Este domingo abre a época de caça para a rola-brava, espécie que, nos últimos anos, registou uma diminuição em 30% em Portugal. Ao longo de seis semanas, cada caçador pode abater seis aves por dia, mas a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alerta que isso pode causar a extinção da espécie.
A rola-brava (Streptopelia turtur) é uma iguaria gastronómica popular em algumas regiões do país. No entanto, o seu estado de conservação tem vindo a agravar-se. Entre 2004 e 2010 as populações nacionais registaram uma diminuição média de mais de 30%, sendo a única espécie do Censo anual de Aves Comuns – elaborado pelos ornitólogos da SPEA - que se encontra em decréscimo acentuado. Na Europa, o decréscimo da população já alcança os 70%.
Este ano “houve uma diminuição de oito para seis no número de espécimes que se podem caçar por dia. Porém, não achamos que essa medida seja significativa o suficiente”, disse Domingos Leitão, coordenador do programa terrestre da SPEA. “Os próprios caçadores se queixam de que nos últimos 10 anos há menos rolas”, acrescentou.
Actualmente existem aproximadamente 150.000 caçadores registados em Portugal, mas “muitos, infelizmente, ainda não ligam à conservação”, afirmou o membro da associação ambientalista. Segundo a SPEA, na presente época, mesmo que apenas 10% dos caçadores nacionais decida caçar rolas-bravas apenas duas vezes e mate só metade do permitido por lei, isso significará um abate de 90.000 destas aves. Face à situação da rola-brava, uma taxa de abate desta envergadura, em Portugal e nos outros países onde se pode caçar, poderá levar a espécie à extinção.
Por causa disto a associação de protecção às aves, lançou uma campanha nacional que pretende obter uma moratória na caça à rola-brava, por um período de três anos, para que possam ser estudadas as causas precisas do seu desaparecimento.
Fábio Monteiro
in Ecosfera
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