Apesar de não ser tão rico em fibra e antioxidantes como as amêndoas, avelãs, nozes e amendoins, o pinhão é o mais rico em ferro e zinco, dois nutrimentos marcadamente “animais” o que, face à sua elevada fracção proteica (33%), faz dele um alimento a ter em conta para indivíduos estritamente vegetarianos.
A nossa relação com os frutos gordos está longe de ser a ideal. Se com alguns deles vamos mantendo uma relação ocasional, no caso do pinhão parece que só nos lembramos dele no Natal. Este encontro sazonal acaba por ser um contra-senso nutricional, pois se bem sabemos que os frutos gordos possuem gorduras saudáveis, também é verdade que tal se traduz num grande valor calórico. Daí que escolher uma época já de si farta para os consumir em maior quantidade não é a decisão mais sensata do mundo.
Apesar de não ser tão popular como o amendoim ou a noz, o pinhão é provavelmente o fruto gordo com maior ligação ao nosso país, uma vez que é notória a preponderância do pinheiro manso nos nossos recursos florestais, com particular incidência no distrito de Setúbal. O pinhão é igualmente um bom exemplo de vitalidade económica dado que cerca de 95% da sua produção nacional destina-se ao mercado externo.
A principal singularidade do pinhão relativamente aos seus homólogos frutos gordos passa pela maior quantidade de proteína que possui (quase o dobro em alguns casos). Apesar de não ser tão rico em fibra e em alguns antioxidantes como as amêndoas, avelãs, nozes e amendoins, o pinhão é o mais rico em ferro e zinco, dois nutrimentos marcadamente “animais” o que, face à sua elevada fracção proteica (33%), faz dele um alimento a ter em conta para indivíduos estritamente vegetarianos.
O pinhão possui igualmente níveis elevados de fitoesteróis que, aliados ao seu perfil lipídico rico em gorduras mono e polinsaturadas, tornam este fruto gordo especialmente interessante na diminuição dos níveis de “mau” colesterol e, consequentemente, na prevenção de doenças cardiovasculares.
Assim, mais do que acrescentar frutos gordos à fartura das rabanadas, aletrias e restantes exageros natalícios, há que usá-los como arma contra este tipo de abusos e ingeri-los antes daqueles jantares que se seguem a tardes em jejum e que, inevitavelmente, levam a uma ingestão excessiva. Urge redefinir a nossa relação com o pinhão e, à semelhança dos únicos dias em que nos lembramos da sua existência, consumi-lo “quando o homem quiser”.
Pedro Carvalho, nutricionista (pedrocarvalho@fcna.up.pt)
in Lifestyle Público
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