sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Museu da Carris – Lisboa

http://museu.carris.pt

No Museu da Carris, em Lisboa, desde 12 de Janeiro de 1999 que pode descobrir a história por trás desta empresa secular que celebra em 2012 o seu 140º aniversário. Há três núcleos temáticos para explorar. Pique o seu bilhete!

Era uma vez…
Nem sempre a companhia andou sobre rodas… Numa perspetiva cronológica, a Carris começou com carros americanos de tração animal (finais do século XIX), celebrizou-se com os elétricos (que já contavam com uma rede elétrica em 1901 alimentada pela geradora de Santos, hoje o Restaurante Kais), “ascendeu” aos elevadores (que só se tornaram propriedade da empresa na década de 1920) e democratizou-se com os autocarros (a partir de 1944).
Em Santo Amaro já trabalharam lado a lado maquinistas e barbeiros, guarda-freios e alfaiates, condutores e médicos. Tudo trabalhadores da Carris. Mas isso era no tempo em que a estação de Santo Amaro tinha uma “praia” banhada pelo Tejo (princípios do século XX). Ainda hoje os trabalhadores se referem como Praia à zona sul da estação. Conheça os meandros da empresa que mudou a paisagem de Lisboa.

Já faz parte da mobília
O primeiro núcleo do Museu da Carris fala-lhe de história. Tão cedo lhe mostram como eram os gabinetes dos médicos e as salas administrativas no final do século XIX (com mobiliário de época e máquinas de calcular do tamanho de computadores) como o deixam ver com atenção documentos oficiais e oficiosos relacionados com a fundação da Carris, obra dos irmãos Cordeiro, entre eles o escritor Luciano Cordeiro.
É também aqui que é apresentado ao primeiro sistema de passes da Carris (os bilhetes de assinatura). Porque os primeiros passes não tinham fotografias, os motoristas tinham que levar nas suas rotas um livro com as fotos de todos os assinantes.

A Carris e as gentes
No século XX, a Carris era uma empresa autossuficiente. Na tipografia da casa eram impressos os bilhetes. Aqui terá sido feito o passe de Gago Coutinho, uma das peças mais curiosas da exposição permanente do museu. Na carpintaria eram esculpidos os bancos de madeira dos elétricos abertos e em outras oficinas da casa faziam-se os bancos de palhinha dos primeiros elétricos fechados.
Os motoristas e guarda-freios tinham salas de descanso especiais. Os espelhos aí colocados têm hoje lugar de destaque no museu e neles estão escritas as recomendações da Carris aos funcionários.
Antes de chegar ao segundo núcleo do museu, saiba ainda como se deu a eletrificação do sistema. E, a título de curiosidade, passe algum tempo a “descobrir” artefactos como obliteradores, chapas de categoria e sinalizações noturnas.

Bancos dos palermas
Miúdos e graúdos concordam: um dos pontos fortes da visita ao Museu da Carris é andar de elétrico entre os núcleos 1 e 2. É num transporte destes, vermelho aberto e restaurado em 1965 para fins turísticos, com uma decoração entre o kitch e o art déco, que se faz esta pequena viagem.
Em menos de três minutos (e depois de assistir ao guarda-freios “mudar a agulha”) já chegou ao segundo núcleo. É tempo suficiente para perguntar a quem entende da gíria porque é que os bancos laterais dos elétricos são chamados “bancos dos palermas”.

É favor não parar
No núcleo 2 esperam-no todos os modelos icónicos de elétricos e autocarros que materializam a história da Carris. Alguns foram até “protagonistas” de filmes e séries contemporâneos.
O elétrico salão que o recebe à entrada desta nave foi usado nas filmagens da série Equador. Mesmo ao lado está o chamado Elétrico São Luiz (que viajou diretamente de Saint-Louis, nos Estados Unidos da América), estrela do filme Florbela. Terá ainda a oportunidade de ver uma máquina de limar carris e uma recriação de uma subestação elétrica.
Aqui também há espaço para os autocarros. Entre as coqueluches da mostra está o autocarro que Eduardo Nery pintou nos anos 80, no âmbito do projeto Arte em Movimento. Redescubra ainda os autocarros verdes de dois andares e os autocarros abertos.

Restaurar? Não, obrigada
O terceiro núcleo, inaugurado hoje no âmbito das comemorações dos 140 anos da Carris, é dedicado aos autocarros da Carris que saíram de circulação mas ainda não passaram pelo restauro. Estes autocarros “vividos” – dos modernos amarelos aos clássicos laranja passando pelos emblemáticos verdes – são os primeiros de cada série.
O museu ganhou ainda outras aquisições. Com os projetos Residência Artística Tempos de Vista (cinco artistas intervêm num espaço ligado ao Museu da Carris) e o Village Underground (antigos autocarros que dão “lugar” a escritórios modernos de co-work), o museu começa a relacionar-se com novos públicos. E a exposição permanente do museu vai passar a integrar também uma instalação/performance do artista Pedro Castanheiro sobre os sons do museu.
Não vá embora sem assistir ao documentário Linhas com Vida (com testemunhos de trabalhadores da Carris) e sem levar consigo a lembrança da praxe. Ainda mais agora, com a loja acabada de remodelar…

Andreia Melo
in Lifecooler

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