Bancos portugueses ganham 7,7 milhões por dia em comissões
No primeiro semestre do ano, os cinco maiores da banca nacional arrecadaram 1,38 mil milhões de euros em comissões. O valor representa uma subida de 12,6%
As comissões continuam a ser uma rubrica importante nos resultados da banca e o primeiro semestre deste ano não foi excepção. As comissões líquidas dos cinco maiores bancos portugueses - CGD, BCP, BES, Santander Totta e BPI - totalizaram 1,38 mil milhões de euros, o que representa uma subida homóloga de 12,6%. Por outras palavras, ganharam 7,7 milhões de euros por dia só em comissões.
O BCP lidera, com as comissões a ascenderem a 405 milhões de euros no período entre Janeiro e Junho, mais 16,8%. O BES surge na segunda posição com uma subida de 12,5%, para 389,6 milhões de euros. Na terceira posição ficou a Caixa Geral de Depósitos (CGD), com 248,3 milhões de euros de comissões líquidas (+10,5%), seguida pelo Santander Totta com 182,6 milhões de euros (+9,6%) e pelo BPI com 158,3 milhões de euros (+9,1%).
Nos primeiros seis meses deste ano todos os bancos conseguiram fazer crescer a rubrica de comissões, uma situação que não se verificou nos últimos três primeiros semestres, em termos homólogos. Exemplo disso é que, na primeira metade do ano passado, só a Caixa e o BES conseguiram obter uma subida das comissões líquidas, com os restantes bancos a registarem uma quebra. Situação semelhante verificou-se nos seis primeiros meses de 2008 - período em que a banca foi bastante fustigada pela crise financeira mundial. No primeiro semestre desse ano, os cinco arrecadaram no total quase menos 2% em comissões face ao mesmo período do ano anterior.
Comissões de crédito Apesar de, habitualmente, a banca de investimento e a gestão de activos representarem a fatia mais importante dos resultados obtidos nas comissões, na banca comercial as comissões relativas a crédito são, por norma, as mais expressivas.
No entanto, não será o crédito ou, especificamente a habitação, a suportar as subidas das comissões líquidas, garantem fontes do sector. "A recuperação dos mercados poderá justificar isso, mas de certeza que essa subida não é provocada pelo crédito à habitação", adiantou uma fonte do sector bancário, em declarações ao i, que pediu para não ser identificada.
Nos últimos três anos, o governo aplicou um conjunto de leis no sector financeiro com vista a proteger o consumidores. Algumas resultaram na limitação de comissionamento dos bancos. Um exemplo é a lei aprovada há dois anos que veio proibir a cobrança de comissões na renegociação dos empréstimos da casa. Apesar destas limitações, e perante o contínuo crescimento das receitas de comissões, o i questionou alguns bancos sobre se houve alguma compensação. Mas os bancos contactados garantem que não fizeram nenhuma alteração para compensar, por exemplo, a proibição de cobrar comissões na renegociação de crédito à habitação. "Agora praticamente ninguém renegoceia. As condições para os particulares eram muito melhores antes de 2008", afirmou o economista Paulo Soares Pinho.
Ainda assim, nada deve impedir os consumidores de procurarem as melhores condições. "Apesar de, neste momento, poder não ser a melhor altura para renegociar contratos, no futuro os clientes deverão querer fazer mais renegociações, uma vez que essa proibição permitiu que sempre que queira renegociar o spread do seu crédito, o banco não lhe pode cobrar comissões", conclui João Fernandes, economista da Deco.
Bárbara Barroso e Nuno Aguiar
In Jornal I
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