segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Mais de dois terços da população adulta tem peso a mais

Segundo os dados de um recente estudo, publicado revista científica «PLOS ONE», mais de dois terços da população adulta possui valores de índice de massa corporal acima do que é desejável, sendo que grande parte da prevalência se refere à pré-obesidade.

A investigação sobre a prevalência da pré-obesidade e obesidade da população adulta em Portugal Continental envolveu a avaliação de 9 447 pessoas com idades compreendidas entre os 18 e 103 anos. Os resultados deste estudo, coordenado por Luís Bettencourt Sardinha, da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa, revelam que 66,6 por cento dos homens adultos têm pré-obesidade e obesidade (índice de massa corporal superior a 25 e 30 kg/m2, respectivamente), enquanto para as mulheres o valor é ligeiramente inferior, com uma prevalência de 57,9 por cento. Neste conjunto, 19,9 por cento dos homens e 19,8 por cento das mulheres eram obesas. Nas pessoas idosas com idade superior a 65 anos, a prevalência conjunta é superior, 70,4 por cento neles e 74,7 por cento nelas, em que 16,8 por cento de indivíduos do sexo masculino e 21,8 por cento do sexo feminino são obesas.
Quanto à prevalência da obesidade abdominal avaliada através do perímetro da cintura – medida morfológica que assume um papel importante enquanto marcador do tecido adiposo visceral –, as mulheres têm uma prevalência superior comparativamente com os homens, 37,9 por cento e 19,3 por cento, respectivamente.
É reconhecido que um perímetro da cintura elevado está associado a um risco acrescido de doenças cardiovasculares e a uma taxa mortalidade por qualquer causa, quer em adultos como ainda em pessoas idosas. Nas pessoas idosas a tendência mantém-se, com 69,7por cento nelas e 32,1 por cento dos homens com valores acima do que é considerado normal para a morfologia abdominal.
Embora os valores médios do perímetro da cintura sejam superiores nos homens quando comparados com os das mulheres, o facto da Organização Mundial de Saúde identificar o risco de obesidade abdominal acima de 88 centímetros e 102 centímetros para as mulheres e homens, respectivamente, pode explicar a maior prevalência de obesidade abdominal nas mulheres. Merece também especial referência a observação da obesidade abdominal tender a ser mais prevalente com o aumento da idade.

Escolaridade é factor
O estudo indica ainda que pessoas com nível educacional mais reduzido tendem a ter um risco superior para o excesso ponderal. No caso da população portuguesa adulta, comparativamente com pessoas que frequentaram o ensino superior, mulheres e homens com apenas quatro anos de escolaridade têm uma probabilidade superior de serem pré-obesos e obesos.
Segundo os investigadores, os resultados corroboram mais uma vez a necessidade de estratégias selectivas de prevenção que tenham em consideração as desigualdades educacionais, às quais tendem a estar associadas também desigualdades económicas. Ambas têm impacto desfavorável nas opções e na acessibilidade aos comportamentos salutogénicos.

in Ciência Hoje

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