhares de toneladas de plástico serem consumidas para produzir embalagens e muitas emissões de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera serem feitas durante o transporte.
Nos Estados Unidos, por exemplo, Jean Hill, um activista de 82 anos convenceu os vizinhos e dirigentes municipais de Concord a votar contra a venda de água engarrafa na cidade. O movimento foi rapidamente aplaudido por ambientalistas, que propuseram disseminar a ideia no Estado e até em todo o país. No entanto, restam dúvidas sobre a legalidade da medida, já que pode constituir um atentado à liberdade de comércio ser rejeita a ir a tribunais, caso os fabricantes assim o decidam.
Um artigo do «Bosto Globe» observou que a indústria já demonstrou resistência e executivos do sector reagiram argumentando que a medida pode levar as pessoas a beber menos água, o que é prejudicial para a saúde e é injusto condenar apenas um produto, quando muitos outros geram resíduos plásticos. Mesmo assim, mais de cem cidades norte-americanas reduziram a compra da garrafa. A cidade australiana de Bundanoon também decidiu vetar a venda.
Em Portugal, os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento facultam relatórios baseados em estudos laboratoriais sobre o controlo da qualidade da água de consumo humano, com resumo estatístico dos resultados obtidos em torneiras de consumidores sobre o tratamento e análise de águas potáveis.
Os Estados Unidos são dos países que mais optam pela garrafa (26 milhares de litros), mas logo a seguir – refere um estudo publicado pelo Earth Policy Institute –, estão os mexicanos (18 milhares) e os chineses e brasileiros (com 12 milhares). Na Europa, os italianos conseguem ultrapassar os americanos, com 184 litros por ano e por pessoa.
Os mais cépticos desconfiam de restos de substâncias medicamentosas ou outras nas canalizações. Como alternativa, há ainda quem opte por filtros e purificadores de água domésticos. A venda destes dispositivos aumentou a partir de 2009.
Uma garrafa de água pode sair cem a 200 vezes mais cara do que a da rede, nalguns países. A reciclagem é o método mais sustentável para lidar com o consumo do plástico, mas determinados países não têm estruturas próprias para a fazerem.
Muitas garrafas vazias são exportadas e tratadas noutros países, como na China, por exemplo. A água canalizada permite economizar pelo menos dez quilos em substâncias poluentes. Mas algumas empresas de águas avançam que apostam em eco-embalagens e afirmam investir para tentar atingir 50 por cento de PET de embalagens recicladas.
In Ciência Hoje
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